Uma notícia avançada na quarta-feira, 7 de outubro, recuperou o tema da Spinumviva e transformou a empresa familiar de Luís Montenegro no tema quente da campanha eleitoral esta quarta-feira, 8. Segundo a CNN Portugal, os procuradores responsáveis pela averiguação preventiva à atividade da sociedade Spinumviva, à construção da casa de Espinho de Luís Montenegro e à origem dos fundos para aquisição de dois apartamentos em Lisboa, tudo da esfera patrimonial do primeiro-ministro, pretendem que seja aberto um inquérito ao líder do Governo. Uma informação que levou a Procuradoria Geral da República a esclarecer que “a averiguação preventiva relacionada com a empresa Spinumviva encontra-se em curso" e que “não há, neste momento, qualquer convicção formada que permita encerrar a referida averiguação preventiva nem nada foi proposto ao Procurador-Geral da República neste domínio".Luís Montengro afirmou-se “estupefacto”, falou em "pouca vergonha" e "deslealdade" e pediu aos portugueses para que "não se deixem levar por estas manobras a três ou quatro dias do fim de uma campanha eleitoral" .No entanto, esta quarta-feira, a Spinumviva continua a estar na boca dos líderes dos partidos da oposição.O presidente do Chega considerou que o primeiro-ministro está “a arrastar a situação” ao não prestar todos os esclarecimentos e considerou que Luís Montenegro não pode ter tratamento privilegiado.“O que eu acho que é aqui relevante é, nós continuamos a ter no país um primeiro-ministro que está sob suspeita de crimes graves. Isto são crimes graves, crimes de idoneidade em relação ao exercício da função pública, mas tanto quanto sabemos, pelo menos a atentar naquilo que foi conhecido, muito desta situação tem sido arrastada pelo próprio primeiro-ministro”, acusou André Ventura, acrescentando que o primeiro-ministro “ou não tem enviado as informações que lhes são pedidas a tempo, ou faz questão, muitas vezes, de não enviar a informação, quer à Polícia Judiciária, quer ao Ministério Público”.O presidente do Chega considerou também que “as autoridades têm que garantir que o tratamento que está a ser dado a Luís Montenegro não é desigual, nem é nenhum privilégio face a todos os outros”.Paulo Raimundo, por seu turno, disse não querer “alimentar a narrativa” de que as notícias sobre o caso Sinumviva são feitas "a propósito e à medida", em tempo de campanha eleitoral, mas deixou um desafio ao primeiro-ministro: "Se o senhor primeiro-ministro está a querer levantar suspeitas sobre os tempos da Justiça, ele tem de assumir essa responsabilidade".Considerando que o país deveria ter sido poupado a esta “novela”, o secretário-geral do PCP defendeu que quando surgiram as primeiras notícias sobre o caso da empresa familiar de Montenegro, o próprio devia "ter tomado a atitude de se demitir".Paulo Raimundo lembrou que Montenegro escolheu “forçar eleições” e reparou que o problema “está aí outra vez”.“A Spinumviva vai perseguir o primeiro-ministro, é uma maldição que vai perseguir este Governo e a sua credibilidade, e não é por não responder nem por se fazer de ofendido que isso vai mudar", afirmou, por sua vez, Mariana Mortágua. A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou que o caso Spinumviva “é o elefante na sala da governação portuguesa” e defendeu que "é importante que a Justiça faça o seu trabalho, mas que tenha prazos, critérios e que isso seja um bem aplicado a todas as pessoas, primeiro-ministro ou qualquer outro".“Luís Montenegro e as suas histórias mal contadas”, comentou Rui Tavares, líder do Livre, considerando que Montenegro “não conta uma história a direito, do princípio até ao fim”.Mariana Leitão, líder da Iniciativa Liberal, considerou que “o importante é que o Ministério Público possa fazer as suas averiguações sem qualquer tipo de interferência e chegar às suas conclusões.Na terça-feira, o líder do PS, José Luís Carneiro já tinha dito que “a seu tempo, o primeiro-ministro dará a s explicações que entender às autoridades”, manifestando confiança na Justiça.Já esta quarta-feira, em campanha em Castelo Branco, Luís Montenegro disse que tem obrigação de falar do processo com o Ministério Público e não através da comunicação social, tal como "é suposto" que o Ministério Público fale com ele. "É o que está a acontecer do meu lado com toda a diligência e disponibilidade", disse, considerando uma vez mais que o importante agora são as eleições autárquicas de domingo.O social-democrata Hugo Soares, em campanha em Lisboa com Carlos Moedas, referiu-se a este caso como "uma campanha suja que revolta". “A três dias de eleições autárquicas, uma notícia que é espalhada rapidamente por todas os órgãos de comunicação social e, passados cinco minutos, é desmentida por quem tem que a desmentir, demonstra bem quais são as intenções que estão por trás disso”, acusou.A RTP avançou esta quarta-feira que o Ministério Público ainda aguarda do primeiro-ministro forneça os elementos adicionais que lhe foram solicitados na primeira quinzena de setembro para a averiguação preventiva sobre a Spinumiva.Segundo a CNN Portugal, também as férias de Montenegro no Brasil no verão de 2023, quando já exercia o cargo de primeiro-ministro, estão sob investigação do MP, uma vez que há denúncias de que a empresa familiar financiou despesas da mesma viagem. .MP diz que não foi proposto inquérito a Montenegro ao PGR. "A averiguação preventiva encontra-se em curso"