Livraria de Coimbra contesta encerramento com banca de tangerinas

A proprietária de uma livraria de Coimbra está a protestar contra o encerramento das livrarias, devido à pandemia por covid-19, com a criação de uma "vitrine manifesto" que inclui um livro, tangerinas, cenouras e produtos de limpeza.
Publicado a
Atualizado a

Devido ao estado de emergência que vigora no país, as livrarias independentes permanecem encerradas ao público, situação que é contestada pela Rede de Livrarias Independentes e também por Sofia Correia, da Livraria Faz de Conto, em Coimbra.

Para dar nota pública do descontentamento, na terça-feira, a livreira criou uma vitrina "que podia ser a de uma mercearia, mostrando que, para vender livros, precisava também de vender tangerinas ou detergente da loiça". Sofia Correia contou esta quinta-feira à agência Lusa que na 'vitrine manifesto' misturou "tangerinas, cenouras e produtos de limpeza" com um livro (ao centro) para chamar a atenção do público em geral que "as livrarias independentes não podem abrir". "As livrarias que só vendem livros não podem abrir, mas outros estabelecimentos que vendam revistas, os hipermercados, [as] tabacarias, esses podem vender livros, mas quem vende livros, não o pode fazer", afirmou.

A empresária disse tratar-se de uma "incongruência" que gera "muita confusão nas pessoas e uma incompreensão total" da sua parte e dos outros livreiros que estão com os estabelecimentos encerrados. "Houve um desconfinamento do livro, e a meu ver muito bem, porque acho que o livro deve estar disponível para quem o quer comprar, mas há aqui uma concorrência desleal com as livrarias independentes e isso é que me fez criar esta 'vitrine manifesto', um bocadinho diferente, para poder ser uma 'vitrine' de uma mercearia, mas não é. É de uma livraria", explicou.

Em relação a reações à iniciativa, a livreira contou à Lusa que tem recebido "muitas mensagens". "A maior parte [das pessoas] concorda com a 'vitrine', que não faz sentido nenhum esta situação, estarem a vender livros num hipermercado, mas depois, nas livrarias, não o poderem fazer". Outras pessoas reagiram com "completa estupefação" e surpresa, porque não sabiam que umas livrarias estavam abertas e outras não e, "muitas pessoas", apoiam a causa e dão "força", relatou.

Sofia Correia espera que na aprovação do próximo estado de emergência a situação das livrarias independentes "seja alterada", indicando que "o público e os leitores concordam que as livrarias devem abrir". A responsável apela para que o livro seja considerado "um bem essencial" e que as livrarias "abram em igualdade de direito com as que já estão abertas".

A livraria de Coimbra dedicada aos livros ilustrados continua a receber encomendas 'online' e através do site www.fazdeconto.pt e a "fazê-las chegar às casas da cidade e de toda a Europa", indicou a proprietária do espaço que fica localizado no Exploratório - Centro Ciência Viva Coimbra.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt