Tal como parecia inevitável há muito, e foi avançado pelo DN horas antes do anúncio oficial, André Ventura decidiu candidatar-se à Presidência da República, juntando-se ao extenso rol de figuras que manifestam interesse em suceder a Marcelo Rebelo de Sousa. Numa declaração sem direito a perguntas, na sede nacional do Chega, admitiu nesta terça-feira que se trata de uma escolha arriscada, forçada por ter “falhado na tarefa” de encontrar uma alternativa “à altura das aspirações” do eleitorado do partido. E impôs como fasquia a passagem à segunda volta das presidenciais de 2026, assumindo-se como o candidato anti-sistema a quem cabe enfrentar o “representante do espaço socialista” que vê em Gouveia e Melo. “Serei candidato porque entendo que temos de derrotar o sistema também nestas eleições presidenciais”, disse André Ventura, repetindo que não era seu desejo repetir o que fez em 2021 - sem evitar a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, teve 496.773 votos (11,90%) quando era deputado único -, até por considerar que a “vocação primeira” de um líder da oposição não consiste em disputar o Palácio de Belém.Depois de citar uma frase célebre do fundador do seu antigo partido, Francisco Sá Carneiro (“A política sem risco é uma chatice”), Ventura também não esqueceu outro antigo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, dizendo que teria preferido que o ex-primeiro-ministro se tivesse candidatado à Presidência da República. “Não foi possível e a política é a arte do possível”, concluiu, explicando que avançou, “com enorme risco político”, por não haver outra alternativa para evitar o que, nas suas palavras, o sistema sempre quis: “Uma candidatura inócua, ou insignificante, para poder dizer que nos vencia, nos humilhava, e que foi um epifenómeno o que aconteceu em maio ou o que aconteceu nas legislativas do ano passado.”Dirigindo-se aos que “sabem que José Sócrates já devia estar na cadeia, mesmo que se ria à frente das câmaras”, aos que “estão fartos de pagar impostos para as minorias que continuam a inundar o nosso país e a servirem-se dos privilégios do Estado”, o líder do Chega disse ter ficado com “certeza maior” de que deveria correr o risco de avançar por ter visto “os três candidatos presidenciais” - como se referiu a Gouveia e Melo, Marques Mendes e António José Seguro, que têm liderado as sondagens - dizerem que concordavam com Marcelo Rebelo de Sousa no veto à Lei dos Estrangeiros.Anunciando como slogan de campanha “Portugal Primeiro”, o líder do Chega terminou a sua declaração a dizer que mantém a convicção - reforçada pelo Barómetro DN/Aximage de setembro, que colocou pela primeira vez o seu partido à frente nas intenções de voto - de que irá protagonizar um “projeto de transformação do país”, que tanto poderá acontecer na residência oficial do primeiro-ministro como no Palácio de Belém ou no hemiciclo da Assembleia da República. .Belém: há nove candidatos e recorde está à vista.Candidatura de Ventura “deve exigir de todos os democratas uma tomada de consciência coletiva"