O presidente da associação ambientalista alerta que existe um “conjunto de situações” que “devem ser planeadas ao longo do ano inteiro” e “não apenas quando o verão chega”.
O presidente da associação ambientalista alerta que existe um “conjunto de situações” que “devem ser planeadas ao longo do ano inteiro” e “não apenas quando o verão chega”.Foto: Damir Babacic / Unsplash

Associação diz que transportes são desafio para turismo nos Açores, mas também para os locais

Diogo Caetano, da Associação Ambientalista Amigos dos Açores afirma que “necessário repensar algumas estratégias”, já que os habitantes coabitam diariamente com os turistas.
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A Associação Ambientalista Amigos dos Açores alerta para a necessidade de repensar o planeamento do turismo na região e aponta os transportes como o “desafio maior” para garantir a sustentabilidade do setor. “O desafio maior são os transportes porque sem os transportes não teríamos em primeiro lugar os visitantes. Depois, as opções dos transportes condicionam e muito a mobilidade, não apenas dos visitantes, mas também dos locais”, afirma Diogo Caetano, em declarações à agência Lusa.

O presidente da associação ambientalista alerta que existe um “conjunto de situações” que “devem ser planeadas ao longo do ano inteiro” e “não apenas quando o verão chega”, defendendo que é preciso “repensar a forma como o turista chega e se desloca nas ilhas”. “Temos um défice de transportes públicos que faz com que a estratégia dos últimos anos tenha dado primazia à viatura individual como solução para se chegar aos sítios”, assinala.

Diogo Caetano apresenta a freguesia das Furnas, na ilha de São Miguel, como um “bom exemplo” de que é “necessário repensar algumas estratégias”, já que os habitantes coabitam diariamente com um “número muito significativo” de turistas. “Não vamos culpar os turistas por alugarem viaturas, nem as ‘rent-a-car’. Temos de pensar é que há uma necessidade imperativa de ter uma estratégia que reduza as viaturas em certos locais para assentar em transportes públicos mais eficazes”.

O presidente da Amigos dos Açores considera que o shuttle implementado na visitação à Lagoa do Fogo pode ser um “modelo a ser estudado” para outros locais em São Miguel como forma de “oferecer alternativas” e “evitar a circulação de viaturas individuais”.

“Ao nível mais ambiental, há um fluxo muito concentrado de pessoas na mesma hora e nos mesmos locais e aí também de haver um trabalho de dispersão e distribuição”, reforça. Em agosto de 2024, o presidente da Câmara da Povoação transmitiu à Lusa a intenção de criar um “grande parque de estacionamento” na entrada das Furnas, de onde saíssem ‘minibus’ (pequenos autocarros) em roteiro pelas zonas turísticas, mas o projeto ainda não foi implementado.

Crescimento x mobilidade

Diogo Caetano reconhece o papel das identidades públicas na promoção de uma nova estratégia para os transportes públicos, mas salienta que a iniciativa privada também poderá ser importante na oferta de acesso às zonas mais visitadas. “Estamos a crescer em número de visitantes, mas não estamos a acompanhar em termos de mobilidade”, sublinha.

O ambientalista salienta, também, que a população flutuante acarreta uma pressão adicional sobre os recursos naturais, sistema de recolha de resíduos e de saneamento, além de fazer “disparar os custos” de bens e serviços em determinadas zonas. O presidente da associação, que é parceira social do Governo dos Açores, propõe que se estudem formas de “proteger habitantes dos maiores problemas, como a escalada dos preços ou a falta de estacionamento”.

“Se para o ano tivermos as mesmas infraestruturas, o mesmo planeamento e a mesma rede de transportes estaremos a agravar problemas e isso também se repercute no sentimento da população”, avisa. Os Açores registaram 4,2 milhões de dormidas em 2024, mais 469 mil do que no ano anterior.

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