Importância da integração europeia e desafios do futuro marcam discursos no Mosteiro dos Jerónimos

Durão Barroso, António Costa, Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa foram ouvidos na cerimónia dos 40 anos da assinatura do tratado de adesão à CEE. E o papel de Mário Soares foi recordado.
Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa assinaram Declaração de Lisboa com a mesma caneta utilizada em 1985.
Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa assinaram Declaração de Lisboa com a mesma caneta utilizada em 1985.Foto: Reinaldo Rodrigues

Marcelo Rebelo de Sousa diz que “vozes que exigiam saída da União Europeia são hoje inaudíveis”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que existe um consenso alargado em Portugal no que toca à integração europeia, aproveitando a intervenção com que encerrou a cerimónia do 40.° aniversário da assinatura do tratado de adesão de Portugal para dizer que ”as vozes que exigiam a saída da União Europeia são hoje inaudíveis” entre os partidos com representação parlamentar. Realçando que Portugal é o único Estado-membro não fundador a ter dois presidentes de instituições comunitárias (o ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o atual presidente do Conselho Europeu, António Costa), Marcelo citou Fernando Pessoa no balanço das quatro décadas de integração europeia - “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena” - e também parafraseou o Papa Francisco, afirmando que “é tempo de sermos todos, todos, todos europeus”, perante a necessidade de garantir paz no continente, o que disse ser a “principal conquista” das instituições comunitárias a que Portugal se juntou há 40 anos.

Programa inclui intervenções de Durão Barroso e António Costa

A cerimónia comemorativa dos 40 anos da assinatura do tratado de adesão de Portugal às comunidades europeias arranca às 10h00 e inclui intervenções do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Mas também haverá discursos de políticos portugueses ligados, no passado e no presente, às instituições comunitárias: o antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o atual presidente do Conselho Europeu, António Costa.

Do programa também consta um vídeo que recordará os já falecidos Mário Soares e Ernâni Lopes, que eram o primeiro-ministro e o ministro das Finanças em 1985.

Mário Soares assinou o tratado que mudou o país e trouxe os fundos de que Cavaco Silva tirou partido

As palavras do então primeiro-ministro Mário Soares, no discurso proferido a 12 de junho de 1985, acerca dos desafios que a integração europeia traria para Portugal, revelaram-se premonitórias. E logo no dia seguinte os ministros sociais-democratas saíram do Governo, levando ao fim do Bloco Central que governara o país nos últimos dois anos.

Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa assinaram Declaração de Lisboa com a mesma caneta utilizada em 1985.
Adesão à CEE. Soares assinou o tratado que mudou o país e trouxe os fundos de que Cavaco tirou partido

Leia o artigo de José Pedro Aguiar-Branco

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A Europa, 40 anos depois

“Conseguimos muito em quatro décadas, mas o caminho ainda não terminou”, diz Maria Luís Albuquerque

Em entrevista ao DN, a propósito dos 40 anos da adesão à União Europeia, a comissária portuguesa diz que o futuro vai passar pela integração dos mercados de capitais e por fusões entre bancos europeus.

Luís Montenegro e Marcelo Rebelo de Sousa assinaram Declaração de Lisboa com a mesma caneta utilizada em 1985.
Maria Luís Albuquerque: “Conseguimos muito em quatro décadas, mas o caminho ainda não terminou”

André Ventura entre os primeiros a chegar aos Jerónimos

O presidente do Chega, André Ventura, foi um dos primeiros políticos a entrar no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, onde decorrerá a cerimónia dos 40 anos da assinatura do tratado de adesão às comunidades europeia. Ventura tem consigo o deputado Rui Paulo Sousa e o deputado europeu Tiago Moreira de Sá.

Durão Barroso também já está na cerimónia 

O antigo primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que será um dos oradores da cerimónia, também chegou ao Mosteiro dos Jerónimos meia hora antes do arranque do programa desta manhã. Outras figuras presentes incluem o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, o lider parlamentar interino do PS, Pedro Delgado Alves, ou o líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio.

Costa descreve assinatura da adesão de Portugal à UE como “passo decisivo”

O presidente do conselho Europeu, António Costa, descreveu esta quinta-feira a assinatura do tratado de adesão de Portugal e também de Espanha à então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia (UE), como um “passo decisivo” para estes países.

“Hoje estarei em Lisboa e Madrid para assinalar os 40 anos da assinatura dos tratados de adesão de Portugal e Espanha à CEE. Um passo decisivo para duas jovens democracias e um marco que reafirmou a integração europeia como um projeto de valores partilhados, de prosperidade e de paz”, escreveu António Costa, numa publicação na rede social X.

Marques Mendes na primeira fila

O antigo presidente do PSD e agora candidato presidencial Marques Mendes está na primeira fila de uma cerimónia prestes a ter início, e na qual também estão os antigos ministros dos Negócios Estrangeiros Luís Amado e Martins da Cruz. Igualmente no claustro do Mosteiro dos Jerónimos encontram-se o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, ou a líder parlamentar da iniciativa Ligeral, Mariana Leitão.

