Ator Adérito Lopes fala sobre "cruel e brutal ato de violência" de que foi vítima
O ator Adérito Lopes, que na noite de terça-feira, 10 de junho, foi agredido quando se preparava para entrar no teatro A Barraca, em Santos, Lisboa, descreveu esta quinta-feira essa agressão como "um cruel e brutal ato de violência, totalmente gratuito".
O ator, que teve de ser suturado no rosto depois da agressão, alegadamente por elementos ligados a um grupo neonazi, explica que faz esta declaração pública "em respeito por todos os que, com genuína preocupação", lhe fizeram chegar palavras de solidariedade.
"Na minha chegada ao teatro, fui absolutamente surpreendido por um cruel e brutal ato de violência, totalmente gratuito, sem que da minha parte tivesse havido qualquer ação em relação à pessoa do agressor ou em relação a qualquer outra pessoa ali presente", lembra, defendendo que "este vil ataque" "tem de ser exemplarmente investigado e punido pela justiça".
Adérito Lopes diz que, além deste comunicado, não pretende pronunciar-se publicamente sobre o que aconteceu "para não prejudicar a investigação". Acrescenta que só na justiça voltará ao assunto. "A minha posição não é motivada por medo, mas pelo facto de entender que é à justiça que cabe resolver este assunto e também por não querer transformar este incidente num trampolim publicitário ou numa oportunidade mediática a favor do agressor e/ou de grupo de que alegadamente fará parte", justifica, agradecendo todas as mensagens de apoio que recebeu nas últimas horas.
As autoridades já terão recolhido indícios que podem ligar o o suspeito de agredir Adérito Lopes ao grupo neonazi Blood & Honour. Fonte ligada à investigação, que está a ser coordenada pela Polícia Judiciária com apoio da Polícia de Segurança Pública (PSP), confirmou ao DN que o identificado tem 20 anos e estará ligado a um grupo de extrema-direita.
Também a ministra da Administração Interna manifestou esta quinta-feira “repúdio absoluto” pelo ataque, considerando-o "um ato inaceitável", e reforçou o compromisso do Governo com a segurança, remetendo a punição deste crime para os tribunais.
Numa declaração à saída do Mosteiro dos Jerónimos, onde decorreu a cerimónia do 40.º aniversário da adesão de Portugal à Comunidade Europeia, Maria Lúcia Amaral quis destacar três pontos sobre esta agressão por um grupo de extrema-direita.
“Em primeiro lugar, o que aconteceu, as suas conotações, os seus fundamentos, a sua natureza, releva de um ato absolutamente inaceitável num país como Portugal. Primeiro ponto, algo que não pode ter outro objeto que não o repúdio absoluto”, disse.
Em segundo lugar, a ministra referiu que o compromisso do Governo “é prevenir, evitar e tudo fazer para que este tipo de atos, quando cometidos, quando não evitáveis, possam ser devidamente sancionados, através de policiamento de proximidade que garanta a segurança e a integridade das pessoas e bens”.
“Terceiro e último ponto, quando se cometem crimes, como foi o que aconteceu, num país como Portugal, que é um Estado de direito, cabe à Justiça, aos Tribunais, de acordo com as leis, devidamente perseguir, devidamente castigar os criminosos”, afirmou, sem querer responder às perguntas dos jornalistas.