"Passos não merece sanções, Costa ainda não merece e não merecerá"

Presidente da República comenta assim os avisos do vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela pasta do Euro
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Foi assim que Marcelo Rebelo de Sousa respondeu quando foi questionado pelos jornalistas sobre as declarações de Valdis Dombrovskis em entrevista ao Der Spiegel, publicada hoje.

O Presidente da República enalteceu a "unanimidade" em Portugal face a eventuais sanções de Bruxelas por défice excessivo e, neste ponto, defendeu os executivos de Passos Coelho e António Costa.

"O bom senso imporia que não se aplicasse sanção nenhuma ao Governo de Passos Coelho, que não merece, e não aplicar sanção nenhuma ao Governo de António Costa que, na pior das hipóteses, ainda não merece, e na melhor das hipóteses nunca merecerá", vincou o chefe de Estado.

No que refere ao Governo PSD/CDS-PP liderado pelo social-democrata Pedro Passos Coelho, Marcelo advoga que se executivo houve "que teve atenção em acompanhar o que a Europa queria, foi o Governo de Passos Coelho".

"O país (...) fez tudo para sair da crise", prosseguiu Marcelo, e uma segunda eventual justificação de sanções, mais em torno de "aviso" ao país para o futuro, seria também injusta, prosseguiu o Presidente.

"Os números de execução do primeiro trimestre mostram uma melhoria face ao ano passado, e o que se sabe de maio é ainda melhor", vincou.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que os líderes europeus causam confusão quando existem problemas maiores para resolver na União Europeia. "Sanções a Portugal seria injusto" mas, "eles lá sabem". E o certo, garante Marcelo, é que "pagaremos todos" - explicando que a decisão de sancionar Portugal, a acontecer, também terá repercussões nos restantes países europeus.

O que disse Dombrovskis?

O vice-presidente da Comissão Europeia responsável pela pasta do Euro defendeu diz que "se a Comissão Europeia e o Conselho Europeu decidirem que Portugal e Espanha falharam objetivos, a Comissão irá propor, entre outras medidas, que os fundos estruturais sejam congelados para os dois países".

Para o responsável, "é inegável" que "Espanha e Portugal não atingiram as metas acordadas", adiantando que este tema estará "muito em breve" na agenda de negociações em Bruxelas.

"Os dois países não corrigiram a tempo os seus défices, por isso, iremos tomar as decisões necessárias. No entanto, esta decisão tem que ser tomada pelo Colégio de Comissários. Por isso, não quero antecipar", declarou o antigo primeiro-ministro letão.

Os comissários da União Europeia reúnem-se na terça-feira para debater a questão das sanções e devem tomar uma decisão em consenso.

Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que se devem distinguir as verdadeiras preocupações sobre Portugal de "formas de pressão", nomeadamente internacionais, antes de decisões sobre as finanças do país.

"Cada um escolhe aquilo que o preocupa. Faz parte da natureza humana às vezes ter preocupações estranhas ou inesperadas. Mas temos de respeitar a preocupação de cada qual", disse o chefe de Estado

Marcelo foi questionado pelos jornalistas sobre declarações de Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, que demonstrou preocupação pela situação financeira de Portugal.

O último dia

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, está esta manhã no Porto Santo, local onde diz ter passado das melhores férias da sua vida, e onde esta manhã já comeu um gelado e inaugura vários espaços.

O avião que levou o chefe de Estado do Funchal ao Porto Santo chegou pouco depois das 10:00, e pelas 12:00 já Marcelo Rebelo de Sousa tinha contactado nas ruas com dezenas de pessoas e, inclusive, comeu um gelado num estabelecimento da região.

Depois de assinar o livro de ouro da Câmara Municipal do Porto Santo, o Presidente dirigiu algumas palavras aos porto-santenses, garantindo que voltará à ilha, nomeadamente em 2018, quando se assinalarem 600 anos da descoberta do território.

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