12 dos 64 detidos na "Operação Pivot" ficaram em prisão preventiva
Jorge Firmino/Global Imagens

12 dos 64 detidos na "Operação Pivot" ficaram em prisão preventiva

Arguidos são indiciados de integrarem grupo organizado que, através de campanhas de smishing e vishing, “se apropriava indevidamente de credenciais bancárias de cidadãos, sobretudo suecos idosos”.
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Doze dos 64 detidos na terça-feira passada pela Polícia Judiciária suspeitos de pertencerem a um grupo transnacional organizado que terá obtido cerca de 14 milhões de euros através de phishing, ficaram em prisão preventiva, segundo o Ministério Público.

No passado dia 16, a Polícia Judiciária (PJ) anunciou a detenção de 64 suspeitos no âmbito da “Operação Pivot”, com 73 buscas domiciliárias em várias zonas do país, por fortes suspeitas de crimes informáticos, de burla qualificada e de branqueamento de capitais.

Na sua página na Internet, o MP afirma que apresentou a primeiro interrogatório judicial 22 cidadãos de nacionalidade sueca, portuguesa, brasileira e angolana, no âmbito de uma investigação dirigida contra um grupo organizado dedicado à prática de fraudes bancárias em larga escala, tendo 12 deles ficado em prisão preventiva.

O MP adianta que os arguidos são indiciados de integrarem uma associação criminosa que, através de campanhas de ‘smishing” (tipo de phishing – obtenção ilegal de dados pessoais - que utiliza mensagens de texto SMS) e de “vishing” (através de telefone), “se apropriava indevidamente de credenciais bancárias de cidadãos, sobretudo suecos idosos, acedendo às respetivas contas para movimentar fundos sem consentimento e dissipá-los em benefício próprio”.

Os factos são suscetíveis de integrar a prática dos crimes de associação criminosa, burla qualificada, abuso de cartão ou dados de pagamento, acesso ilegítimo e branqueamento de capitais, refere o MP.

Além dos detidos apresentados a primeiro interrogatório judicial, o inquérito tem ainda constituídos mais de quatro dezenas de outros arguidos, os quais se encontram sujeitos às obrigações decorrentes do Termo de Identidade e Residência.

A realização das diligências de investigação no inquérito, em segredo de justiça, está a cargo da Polícia Judiciária.

De acordo com os dados avançados pela PJ na terça-feira passada, aquando das detenções, o esquema “consistia na angariação de vítimas, todas de nacionalidade sueca, na generalidade com idades superiores a 65 anos”, acrescentando que os suspeitos convenciam as vítimas a fornecer os respetivos códigos de acesso às contas bancárias - método conhecido como ‘phishing’.

Numa fase seguinte, eram feitas transferências para contas sediadas em Portugal e noutros países e, posteriormente, esses valores eram retirados dessas contas.

O grupo criminoso é composto por um núcleo principal e, segundo a Polícia Judiciária, todos os elementos deste grupo central são de nacionalidade sueca e viviam e atuavam em Portugal.

Além das burlas informáticas, estes elementos “angariaram largas dezenas de ‘money mules’, que abriam ou cediam as suas contas bancárias para ocultar e dissipar os montantes ilicitamente obtidos, contribuindo, assim, para o branqueamento de capitais”.

Durante as buscas feitas durante a operação, a PJ apreendeu documentação e material informático “que corroboram os indícios de crime praticados” e conseguiu ainda apreender carros de alta cilindrada, joias e relógios valiosos.

Esta foi uma investigação conjunta, entre a PJ e a polícia sueca, e contou também com a colaboração da Europol e Eurojust, que acompanharam as buscas feitas em Portugal.

Segundo a PJ, o grupo, cujo alegado núcleo duro reside no Algarve, é suspeito de, a partir de 2023, ter burlado cerca de 5.100 cidadãos suecos a partir de Portugal.

Os cidadãos lesados acabariam por, após falarem com falsos gerentes bancários, fornecer credenciais de acesso às suas contas bancárias e, em alguns casos, o acesso remoto a computadores onde acediam a serviços financeiros, permitindo aos burlões apropriar-se de dinheiro.

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