José Manuel Torres Couto é um histórico militante socialista, dirigente nacional do PS de 1974 a 2000, e pronuncia-se criticamente quanto à demora no apoio a António José Seguro. “Não se justifica o PS ainda estar à espera de outro candidato. Não pode esperar mais três meses pelo partido”, vinca ao Diário de Notícias o também histórico líder da UGT, que afirma que o ex-secretário-geral é um quadro valioso, tem de ser respeitado como tal”, considerando que foi “decapitado politicamente por António Costa quando ganhou uma eleição por curta margem.” Desculpando José Luís Carneiro, “que está há pouco tempo como secretário-geral”, Torres Couto salienta que a demora na decisão socialista prejudica a possibilidade de haver um presidente vindo da esquerda: “Não visualizo capacidade para aparecer alguém que agrupe a esquerda. Na segunda volta das Presidenciais dissipa-se a questão partidária. Sinceramente, acredito nisso a partir do momento em que vi Álvaro Cunhal votar em Mário Soares. Mas, para isso, é preciso chegar lá [à segunda volta]. Basta de hesitações. Se o eleitorado percebe que nem apoio do PS tem, como vai Seguro ter os portugueses consigo?”Quanto ao discurso do próprio candidato, Torres Couto concorda que Seguro “tem privilegiado a tática”, posicionando-se próximo de Marques Mendes. “O PS tem de se posicionar mais ao centro, por mais que se fale do discurso de esquerda. É ao centro que se jogam as eleições”, explica, abordando depois a sucessão de Pedro Nuno Santos, que diz que “deveria ter ficado até às Autárquicas.”Autárquicas podem ser teste a Carneiro“Está há pouco tempo como secretário-geral, mas José Luís Carneiro é um homem ponderado e o PS sabe que tem de analisar os resultados eleitorais, ter autocrítica e perceber que as pessoas votaram no Chega por anos de más decisões de governação e oposição, também pela parte do Partido Socialista. Apesar não partir com um cenário favorável, as Autárquicas serão uma boa clarificação e até podem solificar a liderança numa altura complicada”, avalia, lamentando a falta de opções internas para um “debate mais profundo no PS”, que levou a que Carneiro fosse eleito sem concorrência interna.Ao lado de Carvalho da Silva, histórico líder da CGTP, Torres Couto chamou um “imperativo sindical” a luta pela reversão do anteprojeto de lei laboral e considera que tal também se deve à inflexibilidade do PS para aprovar o pacote governamental. “É uma medida positiva este recuo, mostra o papel que o PS pode jogar no papel parlamentar. Mas não podemos parar, os trabalhadores devem saber que há um perigo iminente. Deve agir-se na concertação social e os sindicatos têm de repudiar de forma violenta o pacote de medidas”, conclui. .Apoio do PS a Seguro na corrida a Belém. Partido "acabará a apoiá-lo", diz Assis.Líderes históricos de UGT e CGTP apelam à união contra o anteprojeto de lei laboral