Marques Mendes elogia postura de Carneiro e defende diálogo do Governo com PS e Chega no parlamento
O candidato presidencial Luís Marques Mendes elogiou esta segunda-feira a postura de José Luís Carneiro, candidato à liderança do PS que manifestou abertura a entendimentos com a AD, salientando que isso pode permitir que haja um “Governo de legislatura” e que se façam reformas.
Em declarações aos jornalistas antes de um almoço com empresários num hotel na baixa de Lisboa, Marques Mendes elogiou as declarações de Carneiro, que, este sábado, se comprometeu com uma “solução de unidade na diversidade” com a AD e garantiu que “tudo fará para contribuir para a estabilidade política do país”.
“Isto é novo na política portuguesa nos últimos anos e nós devemos valorizar isto, porque isto vai mudar profundamente a situação”, realçou Luís Marques Mendes, que frisou que, devido à postura de José Luís Carneiro, o país pode ter estabilidade, “o que é bom, sobretudo para atrair investimento”.
“Podemos ter um Governo de legislatura, o que é normal – é isso que manda a Constituição – podemos ter abertura para fazer pontes entre quem é Governo e quem é oposição, que é aquilo que, como sabem, eu tenho vindo a defender há quatro meses”, referiu, acrescentando ainda que entendimentos entre PS e AD vão permitir “ultrapassar alguns conflitos e bloqueios que existem para se fazer algumas reformas”.
O candidato presidencial elogiou José Luís Carneiro por ter dado “sinal muito, muito importante a favor da estabilidade do país” e deixou uma crítica implícita ao ex-secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, frisando que o partido tinha, até agora, “uma posição muito fechada” em relação a acordos com a AD.
“Passou a ter uma posição mais aberta. Tinha uma posição muito reticente relativamente a entendimentos com o Governo e mudou de posição. E esta é que é uma mudança nova na sociedade portuguesa e é muito importante”, reforçou.
Interrogado se esta nova postura de José Luís Carneiro deve levar a AD a prescindir de entendimentos com o Chega, Marques Mendes disse considerar que o Governo “deve dialogar no parlamento com os dois maiores partidos, quer o PS, quer o Chega”.
“O diálogo no quadro parlamentar pode e deve ser com mais do que um partido. (…) Agora, compete ao Governo e aos outros partidos saber que matérias querem negociar, não sou eu que vou dizê-lo”, indicou.
Sobre se considera que o diálogo entre a AD com o Chega deve incluir também uma eventual revisão constitucional, Marques Mendes não quis pronunciar-se sobre a matéria, frisando que alterações à Constituição são matérias exclusivas da Assembleia da República e não recaem no âmbito de ação do Presidente da República, cargo ao qual se candidata.
“Portanto, deixo aos partidos o decidirem se querem avançar ou não querem avançar, se vão fazer negociação ou não vão fazer negociação. Isso depende dos partidos”, indicou.
A poucos dias de o almirante Henrique Gouveia e Melo apresentar a sua candidatura presidencial, esta quinta-feira, Marques Mendes não quis comentar, frisando apenas que dá as boas-vindas ao almirante e o saúda de “forma muito democrática”.
Sobre o apoio do PSD à sua candidatura, que será votado esta quinta-feira em Conselho Nacional, Marques Mendes disse que, se for concretizado, ficará satisfeito, e aproveitou para deixar uma ‘farpa’ a Gouveia e Melo, que se candidata como independente, sem o apoio de um partido.
“O país teve até hoje cinco presidentes da República – cinco, incluindo o atual – e todos tiveram o apoio dos partidos. Todos, sem exceção, incluindo o general Ramalho Eanes, que era militar e teve apoio de três partidos. Portanto, é natural os candidatos surgirem por si, terem a sua independência, mas também terem apoio dos partidos, porque os partidos são os esteios fundamentais”, destacou.