Marques Mendes trocou impressões com outros ex-governantes.
Marques Mendes trocou impressões com outros ex-governantes.Foto: Reinaldo Rodrigues

Cerimónia arranca com hinos de Portugal e da União Europeia

Momentos depois de Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro entraram juntos no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, a cerimónia começou, com a Orquestra Geração a interpretar os hinos de Portugal e da Uniao Europeia.

Orquestra Geração deu início à cerimónia, ouvindo-se os hinos de Portugal e da União Europeia.
Orquestra Geração deu início à cerimónia, ouvindo-se os hinos de Portugal e da União Europeia.Foto: Reinaldo Rodrigues

Carlos Coelho diz que caneta usada em 1985 vai servir para assinar Declaração de Lisboa

O comissário das comemorações dos 40 anos da assinatura do tratado de adesão de Portugal às comunidades europeias, Carlos Coelho, anunciou que a mesma caneta com que ”quatro portugueses ilustres” (Mário Soares, Rui Machete, Ernâni Lopes e Jaime Gama) rubricaram o documento, há precisamente 40 anos, voltará a ser utilizada nesta quinta-feira para que Marcelo Rebelo de Sousa e Luís Montenegro subscrevam a Declaração de Lisboa. Um documento que reforça o empenho de Portugal na construção europeia. “A Europa não é um mero episódio na nossa História”, disse o também vice-presidente do PSD e antigo deputado no Parlamento Europeu.

Vídeo recorda momento da assinatura do tratado

Terminada a intervenção inicial de Carlos Coelho, quem está nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos pode assistir a um vídeo que recorda a adesão e processo de integração de Portugal naquilo que é hoje a União Europeia. Ouve-se aplausos aos já falecidos Mário Soares e Ernâni Lopes.

Durão Barroso diz que a integração europeia “foi um segundo 25 de Abril”

O antigo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, defendeu que a integração europeia “foi um segundo 25 de Abril” para Portugal, na medida em que permitiu que a democracia se consolidasse num país que deixara de ser uma ditadura apenas 11 anos antes, e que passara por um período revolucionário. Além disso, o também antigo primeiro-ministro destacou que o “acontecimento realmente histórico” teve consequências muito positivas para a economia nacional, beneficiando dos “generosos apoios comunitários”, e permitiu potenciar a influência nacional. A esse propósito, destacou o impacto para a causa de Timor-Leste, que em 1985 estava sob ocupação Indonésia, “no meio de uma indiferença quase geral”.

Durão Barroso recordou que a causa de Timor-Leste saiu reforçada pela integração europeia de Portugal.
Durão Barroso recordou que a causa de Timor-Leste saiu reforçada pela integração europeia de Portugal.Foto: Reinaldo Rodrigues

António Costa realça que a adesão “abriu a porta ao desenvolvimento” de Portugal

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, referiu-se ao “ato redundador” de 12 de junho de 1985, com a assinatura do tratado de adesão de Portugal às comunidades europeias, como uma data que “abriu a porta do desenvolvimento”, cumprindo o terceiro “D” da Revolução de Abril, depois da democratização e da descolonização. E destacou a evolução nos indicadores do país, com o PIB per capita a multiplicar-se 11 vezes desde o início da integração europeia, o salário médio a ficar oito vezes maior e o elevado analfabetismo a dar lugar a uma grande percentagem de jovens com cursos superiores. Dizendo que Portugal e Espanha ”acrescentaram democracia” àquilo que hoje é a União Europeia, recordou que neste momento uma dezena de países tão díspares quanto a Ucrânia e a Islândia esperam juntar-se a esse espaço de “valores democráticos, prosperidade e paz”.

Presidente do Conselho Europeu lembrou que uma dezena de países pretendem juntar-se à União Europeia.
Presidente do Conselho Europeu lembrou que uma dezena de países pretendem juntar-se à União Europeia.Foto: Reinaldo Rodrigues

Luís Montenegro destaca papel de Cavaco Silva e alerta para “populismos e extremismos”

O primeiro-ministro Luís Montenegro destacou a “visão europeísta e reformista” de Cavaco Silva, primeiro-ministro durante a primeira década de pertença de Portugal à Comunidade Económica Europeia, para a “dinâmica de contínuo crescimento e profunda transformação” que decorreu da assinatura do tratado de adesão. Num discurso em que fez o balanço de 40 anos, nos quais ”Portugal percorreu um dos mais notáveis trajetos de desenvolvimento da Europa contemporânea”, Montenegro chamou também a atenção para os “sérios desafios” do crescimento dos populismo e extremismos. Contra os que “só querem dividir”, o primeiro-ministro apelou ao empenho de todos ”para continuarmos a construir uma Europa próspera, mais justa e mais influente no Mundo”.

Atual primeiro-ministro realçou papel de Cavaco Silva nos primeiros anos de Portugal na CEE.
Atual primeiro-ministro realçou papel de Cavaco Silva nos primeiros anos de Portugal na CEE.Foto: Reinaldo Rodrigues
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