Assunção Cristas tenta esvaziar polémica sobre o MPLA

A líder do CDS explicou porque é que, pela primeira vez, o seu partido se fez representar num congresso do MPLA. Na oposição interna centrista, já a acusam de "frivolidade
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Assunção Cristas tentou esta noite contornar a polémica interna no CDS com as declarações de Hélder Amaral, deputado centrista enviado ao congresso em Luanda do MPLA, afirmando que a posição centrista sobre o partido do poder em Angola "não mudou".

Segundo disse no decorrer de uma visita à Fatacil (em Lagoa, no Algarve), o CDS "sempre se pautou pela defesa da liberdade e todas as declarações têm de ser vistas a esta luz".

A líder do CDS explicou que o seu partido teve representação oficial no congresso do partido de José Eduardo dos Santos porque foi pela primeira vez convidado (os centristas sempre foram muito críticos do maior partido angolano e vistos genericamente como um partido amigo da UNITA, a maior formação da oposição angolana).

E assim - prosseguiu - "o que está aqui em causa é o aprofundar de relações entre países em prol dos portugueses, das empresas que exportam para Angola, dos portugueses que vivem em Angola", sendo que em questões como "a defesa da liberdade e do pluralismo partidário" o CDS "não mudou de política", o que lhe interessa é "estreitar laços com os países onde há uma grande comunidade portuguesa".

Também Paulo Portas tentou desvalorizar a polémica causada pelas declarações de Hélder Amaral (que afirmou em Luanda à Lusa que agora o CDS tem com o MPLA "muito mais pontos em comum", algo que é resultado de "um caminho natural que se foi fazendo").

À margem do congresso disse que o seu plano é o "das relações do Estado português". "Nunca dei troco a polémicas de natureza interna, muito menos a pessoas que até já fizeram partidos contra o CDS ou saíram até do CDS [uma referência implícita a críticas muito fortes de que foi alvo ontem numa entrevista de Manuel Monteiro, ex-líder do partido e também ex-militante, ao jornal I]". "Sendo muito breve, o meu plano é sempre o das relações do Estado português."

Conforme o DN noticiou, a direção do partido decidiu demarcar-se das declarações de Hélder Amaral tentando atenuar um pouco a polémica que entretanto tinha incendiado o partido (onde muitos não esquecem a aliança preferencial com a UNITA).

Ontem, em declarações à Lusa, ex-deputado por Aveiro Raúl Almeida, membro da oposição interna a Cristas, acusou a líder de "frivolidade". "A questão do MPLA é o culminar de uma série de ausências ou más intervenções políticas da direção do partido", afirmou, sublinhando que Hélder Amaral foi a Luanda "com um mandato da direção e não pode ser abandonado".

As críticas de Raúl Almeida começam na ausência de Assunção Cristas na votação no Parlamento sobre maternidade de substituição, prosseguem com a "resposta tardia e a reboque do PSD ao IMI e à Caixa Geral de Depósitos" e na resposta ao caso das viagens pagas pela Galp. "Há uma ausência completa e um certo culto da personalidade e da frivolidade de uma presidente que está nas revistas cor-de-rosa quando o país está a arder", afirmou. "Se Assunção Cristas se comportar como presidente do CDS, um partido que se pretende conservador e democrata-cristão, e não como uma atriz de telenovelas, e ouvir todos, unir todos, sem autoritarismos, valorizando o aparelho, ainda vamos a tempo de salvar as autárquicas", considerou.

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