O secretário-geral socialista, José Luís Carneiro, anunciou uma “abstenção exigente” no Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) para “assegurar a estabilidade política” do país, apesar de criticar a proposta orçamental do Governo.O anúncio foi feito depois de uma reunião da Comissão Política Nacional do PS, que acabou já na madrugada desta quarta-feira (15 de outubro), e que aconteceu depois de uma reunião, na terça-feira, com o grupo parlamentar do PS sobre a posição do partido em relação ao OE2026.Segundo o líder do PS, nestes dois órgãos houve uma “manifestação geral de apoio" à proposta que fez de abstenção, que qualificou como "abstenção exigente" a um orçamento "que não é do PS" e ao qual deixou várias críticas. "O documento entregue pelo Governo na Assembleia da República satisfaz essas condições básicas colocadas pelo Partido Socialista ao Primeiro-Ministro. Cumpridas essas exigências, o PS deverá honrar a palavra dada aos portugueses, não se constituindo como um fator de instabilidade política", justificou.Este contributo para a estabilidade, na perspetiva de Carneiro, permite que se "possa concluir a execução no próximo ano do Plano de Recuperação e de Resiliência"."Sem dar qualquer pretexto para qualquer invocação de desculpas por parte do Governo da AD. Não se desculpará com as opções do Partido Socialista", defendeu.Esta "abstenção exigente", segundo Carneiro, "é a expressão de uma oposição firme, mas também construtiva e responsável"."Assumimos sem tibiezas que este não é o orçamento do PS. Com o Governo do PS este seria um orçamento substancialmente diferente nas medidas e nos objetivos. Este é um orçamento que não responde às nossas opções de política económica, não responde às nossas opções de política social, não responde à nossa visão de desenvolvimento do país, nem às nossas opções estratégicas nos diversos setores de atividade", criticou.Segundo o secretário-geral do PS, este é "um orçamento vazio de ambição e de conteúdo" e "sem estratégia para melhorar a economia e a vida das famílias"."É um orçamento que, apesar de continuar a degradar as contas públicas, está esvaziado de medidas decisivas de apoio às famílias e às empresas. Com este orçamento, o Governo confessa que falhou às suas palavras no que respeita à política económica", acusou.Questionado sobre se a abstenção vale só para a generalidade ou se será a posição do PS na votação final global, o líder do PS disse que "depende agora do que vai ocorrer na especialidade", recusando que o documento possa ser desvirtuado com a introdução das linhas vermelhas que os socialistas tinham recusado."O princípio geral é o de contribuirmos para a estabilidade, o que significa que a abstenção é para o conjunto do orçamento, mas é evidente que vai depender também muito da forma como o Governo olhar para os partidos, neste caso para o Partido Socialista, em sede de diálogo na especialidade", disse, assegurando que não fará depender o seu voto do Governo "aceitar ou não" as propostas do PS.Apesar da "garantia de estabilidade" que quis deixar aos portugueses, Carneiro deixou claro que o PS não se identifica com este orçamento e antecipou áreas em que deverá apresentar medidas, como a garantia de que as pensões mais baixas não vão ser reduzidas, e “minimizar o aumento do custo de vida, nomeadamente na aquisição de produtos alimentares essenciais, bem como os custos com habitação”.O aumento dos mecanismos de apoio aos antigos combatentes, a introdução de uma taxa liberatória reduzida no IRS para as prestações de serviços complementares dos bombeiros, o reforço da competitividade empresarial e o estímulo ao crescimento económico ou a redução dos custos de contexto das empresas são outros dos aspetos que o PS quer ver melhorados, bem como a revisão da Lei de Finanças Locais..Presidenciais: José Luís Carneiro e Carlos César vão propor à Comissão Nacional do PS apoio a Seguro