Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.
Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.Foto: Leonardo Negrão

Carlos César: "Maus resultados implicam reflexão sobre como PS deve abordar a sua perceção social"

Presidente do PS aponta eleições para o cargo de secretário-geral do partido para 27 e 28 de junho. Será Carlos César a representar os socialistas nas reuniões com Marcelo.
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O presidente do Partido Socialista assumiu que a reunião da Comissão Nacional do partido, que se realiza este sábado em Lisboa, é "de grande importância, pelas consequências dos maus resultados de 18 de maio e pela demissão do secretário-geral Pedro Nuno Santos".

À entrada para o Altis Grand Hotel, Carlos César diz que os "maus resultados implicam uma reflexão profunda, pausada do modo da forma como o PS deve abordar a sua perceção social. Será uma reflexão difícil e corajosa, a partir do revés eleitoral".

"Nesta fase, o PS deve estar concentrado na reposição da sua normalidade, com uma liderança interna e a preparar o sucesso das eleições autárquicas. Sendo certo que essa reflexão é necessária, é importante que a prioridade sejam as autárquicas. Que secretário-geral seja eleito a 27 e 28 junho, com o prazo para apresentação de candidaturas até 12 de junho. Quando a nova liderança achar adequada, haverá eleições para os delegados ao congresso do PS", prosseguiu.

Carlos César assumiu ainda que será o próprio a representar o partido nas reuniões com Marcelo Rebelo de Sousa após serem conhecidos os resultados finais das eleições legislativas: "Para já o que é importante dotar o PS dos instrumentos de que necessita para estar pronto para o que for chamado, como audições com Presidente da República ou a votação da Mesa da Assembleia da República. o PS representa-se por quem tem esse direito estatutário, o presidente do PS. Os órgãos do partido estão a funcionar de forma plena, à exceção do secretário-geral, que interinamente é o presidente do partido."

Sobre a situação política, o líder socialista diz que existe uma "situação semelhante à da legislatura anterior", pelo que, "se o PS viabilizou o governo anterior, vai viabilizar este". "O PS tem resposta para todas as dúvidas que o Presidente da República possa ter", garantiu.

Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.
Comissão Nacional do PS analisa pesada derrota e decide calendário interno

Depois da pesada derrota nas legislativas, que levou Pedro Nuno Santos a demitir-se, a Comissão Nacional do PS reúne-se este sábado para analisar os resultados e aprovar os calendários eleitorais, estando até agora na corrida à liderança José Luís Carneiro.

O PS regressa este sábado ao hotel Altis, em Lisboa, quartel-general da noite eleitoral de há quase uma semana que ditou o seu terceiro pior resultado em eleições legislativas e, ainda com os resultados provisórios porque não estão contados os votos da emigração, resultou na perda de 20 deputados e um quase empate com o Chega.

Logo na noite eleitoral de domingo, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, assumiu as responsabilidades pelo resultado e pediu a sua demissão, cargo que deixará após a reunião de hoje, devendo ficar o presidente do partido, Carlos César, a assumir as funções interinamente, segundo informação adiantada à Lusa.

Na reunião deste sábado, que servirá para analisar os resultados das legislativas, serão ainda aprovados os calendários e regulamentos eleitorais internos.

Carlos César, numa proposta também subscrita por Pedro Nuno Santos, propõe a este órgão máximo entre congressos a realização de eleições imediatas para o cargo de secretário-geral socialista, entre o fim de junho e início de julho, adiantou à Lusa fonte oficial na quinta-feira.

Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.
Carlos César vai propor eleições imediatas para secretário-geral do PS

Em alternativa a esta proposta do presidente do PS, o antigo candidato à liderança socialista Daniel Adrião, juntamente com outros dirigentes, propõem à Comissão Nacional do PS eleições primárias abertas apenas em outubro ou novembro, considerando mais sensato que o novo secretário-geral seja escolhido depois das autárquicas.

Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.
"Impõe-se um processo de análise." Seis membros da Comissão Nacional do PS defendem congresso após autárquicas

Carlos César ouviu, segundo fonte oficial adiantou à Lusa, “diversas personalidades apontadas como possíveis candidatos à liderança do PS e optou pelo cenário de eleições imediatas apenas para o cargo de secretário-geral do partido”.

Horas depois desta notícia, soube-se que os dois ex-ministros dos governos de António Costa, Fernando Medina e Mariana Vieira da Silva, estavam fora desta corrida eleitoral, numa semana em que também Duarte Cordeiro e Alexandra Leitão já tinham manifestado a sua indisponibilidade.

Assim, neste momento é o antigo candidato à liderança do PS José Luís Carneiro – que há cerca de um ano e meio perdeu as diretas para Pedro Nuno Santos – o único nome que até agora avançou a sua disponibilidade para a sucessão da liderança do PS.

Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.
Vieira da Silva e Medina não avançam e estendem a passadeira a José Luís Carneiro para a liderança do PS

Numa nota enviada à Lusa logo na segunda-feira ao final dia, o antigo ministro da Administração Interna assegurou que estará disponível para servir o PS e Portugal, considerando que o partido deve fazer “uma reflexão profunda” e abrir um novo ciclo, além de contribuir para a estabilidade política.

Segundo os resultados provisórios, o PS tem neste momento 58 lugares no parlamento, com um resultado de 23,38%, ou seja, 1.394.501 votos.

Com este resultado, o PS surge quase empatado com o Chega e, em comparação com os mesmos resultados do ano passado, também sem a emigração, perdeu mais de 365 mil votos num ano.

Pedro Nuno Santos e Carlos César, presidente do PS.
PS perdeu 10% dos eleitores de 2024 para Chega; Chega perdeu 5% para PS

Este é o terceiro pior resultado da história do PS em termos de percentagem, tendo a marca só sido pior apenas em 1985, com Almeida Santos, e em 1987, com Vítor Constâncio.

No discurso no qual assumiu a derrota, o líder do PS assumiu a responsabilidade do resultado, disse que deixa de ser secretário-geral se “puder ser já” e que não quer "ser um estorvo nas decisões" que o PS tem que tomar.

“Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve. Obrigado a todos”, enfatizou.

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