O primeiro-ministro considerou hoje que a EDP tem mantido uma "atitude hostil" em relação ao atual Governo, o que lamentou, afirmando que representa "uma alteração da política" que tinha com o anterior executivo PSD/CDS-PP..António Costa assumiu esta posição no final de uma visita ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, em declarações aos jornalistas, que o questionaram sobre a notícia de que a EDP se vai juntar à Galp e deixar de pagar a contribuição extraordinária sobre o setor energético.."Eu não vou comentar. Só lamento a atitude hostil que a EDP tem mantido e que representa, aliás, uma alteração da política que tinha com o anterior Governo", respondeu o primeiro-ministro, citado pela Lusa. .Elétricas não pagaram 338 milhões.A EDP decidiu deixar de pagar a Contribuição Extraordinária do Setor Energético (CESE) em 2017, juntando-se à Galp, que não paga esta taxa desde que ela foi implementada, em 2014. ."A EDP decidiu passar a exercer o seu direito de proceder à prestação das garantias necessárias e aplicáveis pela Lei", referiu ontem a empresa, em resposta ao DN. Ou seja, deixou de liquidar a taxa, sendo que a impugnação judicial obriga à provisão de garantias no mesmo valor. A empresa já tinha anunciado, no início de 2016, que ia avançar para os tribunais, contestando que a CESE, inicialmente apresentada como sendo de caráter temporário, esteja a ser renovada todos os anos no Orçamento do Estado..As empresas do setor elétrico não pagaram ao Estado, nos últimos quatro anos, 338 milhões de euros devidos a título de Contribuição Extraordinária do Setor Energético. É mais de metade do valor total - 665 milhões - que devia ter entrado nos cofres públicos desde 2014. Valores avançados pelo Ministério das Finanças, em resposta ao grupo parlamentar do PCP, que questionou Mário Centeno sobre este assunto. A maior fatia deste montante corresponde ao ano de 2017, que regista 156 milhões de euros pendentes para pagamento (um número que duplica o valor em falta no ano anterior) contra os 35 milhões que foram pagos pelas grandes empresas de energia no mesmo período..Desde a implementação desta taxa, durante o governo liderado por Pedro Passos Coelho, que a Galp se tem recusado a pagar, tendo avançado para os tribunais contra uma obrigação que considera ilícita. Uma posição a que se juntou agora a EDP. A REN também avançou para os tribunais contra a CESE, mas não deixou de liquidar a taxa. As três empresas são as grandes contribuintes da CESE.