O primeiro-ministro garantiu esta quarta-feira, durante o debate quinzenal, que o Governo, para já, não vai fazer alterações no regime atual da Segurança Social, mas contempla a possibilidade de haver “alterações para outra legislatura, relativamente à sua sustentabilidade”, até porque, sustentou Luís Montenegro, o PS legou ao atual executivo “um livro verde para a sustentabilidade da Segurança Social”.“O que é que esse livro verde preconiza”, perguntou o primeiro-ministro de forma retórica durante uma resposta ao líder do PCP, Paulo Raimundo, que acusara o Governo de ter aberto “uma nova fase de ataque aos direitos dos trabalhadores”, especificamente no que diz respeito à Segurança Social..Montenegro não mexe na Segurança Social nesta legislatura, mas acusa o PS de lhe ter dado "um livro verde" para o fazer.“Aquilo que os senhores nos acusam de querer”, respondeu Montenegro à sua própria pergunta, acusando o PS de ter aberto a porta a quaisquer alterações que possam ocorrer.No entanto, assegurou que, se houver “algumas alterações”, estas ocorrerão de acordo com o “crivo do povo”, mas não nesta legislatura.“O que este Governo tem é disponibilidade para fazer uma análise profunda”, mas “sempre com a legitimação do povo português”, garantiu, assegurando que o governo está a “colaborar para dar sustentabilidade ao sistema de Segurança Social”.“O senhor Pedro Nuno Santos e o senhor deputado Paulo Raimundo não são donos da verdade”, considerou enquanto prometia que o Governo não fará “nada nas costas dos portugueses e das portuguesas”.Logo no arranque do debate, o líder do Chega, André Ventura - numa referência indireta ao ex-secretário de estado Hernâni Dias, que se demitiu por suspeita de haver uma incompatibilidade entre a lei dos solos e o facto de ser proprietário de duas empresas do setor imobiliário -, desafiara Montenegro, na qualidade de líder do PSD, para acompanhar o Chega numa iniciativa para afastar deputados e autarcas implicados em “crime que toque o dinheiro das pessoas e a transparência”..Montenegro considerou que os políticos que sejam suspeitos de crimes graves devem questionar a sua “legitimidade política para o exercício da função” (ver mais nas págs. 12 e 13).Com esta ideia presente, André Ventura defendeu que “ser sério é dizer a quem comete crimes que a porta da rua é a serventia da casa”.“Se eu fosse como o senhor deputado, responder-lhe-ia assim ‘por essa ordem de razão, a porta estava aberta para si, que já foi acusado e até condenado’”, afirmou Luís Montenegro, numa referência ao processo de difamação de que André Ventura foi alvo, relativamente a uma família do Bairro da Jamaica, o que motivou a acusação de André Ventura de que o primeiro-ministro é o político “mais baixo destes últimos anos”. “Se levar tudo como um ataque pessoal, então, senhor primeiro-ministro, está na hora de ir embora”, completou.“Eu estou aqui para dar e durar, ao contrário do senhor deputado, que está aqui porque queria ser primeiro-ministro”, acusou Montenegro, lembrando que Ventura “quer ser Presidente da República. Quem está com vontade de ir embora não sou eu, é o senhor deputado.”À esquerda, o tema quente, para além da Saúde, que foi abordado por todas as bancadas, foi a conferência de imprensa do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com declarações sobre Gaza.A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, juntou-se ao BE e ao PCP, que já tinham questionado Montenegro sobre o tema, e perguntou ao primeiro-ministro se condenaria “as declarações de Trump, onde, lembrou, o Presidente norte-americano disse que iria construir uma Riviera em Gaza.“Nós estaremos sempre do lado do direito internacional, do direito humanitário, da preservação de um caminho que possa desembocar na constituição de dois estados”, começou por garantir o primeiro-ministro.“Querem que eu diga uma determinada coisa? Mas eu já disse o que queria dizer”, rematou.Perante a insistência da deputada do Livre, Isabel Mendes Lopes, que pediu ao Parlamento para imaginar o que seria se os EUA quisessem fazer com os Açores o que Trump disse querer fazer com Gaza, Montenegro lembrou que os “Estados Unidos são inequivocamente nossos aliados”. “Senhora deputada, não vai contar com o Governo de Portugal para inquinar a nossa política externa com alguma dúvida que possa ser suscitada por qualquer declaração que extravase o nosso objetivo e a nossa responsabilidade”, concluiu.