O secretário-geral do Partido Socialista (PS) acusou este domingo, 7 de dezembro, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, de estar numa "espécie de leilão" sobre os valores do salário mínimo e médio, dias antes da greve geral convocada por CGTP e UGT.Segundo José Luís Carneiro, o comportamento do chefe de Governo, "em vésperas de uma greve geral, é pouco digno". "Os trabalhadores não merecem que lhes façam isto", considerou em declarações à margem da sessão "Mário Soares - as palavras e as imagens", no Pavilhão de Portugal, em Lisboa, no dia em que se assinalam os 101 anos desde o nascimento do antigo Presidente da República e primeiro-ministro.Garantindo que "todos" aspiram a que "os trabalhadores tenham melhores condições de vida, José Luís Carneiro recordou que quando anunciou a sua "candidatura à liderança do PS, disse que até 2035 o país devia ter uma economia a crescer para elevar os salários médios". Isto significaria que "até 2035 o salário médio seria de 2500 euros", um valor próximo dos 3 mil ambicionados por Montenegro. No entanto, no entender do secretário-geral socialista, "os termos em que o primeiro-ministro está a apresentar estas propostas não dignificam o sentido do compromisso e a honradez da palavra que se deve dar aos trabalhadores. As valorizações salariais discutem-se e avaliam-se em concertação social, em função da economia, em sede de concertação social". Um dia após ter anunciado, no Parlamento, que a aprovação das novas leis laborais seria uma oportunidade para elevar os salários mínimo e médios para os 1500 ou 2000, respetivamente, Luís Montenegro disse este sábado querer ir mais longe. "Não queremos crescer 2% ao ano, mas sim 3%, 3,5%, 4%. Queremos que o salário mínimo não chegue aos 1100 euros. Esse é o objetivo que temos para esta legislatura, mas queremos mais, que chegue aos 1500 ou 1600 euros", disse o também líder do PSD.Comentando as alterações ao código laboral, José Luís Carneiro reiterou as críticas que já tem vindo a fazer. Segundo disse, as mexidas acentuam a precariedade e deixam de criminalizar o trabalho não-declarado, por exemplo. Ou seja: "São todos sinais contrários em relação ao que a economia precisa. Uma economia competitiva tem de ser capaz de ser produtiva pela inovação tecnológica e pela valorização salarial dos trabalhadores. [A lei laboral] é o contrário do que o país precisa." Ainda na perspetiva de José Luís Carneiro, trata-se de "um ajuste de contas" com a lei laboral que foi aprovada há dois anos "com a abstenção do PSD" e com a Agenda para o Trabalho Digno.."Homem" Montenegro defende-se da oposição nas leis laborais e na saúde.Frente Comum exige aumento dos salários em 15% no mínimo de 150 euros