Rui Rocha reconhece que o mediatismo de ter sido presidente da Iniciativa Liberal é importante, mas realça ter experiência na política nacional, o que pode facilitar a transformação de Braga em motor de uma área metropolitana. Vinca a importância das acessibilidades para dinamizar o Minho.Foi eleito deputado no Parlamento. Deixará de o ser?Não houve uma decisão de saída de deputado. A minha intenção de ter responsabilidades autárquicas em Braga era algo que tinha pensado mais à frente. Tomei a decisão de não continuar à frente da Iniciativa Liberal, apesar de termos crescido nas eleições. E esse calendário que tinha previsto mais à frente na minha vida política acabou por ficar disponível. Era uma oportunidade de contribuir para a minha comunidade, onde vivo desde 1976, onde tive os meus filhos. Olhando aos candidatos que outros partidos punham sobre a mesa, pareceu-me que ficavam aquém daquilo que são as necessidades para projetar Braga.Queria ser candidato, mas mais à frente. Qual era o plano? Ambicionava um resultado mais forte para a IL nas últimas Legislativas. Entendia que, face aos desafios que o país enfrenta, que era importante que a IL pudesse influenciar a governação. Era essa a ambição, porque a Saúde não vai mudar com as atuais políticas, as questões da habitação continuam a avolumar-se e não vão mudar com o PSD. Há um fervor diferente, por poder ser o primeiro a ganhar um município para a IL? É um enorme desafio, como se compreende, temos uma autarquia em que só houve duas cores partidárias na liderança. É um desafio enorme, muito difícil.Para vencer esta câmara poderia precisar de 23, 24%. O seu mediatismo é decisivo? Concordo com esses números. Creio que é uma vantagem, obviamente, mas não se reduz a força desta candidatura ao mediatismo. Tenho experiência política, percebo as regras de funcionamento a nível nacional. Parece-me ser o único programa que tem uma visão de futuro para Braga. As duas forças políticas que estiveram no poder conduziram Braga a alguma estagnação.Ficará na oposição se perder as eleições ou aceitaria pelouros vindos do PSD?O objetivo é vencer as eleições. O caminho será sempre o da oposição. Se há uma candidatura que se quer afirmar pela diferença faria pouco sentido, depois, pôr outros cenários sobre a mesa. Pode ser força de bloqueio, até à direita? Não queremos ser irresponsáveis, não queremos contribuir para que haja um clima de ingovernabilidade da cidade, mas os cenários em que nos movemos são cenários em que a IL ou ganha a presença da Câmara ou assume de forma responsável a oposição a quem ganhar. Que avaliação faz de João Rodrigues como vereador?Antes, é preciso fazer um diagnóstico do desempenho de Ricardo Rio à frente da Câmara Municipal. Encontrou muitos problemas quando chegou, uma câmara depauperada. Fez uma consolidação positiva, mas a partir de certa altura faltou ambição para a cidade e houve um certo conformismo nessa gestão. João Rodrigues foi o pior vereador de Ricardo Rio, porque as grandes bandeiras não se concretizaram. O vereador do urbanismo não conseguiu ter um PDM aprovado, isso era particularmente importante porque Braga é dos poucos municípios que cresceu em termos de população e precisa de resposta para a habitação. Não é por acaso que o próprio Ricardo Rio afirmou que João Rodrigues não era nem a primeira, segunda ou terceira escolha.A ligação de João Rodrigues à Spinumviva suscita dúvidas em relação à sua idoneidade?A candidatura própria em Braga é anterior à minha decisão, numa visão da IL, que não se revia na candidatura de João Rodrigues. O caso Spinumviva teve influência nessa decisão de apresentar listas próprias em Braga, está ainda em investigação pelo Ministério Público. Estou convencido que o caso Spinumviva poderá ter uma ramificação em Espinho, mas é provável que tenha o seu epicentro em Braga. No caso de João Rodrigues não é pela idoneidade, mas