Doze dos 64 detidos na terça-feira passada pela Polícia Judiciária suspeitos de pertencerem a um grupo transnacional organizado que terá obtido cerca de 14 milhões de euros através de phishing, ficaram em prisão preventiva, segundo o Ministério Público.No passado dia 16, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de 64 suspeitos no âmbito da “Operação Pivot”, com 73 buscas domiciliárias em várias zonas do país, por fortes suspeitas de crimes informáticos, de burla qualificada e de branqueamento de capitais.Na sua página na Internet, o MP afirma que apresentou a primeiro interrogatório judicial 22 cidadãos de nacionalidade sueca, portuguesa, brasileira e angolana, no âmbito de uma investigação dirigida contra um grupo organizado dedicado à prática de fraudes bancárias em larga escala, tendo 12 deles ficado em prisão preventiva.O MP adianta que os arguidos são indiciados de integrarem uma associação criminosa que, através de campanhas de ‘smishing” (tipo de phishing – obtenção ilegal de dados pessoais - que utiliza mensagens de texto SMS) e de “vishing” (através de telefone), “se apropriava indevidamente de credenciais bancárias de cidadãos, sobretudo suecos idosos, acedendo às respetivas contas para movimentar fundos sem consentimento e dissipá-los em benefício próprio”.Os factos são suscetíveis de integrar a prática dos crimes de associação criminosa, burla qualificada, abuso de cartão ou dados de pagamento, acesso ilegítimo e branqueamento de capitais, refere o MP.Além dos detidos apresentados a primeiro interrogatório judicial, o inquérito tem ainda constituídos mais de quatro dezenas de outros arguidos, os quais se encontram sujeitos às obrigações decorrentes do Termo de Identidade e Residência.A realização das diligências de investigação no inquérito, em segredo de justiça, está a cargo da Polícia Judiciária.De acordo com os dados avançados pela PJ na terça-feira passada, aquando das detenções, o esquema “consistia na angariação de vítimas, todas de nacionalidade sueca, na generalidade com idades superiores a 65 anos”, acrescentando que os suspeitos convenciam as vítimas a fornecer os respetivos códigos de acesso às contas bancárias - método conhecido como ‘phishing’.Numa fase seguinte, eram feitas transferências para contas sediadas em Portugal e noutros países e, posteriormente, esses valores eram retirados dessas contas.O grupo criminoso é composto por um núcleo principal e, segundo a Polícia Judiciária, todos os elementos deste grupo central são de nacionalidade sueca e viviam e atuavam em Portugal.Além das burlas informáticas, estes elementos “angariaram largas dezenas de ‘money mules’, que abriam ou cediam as suas contas bancárias para ocultar e dissipar os montantes ilicitamente obtidos, contribuindo, assim, para o branqueamento de capitais”.Durante as buscas feitas durante a operação, a PJ apreendeu documentação e material informático “que corroboram os indícios de crime praticados” e conseguiu ainda apreender carros de alta cilindrada, joias e relógios valiosos.Esta foi uma investigação conjunta, entre a PJ e a polícia sueca, e contou também com a colaboração da Europol e Eurojust, que acompanharam as buscas feitas em Portugal.Segundo a PJ, o grupo, cujo alegado núcleo duro reside no Algarve, é suspeito de, a partir de 2023, ter burlado cerca de 5.100 cidadãos suecos a partir de Portugal.Os cidadãos lesados acabariam por, após falarem com falsos gerentes bancários, fornecer credenciais de acesso às suas contas bancárias e, em alguns casos, o acesso remoto a computadores onde acediam a serviços financeiros, permitindo aos burlões apropriar-se de dinheiro.