Almirante Gouveia e Melo
Almirante Gouveia e MeloFoto: Paulo Spranger / Global Imagens

Gouveia e Melo confirma almoço com Ventura e revela: "Já votei muitas vezes no PS e no PSD"

O candidato a Belém criticou, em entrevista à SIC, a "partidarização" das presidenciais. "Não sei se estamos a concorrer para presidenciais ou para a segunda volta das legislativas", vincou.
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Henrique Gouveia e Melo confirmou esta quarta-feira (17 de setembro), em entrevista à SIC, que almoçou com André Ventura em agosto, almoço esse que confirmou que não tinham "interseções".

"Não comento almoços privados, mas para que fique claro: almocei com André Ventura. O grande objetivo foi esclarecer as posições mútuas e chegámos à conclusão óbvia que não tínhamos interseções. Já me encontrei com gente do PSD, gente do PS e tenciono-me encontrar com gente situada à esquerda. Estou disponível para me encontrar com todos. Já me encontrei com Marques Mendes, jantámos juntos, e não foi notícia. no sistema político não se queimam pontes. Não escondi nem fingi que não almocei", afirmou o almirante, candidato às eleições presidenciais de 18 de janeiro do próximo ano.

O aspirante a inquilino do Palácio de Belém criticou, à boleia do recente anúncio da candidatura de Ventura, a "partidarização" das presidenciais. "Não sei se estamos a concorrer para presidenciais ou para a segunda volta das legislativas. Está a haver uma partidarização, cada partido tem o seu candidato. Tenho muito claro que sou o único candidato verdadeiramente independente. Tribuno de todos os portugueses e não de fações", vincou, argumentando que "os tempos mudaram muito" desde que Mário Soares e Ramalho Eanes foram chefes de Estado.

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"Mário Soares e Ramalho Eanes eram muito superiores ao seu espaço partidário. Neste momento há uma dependência muito grande dos partidos. E a Presidência da República não é um palco partidário", sublinhou, revelando já ter votado nos partidos mais ao centro para reforçar o seu posicionamento ao centro: "Eu sou como a maior parte dos portugueses. Já votei muitas vezes no PS e outras no PSD, porque me situo ao centro. É aí que deve estar o Presidente da República, para esta equidistante de todas as fações."

"A independência garante um sistema mais justo e equilibrado", sublinhou, voltando a comparar o papel de um Presidente da República ao de um árbitro, mas um árbitro que "tem de ser exigente com a governação".

Não preocupado com as sondagens que indicam que está em queda, diz que "há sondagens para todos os gostos" e que "a sondagem importante é no dia 18 de janeiro".

Essa queda poderá ser ainda mais acentuada tendo em conta a simpatia que havia colhido entre o eleitorado do Chega, que agora já sabe que pode votar no líder desse partido, André Ventura. "Saúdo todas as candidaturas com princípios democráticos. Ele próprio revelou hesitação, porque disse que queria governar. Mas não estou preocupado, porque não pertencemos ao mesmo espaço político. Não rejeito o voto de qualquer português, todos são igualmente importantes", frisou.

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Questionado sobre os apoios dos agentes políticos Rui Rio e Isaltino Morais, diz que não depende "nenhum partido" nem dos seus apoiantes. "Tenho uma candidatura que faz o seu caminho sozinho. Não sou uma resultante dos meus apoiantes, sou uma resultante das minhas ideias", vincou.

Sobre o facto de ter admitido demitir um governo em caso de não cumprimento de promessas eleitorais, Gouveia e Melo diz que o "sistema político tem de ser mais transparente e não pode ser demagógico" e garante ter constitucionalistas que o apoiam, mas explica que é "pela estabilidade da governação".

O almirante revelou ainda que "daria posse a qualquer coligação que permita a governação com mais estabilidade, fosse à direita, ao centro ou à esquerda" e que não terá problemas em dar posse uma solução que deixe de fora o partido mais votado, quando questionado especificamente sobre a geringonça patrocinada por Cavaco Silva: "Foi a democracia a funcionar. a direita não conseguiu formar um governo estável e teve de se arranjar uma solução, que funcionou durante bastante tempo em Portugal."

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Gouveia e Melo é da opinião que a "revisão constitucional não é importante nem urgente". "Urgente era parar com as portas escancaradas. A imigração é um bem necessário mas controlado. Não há dados sobre problema de insegurança", explicou, adiantando que poderá voltar a vestir a farda militar enquanto Presidente da República em cerimónias militares.

O candidato voltou a frisar, sobre o serviço militar obrigatória, que é "contra o que é obrigatório", e que Carlos Moedas não deve ser considerado culpado pelo descarrilamento do elevador da Glória.

Gouveia e Melo rejeitou inclusão da GNR nas forças armadas e recusou a ideia de um quarto ramo, especializado em ciberdefesa. O almirante diz que não concorda com a flotilha para Gaza e que o reconhecimento do Estado da Palestina será mais uma "coisa moral do que prática", devido à falta de condições para o oficializar.

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