Cristóvão Norte conjuga o PAN, CDS-PP, IL e MPT para manter Faro social-democrata. Diz ser a próxima missão depois de vários anos no Parlamento e vinca a proximidade com Luís Montenegro para certas decisões estratégicas, até no endividamento para ter mais habitação. Depois de muitos anos na Assembleia, candidata-se a Faro. É um fim do trajeto como tribuno?Eleito presidente de Câmara, deixo, obviamente, de ser deputado.Agora, entendo que a função de presidente de Câmara tem duas dimensões. Vou continuar a ser deputado no sentido reivindicativo do termo e de exercer a minha magistratura de influência com vista a resolver os problemas que não estão sob a jurisdição do presidente da Câmara.Em caso de derrota, ficará com pelouros?Não preciso de mudar de morada nem de olhar para o meu cartão de cidadão para ter uma ligação indestrutível com Faro. Seja como presidente, como vereador, como deputado, o que puder fazer pela minha terra faço.Como justifica a associação ao PAN para esta coligação?Vou contar-lhe a história. Fui em viagem para o Porto e o veterinário deixou o meu animal fugir. Isto em 2009, não era deputado. Nessa altura, o PAN formou-se e encontrei à época o primeiro líder do PAN, e disse assim: ‘olha, um dia você vai fazer as leis de proteção dos animais’. Quando fui eleito, na altura o PAN ainda não tinha representação parlamentar, ajudei a fazer a lei de criminalização dos maus-tratos e abandono de animais de companhia e uma alteração do código civil. À luz do direito civil português, um frigorífico ou um cão tinha o mesmo tratamento jurídico. Se consigo unir o que nunca ninguém em Portugal alguma vez uniu, os farenses podem estar confiantes de que vamos conseguir fazer o que não se fez em Faro. Há pluralidade.Não teme que a condenação de Macário Correia por prevaricação denigra a sua candidatura?Não, impossível, porque quem conhece esse processo sabe que não põe em momento algum em causa a idoneidade política de Macário Correia. Essas decisões urbanísticas acabaram por nem ter lugar nem benefício para o próprio. Aprendi muito com ele, quero fazer muitas das coisas que fez. Já conheci muitos autarcas, nenhum tem o seu conhecimento. As grandes decisões serão partilhadas por Câmara e Assembleia. Se vencer sem maioria em mandatos, negociará com o Chega?Se os cidadãos entenderem que não deve haver maioria, tenho obrigação, enquanto presidente de Câmara, de garantir a boa governação da cidade. Isso significa ter a flexibilidade na estratégia para assegurar as condições de realização do projeto político mais votado, mas ter a firmeza de princípios que impeça que qualquer posição política conduza a uma sociedade mais intolerante, fraturada e que destrua a ideia de comunidade que quero preservar.A proximidade com Luís Montenegro ajuda a negociar verbas?O primeiro-ministro anunciou o concurso do Hospital Central do Algarve, ando há dez anos com esta matéria, ando a trabalhar para Faro. É importante ter influência política para essas decisões e para se terem investimentos públicos. O candidato com maior influência sou eu. Apresentámos uma gestão integrada da Ria Formosa, com vista a eliminar chagas sociais como o bairro da Horta da Areia. Queremos construção de baixa densidade e uma marina. Tem garantia de investimento do governo para a habitação?Já há projetos em duas localizações, muito do processo está avançado pelo Executivo. Vamos assegurar que temos 300 casas a custos controlados. Depois, queremos fazer mais 200 casas de habitação social. O Estado assume 60% da verba e a Câmara o resto. Temos uma gestão financeira exemplar e pode haver um endividamento de 46 milhões de euros. As populações do Bairro da Horta da Areia seriam realojadas para um terreno a adquirir posteriormente.No setor público, quais são os planos?O hospital terá enormes valências, como um centro oncológico. Isso vai fixar profissionais. Mas temos 100 mil pessoas sem médicos de família no Algarve. Vamos criar uma unidade de saúde familiar para complementar as cinco tipo C prometidas pelo Estado. Também teremos mais assistentes para a Educação, face às muitas crianças que não falam português. No Desporto, o plano é ter uma cidade desportiva como é o Jamor e reabilitar piscinas municipais.É a imigração que leva ao voto no Chega?Vai além disso. Porque as pessoas sentiram a orfandade, prometiam um hospital, mas não lho davam. Começaram a exercer um voto de repúdio. Não é necessário haver nenhum episódio de insegurança com vista à criminalidade, basta haver essa perceção de insegurança, que tem de ser tratada com a regulação dos fluxos migratórios e com as condições dignas de trabalho. E com o cumprimento de normas de civilidade que são imperiosas, como falar a nossa língua..Autárquicas. À beira da Ria Formosa surge uma luta a três, com Chega e PS a desafiarem domínio do PSD .Macário Correia afastado da Câmara de Faro.Montenegro de mãos dadas com Cristóvão Norte no Algarve: promessas antes das autárquicas em Faro