Marcelo admite mandatos “aquém” do que sonhou mas diz que povo lhe deu razão nas dissoluções
NUNO VEIGA/LUSA

Marcelo admite mandatos “aquém” do que sonhou mas diz que povo lhe deu razão nas dissoluções

Presidente da República disse ter tentado “fazer os impossíveis” para garantir a estabilidade política, apesar das três dissoluções da Assembleia da República que fez no seu segundo mandato.
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O Presidente da República admitiu esta quarta-feira (27 de agosto) que os seus mandatos em Belém ficaram “aquém do que tinha sonhado”, mas salientou que o povo lhe deu “sempre razão” nas dissoluções do parlamento.

Marcelo Rebelo de Sousa participou esta quarta-feira na Universidade de Verão do PSD, uma iniciativa de formação de jovens quadros que decorre até domingo em Castelo de Vide (Portalegre), tendo aparecido de surpresa no local, quando estava prevista uma intervenção por videoconferência.

Num painel intitulado “As respostas do Presidente”, o chefe de Estado foi questionado sobre o que considera que correu pior ou melhor nos seus mandatos desde que foi eleito em 2016, considerando que acertou “em bastantes coisas”, mas também falhou noutras.

Sobre aquilo que pensa ter corrido melhor, o chefe de Estado disse ter tentado “fazer os impossíveis” para garantir a estabilidade política, apesar das três dissoluções da Assembleia da República que fez no seu segundo mandato.

“Isso foi o que correu melhor mesmo quando não correu bem, porque não se traduziu necessariamente em haver soluções governativas que durassem os dez anos”, afirmou, lembrando que conviveu com executivos do PS durante mais de oito anos e, até final do seu mandato, haverá outra solução liderada pelo PSD “por menos de dois anos”.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se por, nas eleições posteriores às dissoluções, o povo ter dado “sempre razão” à decisão do Presidente com a sua votação nas urnas.

Quanto ao que correu pior, incluiu matérias como a capacidade de renovação do sistema político, da administração pública ou o distanciamento das pessoas em relação aos políticos, embora salientando que as responsabilidades foram partilhadas com “outros órgãos de soberania”

“Digamos que, para aquilo que eu tinha pensado e sonhado em alguns momentos, de facto aquilo que foi possível fazer ficou aquém do que eu tinha pensado e sonhado realizar”, disse, acrescentando que tal se acentuou num segundo mandato.

O chefe de Estado repetiu que tinha pensado fazer apenas um mandato, mas considerou “não podia dizer que não” à recandidatura em 2021 quando se vivia “a pior fase da pandemia da covid-19”.

“Ninguém compreenderia que o responsável saísse. Mas quando fiquei, fiquei com a certeza absoluta que o que iria suceder depois ia ser um fator cumulativo do desgaste do sistema”, assegurou.

PR diz que Trump tem funcionado como um “ativo soviético”

O Presidente da República afirmou que o seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, funciona hoje como um “ativo soviético”, ao favorecer a Federação Russa na guerra contra a Ucrânia.

Num painel intitulado “As respostas do Presidente”, o chefe de Estado fez uma intervenção inicial em que abordou a situação internacional, apontando Donald Trump como o exemplo de um novo estilo de lideranças políticas, mais emocionais e que apostam no contacto direto com os cidadãos, sem mediação, num mundo em que a balança de poderes também se alterou.

“Com uma coisa peculiar e complexa: é que o líder máximo da maior superpotência do mundo, objetivamente, é um ativo soviético, ou russo. Funciona como ativo”, afirmou.

O Presidente da República sublinhou que não se trata de “uma aliança baseada na amizade, na cumplicidade económica, ideológica ou doutrinária”.

“Estou a dizer que, em termos objetivos, a nova liderança norte-americana tem favorecido estrategicamente a Federação Russa”, afirmou, referindo-se à atuação do presidente dos Estados Unidos na guerra da Ucrânia.

“Ou seja, passaram de aliados de um lado para árbitros do desafio”, afirmou, acrescentando tratar-se de um árbitro que apenas quer negociar com uma das equipas, excluindo quer a Ucrânia, quer a Europa, que tiveram de se “impingir” nas recentes conversações.

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