“Cortina de fumaça”: associação vê desvio de atenções em medida sobre imigrantes
A notícia de que 18 mil imigrantes vão ser notificados para abandonar Portugal nas próximas semanas, anunciada pelo ministro da Presidência, António Leitão Amaro, já gerou reações entre associações e lideranças da comunidade brasileira - a maior entre os imigrantes residentes no país.
De acordo com Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil de Lisboa (CBL), um dos principais coletivos em defesa dos imigrantes, a medida do Governo nada mais é do que colocar a imigração como "bode expiatório" para "os problemas reais do país".
"Nos parece minimamente coincidente o atual governo anunciar que vai notificar 18 mil imigrantes a abandonarem o país em plena campanha eleitoral e no seguimento de uma notícia de suposta corrupção do primeiro-ministro, com o caso da sua empresa. Fica a pergunta se, mais uma vez, não estão a utilizar a imigração como um bode expiatório e uma cortina de fumaça para os problemas reais do nosso país", refletiu a brasileira em declaração ao DN.
De acordo com Costa, a Casa do Brasil sempre foi "contra a expulsão, prisão ou detenção de imigrantes, sobretudo de forma vexatória e degradante". A ativista lembrou que, embora as notificações já façam parte do processo administrativo, os migrantes têm direito a recorrer: “Esperamos que os direitos deles sejam respeitados e que sejam tratados com dignidade”, sublinhou, expressando preocupação com o tipo de atuação que poderá ser adotada pela Polícia de Segurança Pública (PSP) nas próximas semanas.
Ana Paula Costa ainda referiu a relevância dos imigrantes para a sociedade e economia de Portugal, afirmando que a medida governamental anunciada por Leitão Amaro desrespeita não só quem vem de fora, mas também os próprios portugueses. Por fim, a brasileira também indicou um desvio de foco por parte dos representantes do Governo face às suspeitas de corrupção que levaram o país a mais uma crise política.
"Os imigrantes contribuem, trabalham e são muito importantes para a sociedade portuguesa. Particularmente, acho um desrespeito com os portugueses que vão votar dia 18, porque nesse momento a pergunta é: quais os esclarecimentos sobre a Spinumviva?", finalizou a brasileira.