Operação Tutti Frutti: Hugo Soares vai pedir a Carlos Eduardo Reis para suspender já mandato de deputado do PSD
O líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares, afirmou esta quarta-feira que vai pedir a Carlos Eduardo Reis, acusado pelo Ministério Público no âmbito do processo Tutti Frutti, para suspender já o seu mandato de deputado do PSD.
Na terça-feira, o Ministério Público deduziu acusações contra 60 arguidos no âmbito do processo 'Tutti Frutti' por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. Entre os acusados estão dois deputados do PSD, Luís Newton e Carlos Eduardo Reis.
No entanto, logo na terça-feira, ao fim da tarde, o deputado do PSD Luís Newton anunciou que vai pedir a suspensão do mandato como parlamentar, apesar de dizer ainda desconhecer a acusação do processo Tutti Frutti, mas Carlos Eduardo Reis, que estará fora do país, ainda nada disse sobre este caso.
Esta quarta-feira, perante os jornalistas, o presidente do Grupo Parlamentar do PSD frisou qual a sua orientação política sobre a situação em que se encontra Carlos Eduardo Reis, deputado eleito pelo círculo de Braga nas últimas eleições legislativas.
"Carlos Eduardo Reis encontra-se fora do país, terei a ocasião de ter uma conversa com ele nos mesmos termos que tive com o deputado Luís Newton. Sobre esta matéria, quero também ser muito claro e muito transparente: As condições imediatas para o exercício do mandato não estão reunidas e espero que o senhor deputado Carlos Eduardo Reis possa também suspender o exercício do seu mandato", declarou.
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD adiantou que falará em breve com Carlos Eduardo Reis, mas escusou-se a divulgar quando.
Antes, Hugo Soares tinha saudado a reação de Luís Newton ao facto de ter sido acusado pelo Ministério Público, anunciando logo a suspensão do seu mandato.
Hugo Soares salienta que deputados do PSD acusados não eram arguidos nas legislativas de 2024
O líder parlamentar do PSD salientou esta quarta-feira que os deputados Luís Newton e Carlos Eduardo Reis, ambos acusados pelo Ministério Público no âmbito do processo "Tutti Frutti", não eram arguidos quando se candidataram nas últimas legislativas.
Em conferência de imprensa, no parlamento, Hugo Soares defendeu que nada correu mal no inquérito interno dos sociais-democratas sobre as suspeitas lançadas pela "Operação Tutti Frutti" e negou que o Ministério Público tenha chegado a conclusões diferentes daquelas que foram retiradas pelo seu partido nesse mesmo inquérito.
Questionado sobre qual a razão para a inclusão de Luís Newton e Carlos Eduardo Reis na lista de candidatos a deputados do PSD nas últimas eleições legislativas quando o processo "Tutti Frutti" é conhecido desde 2017, o secretário-geral do PSD respondeu: "Nenhum dos senhores deputados, quando concorreu nas eleições legislativas, eram sequer arguido"
Hugo Soares devolveu uma pergunta aos jornalistas: "Acha que por haver notícias públicas de inquéritos que estão a correr, que correrão sobre as mais diversas pessoas, se elas poderão ter, por isso, uma espécie de diminuição nos seus direitos cívicos ou nos seus direitos políticos?".
O líder parlamentar dos sociais-democratas argumentou ainda que o "PSD não tem órgãos de polícia criminal, nem faz investigação criminal" e que o inquérito teve como propósito apurar se houve decisões dentro PSD, em eleições internas ou na escolha de candidatos, que pudessem "estar viciadas por qualquer razão".
Hugo Soares não considera "plausível" questionar o que falhou no inquérito interno, porque, reforçou, "não falhou absolutamente nada" e as suas conclusões "nada têm a ver com o caso concreto".
"De resto, já agora, algumas das pessoas que ontem foram acusadas destes crimes nem sequer foram versadas no inquérito interno, porque não tinham nada a ver com os procedimentos internos dentro do partido", acrescentou.
Hugo Soares disse ainda considerar "imprudente e até ligeiro a forma como estas coisas se colocam na praça pública" e defendeu que a "acusação ontem deduzida, na parte em que diz respeito a estas matérias internas dos partidos, houve um arquivamento".
"Portanto, não há conclusão diferente nenhuma de quem tem mais competências do que o próprio PSD para fazer esta investigação, diferente daquela que foi a do PSD", acrescentou.
Em maio de 2023, quando o caso 'Tutti Frutti' voltou a ser noticiado, o presidente do PSD, Luís Montenegro, então na oposição, ordenou um inquérito interno para apurar as suspeitas lançadas pela "Operação Tutti frutti".
"A Comissão Permanente decidiu, sob proposta do presidente, solicitar ao Conselho de Jurisdição a abertura de um inquérito de processo de sindicância interna sobre os termos em que foram escolhidos os candidatos autárquicos em Lisboa em 2017", anunciou então Luís Montenegro.
As conclusões deste inquérito interno, conduzido pelo agora secretário-geral do Governo Carlos Costa Neves e depois entregues ao órgão jurisdicional do PSD, nunca foram tornadas públicas mas, à CNN e ao Público em janeiro deste ano, o líder parlamentar e secretário-geral do PSD, Hugo Soares, disse que o mesmo não detetou irregularidades graves que justificassem sanções disciplinares.
Na terça-feira, O Ministério Público deduziu acusações contra 60 arguidos no âmbito do processo 'Tutti Frutti' por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. Entre os acusados estão dois deputados do PSD (Luís Newton que anunciou ir suspender o mandato e Carlos Eduardo Reis) e autarcas deste partido e do PS.