Primeiro-ministro Luís Montenegro continua sob escrutínio devido ao caso Spinumviva
Primeiro-ministro Luís Montenegro continua sob escrutínio devido ao caso SpinumvivaMIGUEL A. LOPES/LUSA

"Desprezo pela liberdade de imprensa" e "cabeça perdida". Oposição ataca Montenegro e PSD pelo caso Spinumviva

Pedro Nuno Santos afirmou ter ficado “claro” que o primeiro-ministro tentou, ao máximo, atrasar a entrega da lista de clientes da Spinumviva.
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Pedro Nuno Santos, líder do PS, acusou esta sexta-feira Luís Montenegro de querer “intimidar jornalistas” e de ter feito "tudo para atrasar” a divulgação da lista de clientes da Spinumviva, empresa que fundou e que transferiu para os filhos.

O secretário-geral socialista disse ainda que o PSD está a fazer “um ataque à liberdade de imprensa” para evitar que se conheça informação que “devia ter sido declarada há um ano”. Esta sexta-feira, em Torres Vedras, Pedro Nuno Santos afirmou ter ficado “claro” que o primeiro-ministro tentou, ao máximo, atrasar a entrega da lista de clientes da Spinumviva.

“Afinal, Luís Montenegro não queria mesmo revelar todos os nomes dos seus clientes e atrasou ao máximo uma obrigação declarativa, para tentar assegurar que nomes não eram conhecidos até à data das eleições”.

Também Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, acusou o primeiro-ministro de “violar as obrigações legais e formais” ao esconder a lista de clientes da Spinumviva. A coordenadora bloquista denunciou ainda uma tentativa do PSD de desviar atenções com sugestões sobre alegada vigilância a jornalistas, considerando que o partido está “de cabeça perdida”.

Do lado do PAN, Inês de Sousa Real apontou à Aliança Democrática “desprezo pela liberdade de imprensa” e considerou “lamentável” que Montenegro “se incomode com a divulgação da lista de clientes, mas não com o facto de não ter cumprido a lei”.

Já o presidente do Chega acusou o primeiro-ministro de voltar a mentir no caso da empresa Spinumviva, insistindo que não tem condições para se recandidatar ao cargo.

"O primeiro-ministro quis esconder isto do ato eleitoral e quis escondê-lo das pessoas. Isso é grave. Como é que um primeiro-ministro pode ter autonomia e integridade quando sabemos agora que a sua empresa familiar estava a receber dinheiro de entidades que aumentaram a faturação?", questionou André Ventura, antes de iniciar uma arruada em Leiria.

O presidente da IL, Rui Rocha, assumiu-se "chocado" com a sugestão do deputado do PSD Hugo Carneiro para que as autoridades judiciárias procurem revelar as fontes de informação que divulgaram clientes da empresa familiar do primeiro-ministro. "Choca-me profundamente que um deputado da nação, que, aliás, respeito e [com quem] tenho uma boa relação, que ponha sequer a hipótese de que haja algum tipo de perseguição ou de tentativa de perseguição de quem fez o seu trabalho de jornalista".

De resto, Rui Rocha salientou ainda que o primeiro-ministro e presidente do PSD tem tido um comportamento que "atrasa sempre a prestação de informação, os esclarecimentos aos portugueses e as questões da transparência".

A controvérsia agravou-se após o Expresso revelar uma nova declaração entregue por Montenegro à Entidade para a Transparência, na qual adicionou sete empresas à lista de clientes da Spinumviva, poucas horas antes do debate com Pedro Nuno Santos.

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Montenegro atualiza declaração de interesses e revela novos clientes da Spinumviva

Na quinta-feira, depois de terem sido divulgados os novos dados, o deputado do PSD Hugo Carneiro pediu ao Grupo de Trabalho do Registo de Interesses no parlamento que peça à Entidade para a Transparência os registos de quem acedeu aos dados sobre o primeiro-ministro, de forma a descobrir quem partilhou a informação com a imprensa.

O PS, através do seu porta-voz, Marcos Perestrello, rejeitou responsabilidades na divulgação da nova lista de clientes da Spinumviva, depois de o deputado Pedro Delgado Alves ter admitido que consultou o processo.

Também o Sindicato dos Jornalistas (acusou esta sexta-feira o deputado social-democrata Hugo Carneiro de ameaça à liberdade de imprensa, por sugerir às forças policiais que procurem revelar as fontes de informação que divulgaram clientes da empresa familiar do primeiro-ministro.

* Com Lusa

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Caso Spinumviva. Sindicato dos Jornalistas acusa deputado do PSD de ameaça à liberdade de imprensa

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