João Cotrim de Figueiredo apresentou este domingo a sua candidatura a Presidente da República.
João Cotrim de Figueiredo apresentou este domingo a sua candidatura a Presidente da República.FOTO: Paulo Spranger

Cotrim de Figueiredo, o "Isaac Nader das presidenciais" quer "surpreender" os "tristes do costume"

O antigo líder da IL apresentou este domingo a sua candidatura presidencial. Prometendo um "país preparado para o futuro", o liberal mostrou-se ainda convicto de que passará à segunda volta.
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Foi com uma certeza que João Cotrim de Figueiredo, ex-líder da Iniciativa Liberal (IL) e eurodeputado do partido, apresentou a sua candidatura a Presidente da República: "Vou à segunda volta, acredito que vou surpreender muita gente."

O palco da apresentação deste domingo, 2 de novembro, foi o Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a cerca de 800 metros da residência oficial do chefe de Estado. Este é o cargo para o qual Cotrim espera ser eleito nas presidenciais de janeiro do próximo ano.

Falando para uma sala onde estavam vários apoiantes de diferentes proveniências políticas, como Nuno Afonso (ex-vice-presidente e fundador do Chega) ou Jorge Bleck (advogado que esteve na génese do PSD), o candidato apoiado pela IL (cuja líder também marcou presença) referiu saber "bem" que há "quem" o subestime, "um erro que não é novo".

"Bem sei que há depois aqueles tristes sempre que dizem simplesmente 'não dá'. Mas se há uma coisa que aprendi na vida, é que as coisas que para os tristes do costume não dão, são exatamente as que vale a pena tentarmos fazer", atirou João Cotrim de Figueiredo.

Além destes "tristes do costume", há ainda "muitos" que "não perceberam a vaga de fundo que se está a gerar à volta desta candidatura". "Ou seja", disse o candidato, "vão ficar, uma vez mais, muito surpreendidos com os resultados". Porquê? "Porque estão presos ao que posso chamar uma preguiça dos rótulos, das sondagens, das narrativas, de olhar para a política sempre da maneira como fazem há décadas."

Cotrim e Mariana Leitão, líder da IL.
Cotrim e Mariana Leitão, líder da IL.Foto: Paulo Spranger

Para o candidato presidencial, que anunciou que vai entregar as listas no Tribunal Constitucional já esta segunda-feira (3 de novembro), a intenção por trás desta entrada na corrida a Belém é clara: "Quero construir um país preparado para o futuro." Isto vai "exigir muitos esforços individuais e coletivos. Não devemos ter medo desse esforço."

Este "foco principal" pode então resumir-se em três palavras: "Cultura, conhecimento e crescimento". A ordem não é um acaso. A cultura vem primeiro porque "um povo que esquece quem é, não sabe para onde vai, um povo que não renova a sua cultura, não vai para o lado nenhum". Depois, o conhecimento, que "é o combustível da liberdade". "Só escolhas informadas e conscientes são verdadeiramente livres". E, por fim, o crescimento. "Sem riqueza, não há liberdade duradoura. O crescimento não é um capricho dos economistas, nem um objetivo em si mesmo. É a base sem a qual não poderemos fazer tudo aquilo que precisamos de fazer bem feito", defendeu João Cotrim de Figueiredo.

Analisando depois o estado do país, o liberal focou-se na saúde, "a principal precoupação dos portugueses", que continua a falhar "todos os dias". "Apesar de hoje consumir mais de 80% de recursos do que há dez anos, o sistema público não assegura nem o tempo nem a qualidade dos cuidados de saúde, em especial para os que não têm dinheiro para recorrer a outros prestadores. De uma vez por todas: o Estado tem que assegurar que o sistema de saúde funcione".

Deixando ainda recados dirigidos a três candidatos (Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes e André Ventura), João Cotrim de Figueiredo disse ainda não olhar para a Presidência da República "como um prémio de carreira", nem querer com isso "ser comentador televisivo" ou "ter tempo de antena nas televisões para poder berrar".

"Cotrim é o Isaac Nader do campeonato das presidenciais"

João Cotrim de Figueiredo acompanhado da antiga primeira-ministra belga e atual vice-presidente do Parlamento Europeu, Sophie Wilmès e o mandatário nacional, José Miguel Júdice.
João Cotrim de Figueiredo acompanhado da antiga primeira-ministra belga e atual vice-presidente do Parlamento Europeu, Sophie Wilmès e o mandatário nacional, José Miguel Júdice.Foto: Paulo Spranger

Na sessão de apresentação da candidatura a Belém, João Cotrim de Figueiredo teve a seu lado o mandatário nacional, José Miguel Júdice. Presente esteve também a antiga primeira-ministra belga e atual vice-presidente do Parlamento Europeu, Sophie Wilmès, que, enquanto membro da mesma família política europeia, considerou Cotrim alguém que "realmente ouve" as pessoas.

Já no discurso que fez, de cerca de 10 minutos, José Miguel Júdice começou por dizer que Cotrim de Figueiredo "não tem rival entre os concorrentes". Recordando que vem da "área do PSD" e apoia o atual Governo, o advogado garantiu que o seu apoio não surge "por mera resignação". Quando soube, aliás, que o liberal se iria candidatar, percebeu "de imediato" quem iria apoiar.

Enquanto alguém que viveu "todas as eleições presidenciais", Júdice falou ainda nas sondagens, que chegaram a dar Mário Soares com "8%, menos do que dão ao João" e acabou por passar à segunda volta com 25,43%. "Para passar agora, basta ter 20%", algo que o mandatário da candidatura acredita ser possível.

Para ilustrar esta convicção, recorreu a uma metáfora do desporto: "Este ano, na prova dos 1500 metros do Mundial de Atletismo, um português conseguiu chegar à final. Chegou à reta final em 5º lugar. Nos últimos 100 metros, ultrapassou 4 adversários e foi campeão mundial. Ou seja, na reta final, que se ganham ou perdem os combates. Revejam o filme desses 1500 metros e digam: Cotrim é o Isaac Nader do campeonato das presidenciais."

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