A CDU terá um teste autárquico de exigência acrescida por ter a maioria dos autarcas em final de mandato, logo impossibilitados de se recandidatarem a uma quarta eleição no mesmo concelho. Dos 19 presidentes, 12 encerram funções. Em relação a estes 12, há oito que não se afastam da política. Os comunistas coligados com os Verdes optam por duas estratégias distintas: quatro correm por um lugar num concelho próximo; e outros quatro procuram integrar a presidência da Assembleia Municipal. No distrito de Évora, Sílvia Pinto permanece em Arraiolos, encabeçando a lista à Assembleia Municipal, tendo Jorge Macau, vice-presidente, o desafio de manter o concelho comunista como aconteceu em toda a democracia. Na capital de distrito, porém, João Oliveira, eurodeputado, concorre com Carlos Zorrinho para manter um bastião comunista e Carlos Pinto de Sá ruma 30 km a oeste para se candidatar a Montemor-o-Novo, concelho que foi comunista desde 1974 a 2021, antes de o PS há quatro anos quebrar o ciclo. É uma das grandes esperanças para a noite eleitoral, de acordo com o que o DN apurou.No distrito de Portalegre, Avis só conheceu presidentes da CDU e Nuno Silva é agora candidato à Assembleia Municipal. A estratégia resultou em 2013 quando Manuel Coelho, presidente desde 2000 a 2013, rumou à Assembleia. Agora, o autarca de 55 anos volta a tentar liderar o concelho que em 2021 teve uma diferença acima dos 30% entre comunistas e socialistas.No distrito de Beja, cenário semelhante. João Palma liderou a Assembleia e é agora aposta para suceder a João Português em Cuba. Ainda assim, vê-se trajeto idêntico a Évora e Montemor-o-Novo. João Português é candidato a Ferreira do Alentejo, a meros 25 km de distância, na intenção de destronar Pita Ameixa, ex-deputado socialista, que entrará no último mandato caso vença. Em Palmela, Álvaro Amaro, presidente do concelho, corre pela Assembleia Municipal. Ainda assim, tal como em Avis, a CDU recupera a anterior autarca: Ana Teresa Vicente liderou Palmela de 2001 a 2013, concelho que nunca mudou de mãos em democracia. Segue-se Santiago do Cacém. Vítor Proença liderou Alcácer do Sal 12 anos e concorre ao município, Santiago, que liderou desde 2001 e 2013, enfrentando Bruno Pereira, candidato apoiado por PS e PSD, numa coligação incomum pelo território, com a meta de rebater o domínio comunista desde que há democracia. Por outro lado, o incumbente limitado em mandatos, Álvaro Beijinha, ataca a conquista de Sines, tentando aproveitar o final do período do socialista Nuno Mascarenhas. No distrito de Faro, em Silves, Rosa Palma, atual presidente, passa a ser candidata à Assembleia Municipal. É a vice-presidente Luísa Conduto a tentar preservar a liderança.Esta canalização de ativos para as presidências de Câmara ou Assembleia Municipal não é exclusiva da CDU, mas dada a representação política tem impacto na leitura estratégica, uma vez que dois terços dos que estão em final de mandato se tentam manter na região onde tiveram responsabilidades autárquicas. Pode ter paralelo, por exemplo, no PS e PSD em Faro. Por um lado, o socialista António Pina vem de 12 anos em Olhão para atacar a capital de distrito, por outro Cristóvão Norte, deputado social-democrata, coloca o antigo presidente de Faro Macário Correia como candidato à Assembleia, prometendo uma “conferência de líderes”. Nitidamente uma candidatura conjunta a órgãos distintos.Nos restantes casos comunistas, Gonçalo Lagem sai de Monforte e o vice-presidente Fernando Saião procura manter o concelho. Em Benavente, Carlos Coutinho sai, mas foi Hélio Justino, vereador, a ganhar o posto de cabeça de lista à vice-presidente Catarina Pinheiro Vale. Em Sobral do Monte Agraço, José Alberto Quintino já tinha renunciado ao mandato em 2025 por novo desafio profissional e é Luís Soares, vice-presidente, a tentar assegurar a continuidade. A presidente da União das Freguesias de Grândola e Santa Margarida da Serra é a escolhida em Grândola para suceder a António Figueira Mendes, que teve buscas na autarquia por possíveis conflitos de interesse entre uma sociedade de advogados contratada pela câmara enquanto representava interesses imobiliários de promotores turísticos na Comporta. .PCP repete estratégia de 2021 e rejeita aproximações da esquerda.Autárquicas. PCP fez queixa à CNE por cartazes ilegais em Lisboa