José Luís Carneiro aconselha Governo a reunir-se “rapidamente” com setores afetados pelas tarifas
José Luís Carneiro, secretário-geral do PS, aconselhou este domingo, 13 de julho, o Governo a reunir-se “o mais rapidamente possível” com os representantes dos setores que estima que venham a ser “muito afetados” pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos e estude “já medidas de mitigação”.
Em Lousada, no distrito do Porto, na apresentação do candidato socialista à Câmara Municipal, o secretário-geral do PS lembrou que, quando ocorreu o Brexit no Reino Unido, foi criada “uma equipa transversal de vários ministérios, coordenados pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros”, uma dinâmica que quer ver agora adotada pelo atual Governo.
“É muito importante que o Ministério da Economia reúna o mais rapidamente possível com os representantes destes setores e encontre medidas de mitigação e apoios especiais para estes setores”, apontou, referindo-se a vários setores, nomeadamente têxtil e vestuário, calçado e vinhos.
Afirmando que “os impactos da política tarifária dos Estados Unidos vão sentir-se em toda a União Europeia e também em Portugal”, José Luís Carneiro disse que “já havia uma previsão de que, com taxas de 10%, a Europa em 2025 poderia ter uma quebra na sua riqueza de cerca de 30%” e que “se calculava para 2026 que a perda de rendimento europeu podia chegar a cerca de 50%”.
“O que significa que, com taxas de 30%, os impactos vão ser muito significativos. É muito importante que o Governo tenha respostas pensadas e estruturadas para responder a estes impactos, a um autêntico choque na nossa economia”, disse.
José Luís Carneiro lembrou que “há vários meses” se ouve falar, por parte dos EUA da possibilidade de adoção de tarifas, razão pela qual quer crer que “o Governo terá soluções e medidas que mitiguem os seus efeitos.
O secretário-geral do PS falava aos jornalistas à margem da apresentação da candidatura de Nelson Oliveira à Câmara de Lousada, sessão onde no seu discurso prometeu: “Como secretário-geral do PS, e se um dia vier a ser primeiro-ministro, podem contar com uma visão integrada para o território do Baixo Tâmega”.
Sobre Lousada deixou três exigências ao atual executivo de Luís Montenegro, a quem pediu que “cumpra objetivos simples que são até fáceis de cumprir”.
“Que a Conservatória do Registo Predial de Lousada, de uma vez por todas, esteja aberta todos os dias da semana e tenha funcionários para responder à nossa população. Que o Governo cumpra o protocolo que eu assinei para reabilitar o posto da GNR. E coloque ao serviço do povo de Lousada os 45 apartamentos inscritos no protocolo estabelecido entre o Governo, o Instituto de Habitação e a Câmara Municipal”, enumerou.
Numa sessão de apresentação de candidatura muito participada e na qual foram apresentados todos os candidatos à Câmara, à Assembleia Municipal e às Juntas de Freguesia, José Luís Carneiro começou por dizer que é “um defensor intransigente dos Pactos Territoriais de Desenvolvimento”, pelo que se baterá pelo cumprimento de uma estratégia de investimento integrada com os municípios do Baixo Tâmega no parlamento, no Parlamento Europeu e com todos os autarcas da região.
“Os obstáculos que ainda hoje condicionam o nosso crescimento económico, que limitam o crescimento dos nossos salários e que limitam as oportunidades para os nossos mais jovens, têm de ser combatidos”, referiu.
“Espetáculo degradante” com saúde e defesa a empurrarem responsabilidades
Carneiro criticou entretanto o “espetáculo degradante” que é ver várias estruturas do Estado a empurrar responsabilidades na área da saúde e prometeu apresentar uma resposta para a coordenação da emergência hospitalar.
“Como se vê, hoje estamos muito pior do que aquilo que estávamos quando o PS estava em funções e assistimos a um espetáculo degradante de várias estruturas do Estado a empurrarem as suas responsabilidades de uns para os outros, da defesa para a saúde, da saúde para a defesa. Falta um plano estruturado relativo às emergências hospitalares”, disse José Luís Carneiro.
“Quero dizer que esse é um dos temas que levaremos ao debate do Estado da Nação, mas vou dizer ao senhor primeiro-ministro de que, se não tiver o Governo a competência para apresentar uma resposta, o PS vai apresentar uma resposta para a coordenação da emergência hospitalar”, disse.
Para José Luís Carneiro, o que se está a passar na saúde “é a ilustração de uma falta grave de coordenação entre diferentes serviços do Estado e mostra o quão grave foi a decisão do Governo de colocar em causa uma reforma que estava em curso e que foi adotada pelo Governo do PS”.
“Este Governo fez uma quebra com essa reforma que estava em curso, exonerou o responsável da estrutura executiva do SNS e avançou com medidas experimentais”, criticou.