João Soares e o desastre do PS: “Pensei nos meus pais, claro que pensei”
“Um resultado profundamente injusto, com culpas a caberem a todos”, resume ao DN João Soares. O antigo presidente da câmara de Lisboa, filho de Mário Soares e de Maria Barroso, não ilude, neste fase complexa do partido, a “ligação genética” ao PS. “Claro que ontem pensei no meu pai, como pensei na minha mãe, também ela fundadora do partido, aliás penso neles todos os dias”, diz, assumindo a quota-parte de responsabilidade naquilo que “não correu bem”.
João Soares assistiu ao desenrolar da noite eleitoral no Altis, a tradicional base socialista em noites eleitorais. As eleições de domingo, 18 de maio, foram marcadas pelos maus resultados do partido, ainda que Soares lembre não ser este o pior resultado de sempre "em votos ou em percentagens”, diz, remetendo para os scores obtidos quer por Almeida Santos, em 1985, quer por Vítor Constâncio, em 1987.
Para o socialista, a noite de domingo trouxe ainda o reforço de “um fenómeno novo, para o qual não estávamos preparados”, referência ao crescimento do Chega, com o partido de Ventura a sair da contagem dos votos taco-a-taco com os socialistas.
Quanto ao futuro, João Soares pede ao partido que “dê tempo ao tempo”. “E importante que se reflita sobre o que aconteceu, que se tomem posições, mas não há pressa desalmada”.
Falando sobre o próximo desafio eleitoral dos socialistas, as eleições autárquicas, João Soares considera que o partido “tem a estrutura de candidatos montada em todo o país”. Não querendo ser “demasidado otimista”, coloca a possibilidade, no dia seguinte à hecatombe, de o partido obter um resultado “digno”.
Relativamente à sucessão de Pedro Nuno Santos, é claro: “ “Nesse peditório não me meto. Se aparecerem dois ou três candidatos, tomarei posição, como sempre tomei. Uma vez eleito um novo secretário-geral, estarei com ele. Mas até lá não irei seguramente pronunciar-me", diz ao DN.