Coimbra foi palco de uma das vitórias mais imponentes para o PSD nas Autárquicas de 2021. José Manuel Silva, que fora eleito vereador em 2017 pelo movimento Somos Coimbra, passou a ser coadjuvado pelos sociais-democratas e uma vantagem de 12 pontos percentuais permitiu um mandato sem atropelos. “Temos a maioria na câmara, não temos na assembleia municipal, mas na assembleia municipal houve apenas um documento que foi rejeitado em quatro anos. Portanto, também nem sequer nos podemos queixar”, relata ao DN o agora recandidato à liderança. .José Manuel Silva recandidato a Coimbra: "Fazemos a maior transformação desde a construção da Universidade".Agora, o médico ganhou a Iniciativa Liberal como parceiro de coligação, ao qual junta CDS-PP, Nós, Cidadãos!, PPM, Volt e MPT. Um acordo que rejeita ser à direita: “Quero rejeitar o epíteto, os rótulos até estão profundamente descaracterizados de ser uma coligação à direita. Não é uma coligação à direita, é uma coligação ao centro e de bom senso pelo desenvolvimento de Coimbra. Como é público, a Iniciativa Liberal terá um vereador, o PSD tinha três, prescindiu de um para integrar a Iniciativa Liberal e eu tenho de agradecer e felicitar o PSD por colocar Coimbra à frente dos interesses partidários para fortalecer a coligação.”O fortalecimento da coligação, agora sem o RIR e o extinto Aliança previu a batalha, que se espera mais acérrima do que em 2021. Na altura, o PS saiu derrotado e agora Ana Abrunhosa, ex-ministra da Coesão Territorial, que se proclama independente, terá consigo Livre, PAN e o movimento associativo Cidadãos por Coimbra. Os esforços do PS para aglomerar a esquerda ficaram curtos em várias capitais de distrito. Mas a desvantagem de 3% nas últimas Legislativas deu esperança ao partido. Em Coimbra, só o Livre e o PAN aceitaram representar-se ao lado da professora universitária, outrora estudante da própria Universidade Coimbra. José Luís Carneiro, a meio de julho, em plena apresentação da candidatura conjunta de Alexandra Leitão, em Lisboa, vincou querer “ganhar Lisboa, Porto, Braga e Coimbra”. No centro do país, o secretário-geral socialista começou a perder. “Gosto de trabalhar com o que tenho e está quem quer estar. A coligação trabalha muito bem junta. Estamos felizes a trabalhar no futuro. Se no futuro existir essa vontade, cá estaremos. Só faz falta quem está. Foram feitas as aproximações, é democracia, respeitamos a decisão”, responde Ana Abrunhosa ao Diário de Notícias, desvalorizando a maior fragilidade dada a ausência do PCP e do Bloco de Esquerda..Ana Abrunhosa: "Cidades não são mercearias, comigo Coimbra pode negociar no Terreiro do Paço".O discurso é de clara mira ao trabalho do atual presidente: “Já basta este autarca justificar o que não faz com base no passado. Preferimos olhar para o futuro. Não olhamos para o retrovisor. Este presidente foi vereador quatro anos, fez as promessas e deveria ter consciência de que poderia cumprir.” A campanha, com dois meses pela frente, vai acender rastilhos pelo centro de Coimbra e são estes os dois candidatos que se perfilam a ocupar o trono do município com mais relevo na região.O Bloco de Esquerda é a verdadeira surpresa, pode dizer-se que até ao PS e Livre pode ter espantado, uma vez que, depois de apoiar os Cidadãos por Coimbra nas três últimas eleições autárquicas, considerou que o movimento se esgotou ao não eleger vereador em 2017 e 2021 e optou por candidatura própria. Tal como José Manuel Silva e Ana Abrunhosa, também José Manuel Pureza é professor universitário e, inequivocamente, chegou a ser uma das personalidades mais conhecidas entre os bloquistas. Como tal, o docente da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra corre por um lugar de vereação, o que, contas feitas, poderá retirar votos que o PS precisa, como de pão para a boca, para combater a reeleição dos sociais-democratas, agora com liberais associados, vincando a necessidade de transportes públicos gratuitos. A CDU, que tem perdido votos nas últimas duas décadas, volta a recandidatar Francisco Queirós, vereador eleito pela coligação que junta PCP e “Os Verdes” desde 2009, tendo assumido pelouros em executivos liderados por partidos diferentes, também vinca a importância dos transportes coletivos e do reforço da política cultural abrangente. Maria Lencastre Portugal, militante do Chega desde 2023, depois de ter estado no CDS-PP desde os 18 anos, é a candidata escolhida por André Ventura, depositando armas na habitação a baixo custo e melhoria na limpeza e gestão de resíduos. O Chega elegeu um deputado em 2021, que entretanto se desvinculou do partido. A estratégia do isolamento, longe do PSD, leva a jogo o resultado nas legislativas: foram 11 mil votos, 14,16% dos eleitores do concelho.