O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, disse esta quarta-feira que aceitaria a proposta que o Governo voltou a colocar em cima da mesa sobre a recuperação do tempo de serviço congelado, caso se trate de "uma primeira tranche".."O senhor primeiro-ministro disse ontem [terça-feira] que os dois anos e nove meses é para o próximo ano? Ai se for isso, se for a primeira tranche no próximo ano, então está bem", afirmou Mário Nogueira, durante a audição parlamentar na Comissão de Educação e Ciência a pedido do PCP..Na terça-feira, o primeiro-ministro afirmou no parlamento que a proposta do Governo continuava em cima da mesa, caso os sindicatos quisessem retomar as negociações..O anúncio foi feito um dia após o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, ter anunciado que retirava a proposta, uma vez que não havia qualquer cedência por parte dos 23 sindicatos, com quem tinha estado reunido durante todo o dia..O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) recordou que os sindicatos estão disponíveis para que o processo seja feito de forma gradual, mas exigem que sejam contabilizados para efeitos de progressão na carreira todos os anos de serviço congelados: nove anos, quatro meses e dois dias..O Governo diz só ter condições financeiras para devolver dois anos e nove meses..Sobre os custos destas medidas, o secretário-geral da Fenprof acusou o primeiro-ministro de apresentar "números fraudulentos com a intenção de manipular a opinião pública"..Mário Nogueira referia-se aos valores apresentados na terça-feira no parlamento por António Costa, sobre os 600 milhões que custam aos cofres do Estado a recuperação dos anos de serviço em que os docentes tiveram as carreiras congeladas: "Os 600 milhões só são verdade se fossem devolvidos na totalidade este ano ou no próximo", afirmou Mário Nogueira..Em janeiro, os professores viram descongelada a progressão nas carreiras e cerca de 50 mil subiram de escalão e, segundo Mário Nogueira, a progressão destes docentes custa cerca de 30 milhões e não 90 milhões, como foi afirmado por António Costa.."É mentira que os professores tenham uma progressão em 2018 que custa 90 milhões de euros. São 30 milhões", acusou o sindicalista durante a audição parlamentar..As reações parlamentares.Perante estas declarações, o deputado socialista Porfírio Silva questionou a Fenprof sobre os reais impactos financeiros das medidas de descongelamento e recuperação do tempo de serviço congelado, tendo Mário Nogueira dito que não tinha ali esses dados..A deputada Ana Mesquita, do PCP, voltou esta quarta-feira a defender que os professores têm direito à recuperação de todo o tempo de serviço congelado, uma vez que tal "não é um novo direito, foi trabalho prestado e implica respeito pela carreira docente e pela lei, a do Orçamento de Estado," no qual ficou prevista essa situação..A deputada social-democrata Manuela Tender revelou "preocupação com o extremar de posições", mas lembrou que "as expectativas foram criadas pelo próprio Governo"..Já Ilda Araújo Novo, do CDS-PP, recordou que no acordo celebrado em novembro entre o Ministério da Educação e os sindicatos está escrito que seja valorizada a carreira, mas "sem pôr em causa a sustentabilidade orçamental"..Também a deputada socialista Maria Augusta lembrou que "não é possível fazer tudo e ao mesmo tempo" e alertou para "um problema de sustentabilidade das contas públicas que tem de ser salvaguardado sobre pena de hipotecar o nosso futuro próximo"..As críticas fizeram-se ouvir pela voz da deputada comunista Ana Mesquita: "As ajudas a bancos já custaram 23 pontes Vasco da Gama e, nestas alturas, nunca há problemas de sustentabilidade. Quando se trata de direitos dos trabalhadores, há sempre problemas"..A socialista Maria Augusta lembrou algumas medidas governamentais em defesa dos trabalhadores, garantindo que "nunca houve tantos professores nas escolas" nem assistentes técnicos e recordado a vinculação de cerca de sete mil docentes, além de muitos outros funcionários que deverão ser integrados no âmbito do programa de regularização dos trabalhadores precários na função pública, o PREVPAP.