Atraso na produção de vacinas da AstraZeneca põe em causa fornecimento da UE
A União Europeia enfrenta novos constrangimentos na distribuição dos milhões de doses de vacinas contra a covid-19 que comprou e cujo fornecimento dentro dos prazos previstos está comprometido devido problemas de produção.
A AstraZeneca, que produz uma das vacinas contra a covid-19, está a revelar um problema de produção, o que significa que haverá menos doses disponíveis do que as previstas.
Este é o segundo golpe no fornecimento e de inoculação dos cidadãos em vários Estados-membros, depois de as entregas da vacina produzida pela Pfizer-BioNTech terem sido retardadas.
A comissário de Saúde da UE, Stella Kyriakides, expressou "profunda insatisfação" com a notícia.
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Até agora os responsáveis europeus não revelaram publicamente a quantidade de doses em falta, mas uma fonte da UE disse à Reuters, citada pela BBC, que as entregas serão reduzidas para 31 milhões de doses, o que representa um corte de 60%, no primeiro trimestre deste ano.
A AstraZeneca deveria entregar cerca de 80 milhões de doses até 27 até março, de acordo com a mesma fonte. A Comissão Europeia coordenou pedidos para todos os Estados-membros, com vacinas então distribuídas com base no tamanho da população.
A vacina AstraZeneca, desenvolvida com a Universidade de Oxford, ainda não foi aprovada pelo regulador de medicamentos da UE, mas espera-se que receba luz verde no final deste mês, abrindo caminho para a sua aplicação.
Países como Israel, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e até os Estados Unidos estão muito à frente dos países da UE em administração de doses da vacina per capita.
Os meios de comunicação austríacos têm noticiado que apenas 600 mil doses dos dois milhões que a AstraZeneca tinha prometido até final de março chegarão ao país, com os 1,4 milhões a serem entregues até abril. Um atraso que foi considerado "completamente inaceitável" pelo ministro da Saúde austríaco, Rudolf Anschober.
No que diz respeito à vacina desenvolvida pela Pfizer, a empresa norte-americana também cortou o envio nas próximas semanas das doses previstas, alegando que está a aumentar a capacidade de produção na Bélgica. A União Europeia encomendou 600 milhões de doses a esta empresa farmacêutica.
Todos estes atrasos estão já a produzir efeitos negativos na Europa. Em algumas regiões, incluindo no estado mais populoso da Alemanha, Renânia do Norte-Vestfália, e zonas de Itália, foi suspensa a administração da vacina de duas dose por escassez. Os italianos e os polacos ameaçaram tomar medidas legais contra a falta de fornecimento.
Já o governo da Hungria chegou a um acordo para comprar grandes quantidades da vacina desenvolvida pela Rússia, a Sputnik V, que não recebeu a aprovação da UE.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse na quinta-feira que as autoridades estavam a considerar todas as hipóteses ara tentar impedir atrasos futuros nas vacinas. "Todos os meios possíveis serão examinados para garantir o abastecimento rápido, incluindo a distribuição antecipada para evitar atrasos", disse.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e Charles Michel, mantêm, no entanto, que querem ver 70% da população da UE vacinada até ao verão.
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