Líder do PS quer campanha centrada nos "problemas do país" e acusa o Governo de incompetência
O secretário-geral do PS quer uma campanha eleitoral que se centre nos "problemas do país sem ignorar que a ética e a transparência é uma obrigação de todos os políticos", mas destacou ainda aquilo que considerou ser a incompetência do Governo.
Pedro Nuno Santos, em declarações aos jornalistas em Braga, disse ficar preocupado, de forma retórica, quando ouve "alguns dirigentes do PSD a criticarem o PS porque fala da ética e da transparência".
"Porque a preocupação com a ética e com a transparência é dos partidos democráticos, não é dos populistas. É por isso que é uma preocupação nossa. Mas nós queremos falar dos problemas do país, do facto dos portugueses a ganharem salários muito baixos, terem despesas muito altas, terem dificuldade no acesso à habitação."
"É por isso que para nós a prioridade vão ser salários e habitação", prometeu, acrescentando, em jeito de pré-campanha para as legislativa, que o PS pretende que os portugueses tenham "uma vida melhor".
"Nós acreditamos que é possível e nós queremos não só aprender com os erros do passado, mas com trazer novas ideias, novas propostas", sublinhou, antes de enumerar várias críticas ao Executivo de Luís Montenegro.
"Este Governo, num ano, esgotou-se completamente. Depois da distribuição do excedente orçamental que herdaram do PS, não resta nada. Não há um desígnio, um propósito. Nós não sabemos o que é que este Governo e este primeiro-ministro queriam para o país", apontou.
Questionado pelos jornalistas sobre se a atual crise política terá impacto na gestão que o Governo fará da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), tal como apelou Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Nuno Santos disse esperar que não, ainda que tivesse utilizado esta resposta para lançar mais farpas ao Governo, que, acusou, "não teve grande sucesso na execução do PRR".
"Nós não nos podemos esquecer que esses mesmos argumentos eram os argumentos que usavam no início de 2024 quando uma Assembleia da República, apoiada com uma maioria absoluta de um partido, foi dissolvida. E muitos dos que falam no PRR não falavam na altura", afirmou.
"Agora, não podemos ignorar que nós só vamos a eleições – que nunca nos esqueçamos disso – por causa do primeiro-ministro, de um caso que o envolve a ele, da falta de explicações que eram devidas a ele e por ter marcado as eleições através de uma moção de confiança", completou.
Sobre a possibilidade de o cenário pós-eleitoral não ser muito diferente do atual, com uma maioria relativa, que implicaria que, caso o PS ganhe, o PSD viabilizasse um presidente da Assembleia da República socialistas, ou um Orçamento do Estado, Pedro Nuno Santos defende que "o mínimo que pode ser garantido ao PS é aquilo que o PS garantiu ao PSD".
"Mas nós estamos a trabalhar e a fazer campanha focados numa vitória. E é só nesse cenário que nós estamos a trabalhar e vamos tentar mobilizar o povo português para termos condições para ter um governo duradouro, que dê segurança ao povo português, que dê esperança e, sobretudo, garante oportunidades para todos. Nós não queremos governos a governar para uma minoria da população. Nós queremos um governo que governe para a população toda. E isso só se consegue com o Partido Socialista", garantiu.