por independência política. Apresenta-se com subserviência ao aparelho do PSD e Governo. O próprio processo do BRT, a estação do TGV cuja localização será tudo menos aquela que seria mais útil para Braga, mostra que a Câmara esteve subserviente e aceitou uma espécie de esmola que o poder central lhe quis atribuir. Não coloco na dimensão criminal, mas na cumplicidade.Está comandado por Hugo Soares, secretário-geral do PSD? É o diagnóstico que faço nesta matéria. João Rodrigues garantiu ter obras públicas acertadas com Miguel Pinto Luz.Ou há garantias dadas ao candidato ou as garantias que existem são uma interpretação que o município tem determinadas realidades e nesse caso não são de João Rodrigues, são de todos os candidatos. Ou então não há garantias e João Rodrigues estava a afirmar que tinha um conjunto de garantias que não tem.O que pensa dos 11 milhões de euros para o nó de Infias?Essa obra é prometida há muito tempo, não terá o alcance que alguns lhe querem dar, de resolver os problemas sérios de mobilidade que existem hoje em Braga, mas parece-me que é uma obra necessária, sendo que defendemos o metro de superfície. Depois, obviamente, podemos avaliar ser formalizada a 15 dias das eleições, não é? Há a Variante do Cávado ou a 2.ª Circular de Braga também anunciada, a promessa do BRT, de concluir o PDM. São promessas de Santa Engrácia.Concorda com o BRT, a via dedicada para metrobus?Era um projeto que tinha começado com a promessa de ter quatro linhas, essas linhas foram sucessivamente caindo e terá, aparentemente, para início de conversa, uma linha. A solução é discutível, aqui a utilidade da solução mede-se pela transferência modal, ou seja, o que é que essa linha de BRT única poderia contribuir para a transferência, nomeadamente do automóvel, para a utilização do transporte público? Parece evidente que contribuirá muito pouco porque já há uma linha de autocarro que faz esse serviço. Coloca também alguns problemas do ponto de vista da organização porque, em parte, o percurso circulará em linha dedicada e obrigar à reconfiguração de alguns eixos da cidade. Não paralisaríamos o projeto, mas tentaríamos aproveitar o investimento para o metro de superfície. Existe ainda o projeto do BRT para a ligação entre Braga, Famalicão, Guimarães, Barcelos e esse é inútil porque é impossível que exista a tal via dedicada. Aí defendemos uma solução de ferrovia.Preocupa-o que o TGV não fique acessível aos bracarenses?O TGV é seguramente muito importante do ponto de vista da mobilidade. Quanto mais próximo do centro urbano maior são as probabilidades de haver sucesso na utilização da linha. Como alcança a definição de Braga como capital do Norte?O Porto tem uma limitação territorial, não pode crescer. Braga pode. Temos de ter visão para uma década, com ligação aos polos urbanos. Promover a área metropolitana do Minho é um instrumento político fundamental. Ganhamos coordenação de investimento e atração. Se não conseguimos juntar as 800 mil pessoas que temos na região, continuaremos a discutir o BRT que vale 70 milhões, quando no Porto o investimento em mobilidade vai aos mil milhões de euros. Investiria em habitação pública caso seja eleito?Acreditamos na iniciativa privada. O Estado não tem proporcionado soluções na habitação. Não questiono que numa parte, nunca muito grande, possa ser dado um impulso público, mas privilegiaria o apoio à renda em vez de habitação cedida pelo município. Queremos expandir pela Variante do Cávado e pelo TGV a Oeste. A Oeste, uma densidade mais elevada, com expansão de viver a 15 minutos do local de trabalho, com acessibilidades fáceis. ."Estou onvencido que o caso Spinumviva poderá ter uma ramificação em Espinho, mas é provável que tenha o seu epicentro em Braga"Rui Rocha.Autárquicas. Coligação PSD/CDS para Braga afirma que Rui Rocha foi "corrido" de Lisboa.Rui Rocha vê “Governo precocemente esgotado”