Rocha diz que o Livre está "entre a foice e o martelo". Tavares acusa IL de mandar empresas do Estado "afuera"
“Não podemos brincar com a vida das pessoas. Estamos a ver o que se passa nos EUA com os planos de poupança privada. É apostar o futuro das pessoas na bolsa", argumentou Rui Tavares, o porta-voz do Livre, no debate deste domingo, na CNN Portugal, que o opôs ao líder da IL, Rui Rocha.
Rui Rocha tinha explicado o modelo que os liberais propõem para a Segurança Social, alertando para aquilo que considerou ser um "grande problema" para quem está agora no mercado de trabalho: "Quem tem 30 anos, quando chegar à reforma [...], a sua reforma será 40% do seu último salário."
Para resolver esta "tragédia", o líder da IL – sublinhando que, "em primeiro lugar", quer que as pensões que estão hoje em pagamento sejam garantidas – propôs que, "no curto prazo", sejam dados os "instrumentos às pessoas para que possam constituir a sua poupança" na Segurança Social.
Para que isto seja possível, explicou Rui Rocha, é necessário que haja "crescimento económico", defendendo que "isto é um bom instrumento a que a generalidade da população pode aceder".
Com a defesa de "políticas que ajudem o elevador social a funcionar", Rui Tavares insistiu na crítica à IL, explicando como é que funciona a medida do Livre que passa por atribuir à nascença cinco mil euros em Certificados de Aforro a todos os bebés, que podem levantar mais tarde, já com 18 anos.
Este "sistema que é escalonado como o abono de família" foi utilizado pelo porta-voz do Livre para argumentar que as propostas do partido, ao contrário das da IL, "têm financiamento na taxação".
Nesta fase do duelo, Rui Rocha acusou o Livre de estar a propor uma medida que "é financeiramente irresponsável e socialmente injusta", para além de acusar o partido de Rui Tavares de estar a "atacar os jovens" num dos seus "benefícios" ao propor o fim do IRS Jovem.
O líder da IL criticou ainda o seu oponente por, numa altura em que os "jovens estão depauperados", estar a “entregar uma prenda de 5 mil euros em dívida soberana a todos os recém-nascidos” em vez de estar a resolver os problemas.
No contra-ataque, Rui Tavares acusou a IL de, numa altura em que se vê que "a economia internacional pode entrar em recessão", de querer dar às empresas, "e não às pequenas", 3.000 milhões de euros em cortes nos impostos.
"Que será compensada", interrompeu Rui Rocha.
“Quer vender empresas públicas. CP afuera, RTP afuera, CGD afuera. Mas só as vendes uma vez”, continuou Rui Tavares, aludindo ao presidente argentino Javier Milei, com quem a IL se diz identificar, deixando depois uma pergunta retórica: "Qual é o problema português que foi resolvido com estas medidas?"
O líder da IL responde-lhe com o mantra de que, com estas medidas, "há crescimento económico".
Acusando o opositor político de "irresponsabilidade" e "aventureirismo", Rui Tavares insiste que isto “não resolve problemas. Nem o problema da calvície, que era um que me interessava”, ironiza.
Rui Rocha afirmou que, “embora se apresente como moderado, o Livre está algures entre a foice e o martelo”, sustentando que os eleitores do partido de Rui Tavares, "quando votam Livre, estão a entregar o seu voto ao BE e ao PCP", por este ter partido, lembrou, ter votado no Parlamento, respetivamente, 95% e 99% ao lado deles.
Rui Rocha continuou a defender que o ajuste de 1% ao ano na atividade da Administração Pública “é um plano claro, com contas certas. Quem não o aceita tem de explicar às famílias porque é que tem de cortar na sua vida", rematou.