Duas dezenas de candidatos do Chega a presidências de câmara foram (ou são) autarcas por outros partidos
O antigo líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal do Porto, Miguel Côrte-Real, terá André Ventura na apresentação da sua candidatura à Câmara do Porto, na tarde desta quarta-feira. E juntar-se-á às duas dezenas de atuais e anteriores autarcas eleitos por outros partidos que serão cabeças de lista do Chega nas eleições de 12 de outubro.
Contactado pelo DN, Miguel Côrte-Real, cuja apresentação decorrerá nos Jardins da Praça Dr. Francisco Sá Carneiro, às 17h00, confirmou ter-se desfiliado do PSD, que tenta recuperar a Câmara do Porto, em coligação com o CDS e a Iniciativa Liberal, apresentando como cabeça de lista o antigo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte. Tal como o ex-ministro Rui Gomes da Silva, que também já deixou de ser militante social-democrata, Côrte-Real foi um dos promotores do manifesto "Portugal em Primeiro", que apelava a Luís Montenegro, na sequência das legislativas de 2024, para fazer um entendimento com o Chega, demonstrando “foco, responsabilidade e sentido de Estado” para “entender a importância de construir um Governo estável, com uma maioria sólida, que possa fazer as reformas de que o país precisa”.
Entre os candidatos a presidências de câmara já anunciados pelo Chega há diversos autarcas em funções. Também no distrito do Porto, o independente António Parada (que já foi do PS) candidata-se à Câmara de Matosinhos, na qual é atualmente vereador sem pelouro. Já na Sertã, o partido de André Ventura terá consigo o vereador José Nunes, eleito em 2021 pelo PSD, e que é uma figura popular nesse concelho do distrito de Castelo Branco, por ter sido presidente da Junta de Freguesia da Sertã ao longo de 12 anos. Já em Vale de Cambra avança pelo Chega Manuel Campos, atual presidente de uma junta de freguesia do concelho, eleito nas listas do CDS.
Experiência de vereação, mas em mandatos anteriores, também se encontra entre os candidatos autárquicos Alberto Moura (Vila Real), Norberto Teixeira (Santa Marta de Penaguião), António Manuel Silva (Mangualde), José Fidalgo (Figueiró dos Vinhos), José Paulo Sousa (Silves), todos eleitos pelo PSD, bem como Afonso do Nascimento (Vila do Bispo), eleito pelo PS e, mais tarde, por um movimento de cidadãos. E o Chega conta ainda com os ex-deputados municipais Bruno Pereira (Ponte da Barca, PSD), Torcato Moura (Mondim de Basto, CDS) e Fernando Cortes (Aljezur, PSD), e os antigos presidentes de juntas de freguesia Eduardo Gonçalves (Caminha, PS), Luís André Santos (Santa Maria da Feira, PSD) e Virgílio Silva (Alcácer do Sal, CDU).
Na Câmara de Setúbal, o Chega apresentou a ex-deputada do PSD Lina Lopes, que procurará aproveitar a ausência de candidato social-democrata, com o PSD eo CDS apoiarem o movimento independente da ex-comunista Maria das Dores Meira. E outros candidatos autárquicos escolhidos pelo partido de André Ventura já foram vereadores eleitos pelas listas do PSD: é o caso dos atuais membros do seu grupo parlamentar Manuela Tender (Vila Real) e Rui Cristina (Albufeira), aos quais se deve juntar, faltando o anúncio oficial, Eduardo Teixeira (Viana do Castelo), eleito há quatro anos e que se manteve como vereador independente e sem pelouro após sair do seu antigo partido.