Ventura diz-se desiludido com Montenegro e garante que Chega vai avançar para a revisão constitucional
Uma "grande desilusão", disse esta sexta-feira o líder do Chega quando confrontado com a posição de Luís Montenegro que não considera a revisão constitucional uma prioridade. O primeiro-ministro indigitado afirmou que o "assunto está arrumado até haver uma altura considerada adequada". Ainda assim, André Ventura fez saber que o seu partido vai avançar com a revisão da Constituição no Parlamento.
O presidente do Chega manifestou essa intenção, à entrada para uma reunião do Conselho Nacional do partido, com a "esperança de que aquilo que o primeiro-ministro disse possa ainda ser revisto à luz da humildade democrática que é preciso ter quando não há maiorias".
E fez um apelo a Montenegro. "Dirijo-me diretamente ao primeiro-ministro: se não aproveitamos este momento histórico para fazer mudanças como esta, para que é que serve o voto, para que é que serve o mandato que nos deram, para que é que serve a maioria?", questionou o líder do Chega.
Ventura disse que lamentou "muito" as declarações de Luís Montenegro sobre a revisão constitucional, proferidas na quinta-feira, perante o Conselho Nacional do PSD. "Tive uma grande desilusão, mais uma vez, embora só nos desilude quem deixamos e, à medida que o tempo vai avançando, a desilusão é menor, porque já não há grande expectativa sobre a pessoa e, neste momento, não há grande expectativa sobre este primeiro-ministro", disse.
André Ventura vincou que as últimas legislativas resultaram numa "maioria histórica", entre o Chega e a AD, sublinhando que um dos partidos mostrou-se disponível para a revisão constitucional em matérias relevantes como a "alteração de penas no combate ao crime", a "despolitização dos cargos da administração pública" e a "garantia de que a Constituição é neutral do ponto de vista ideológico", exemplificou.
"Ouvir o primeiro-ministro dizer que, afinal, já não vai por aí e que ficamos com isto para outro momento, francamente, dá-me a ideia de um homem amarrado, de um homem e de um partido, aos interesses habituais da nossa República, sequestrado pelos interesses dominantes e com medo de fazer reformas. Não é um bom sinal para o que aí vem", considerou Ventura aos jornalistas.
Perante a posição de Montenegro, o líder do Chega não tem dúvidas. "Nós manter-nos-emos firmes e portanto se o senhor primeiro-ministro não o quiser fazer, nós fá-lo-emos", assegurou.
Ventura quer apresentar, "nas próximas semanas, um governo sombra ao país"
À chegada ao Conselho Nacional do Chega, Ventura disse ainda que iria apresentar uma "alternativa de Governo" aos portugueses.
"O partido entra agora numa nova fase de responsabilidade, numa fase de procurar lutar para ser o primeiro partido em Portugal e de também de pedir um mandato e a anuência dos conselheiros nacionais para apresentar, nas próximas semanas, um governo sombra ao país", declarou o líder da segunda maior força política.
O objetivo é "apresentar um Governo nas áreas fundamentais", incluindo, por exemplo, o "combate à corrupção", nas áreas da "saúde, habitação", mas também no "combate à imigração ilegal e descontrolada". "Tenhamos gente séria, credível e independente, não só para escrutinar a atividade do Governo, mas também para apresentar as alternativas", disse Ventura.
Com Lusa