Braga verá a mais frondosa batalha autárquica da sua história, com dez candidatos à procura de uma natural mudança de ciclo, depois da saída por limitação de mandatos do presidente Ricardo Rio, após 12 anos de liderança. Antes, só o Partido Socialista conhecia o sabor do poder na Cidade dos Arcebispos, comandada por Mesquita Machado durante 37 anos. Esta eleição ganhou protagonismo quando Rui Rocha, então presidente da Iniciativa Liberal, disse adeus ao cargo para se lançar à corrida pela autarquia onde cresceu e por onde foi eleito, sucessivamente, para a Assembleia da República. Os quase 9,5% acumulados em 2025 não o colocam como candidato a vencer em Braga e seria preciso um volteface para que pudesse combater os dois partidos mais votados cronicamente. Pela informação que o DN foi recolhendo junto às máquinas partidárias o caminho de crescimento não o aproxima da vitória, nada que no dia 12 de outubro não possa ser contrariado pelo mediatismo que Rocha teve como líder de um partido e com crescimento até nas Legislativas de 2025. O PSD tem o CDS-PP e o PPM na coligação e candidata João Rodrigues, vereador com pelouros no Urbanismo e Habitação. Há oito anos no Executivo, o advogado é figura próxima de Hugo Soares, líder parlamentar e secretário-geral dos sociais-democratas, com quem fundou um escritório de advogados. O caso Spinumviva é tema recorrente para a oposição: o pai era cliente da empresa de Luís Montenegro e a esposa fez consultoria como colaboradora externa. Nas Legislativas, Montenegro não foi afetado nas urnas em Braga, João Rodrigues espera o mesmo, vincando ter apoio do anterior autarca, hectares para a construção de habitação no Plano Diretor Municipal, ainda em consulta pública, e independência política da máquina partidária.Em 2021, o PS ficou a 12% do PSD, em 2017 situara-se a 25%. Agora procura recuperar um bastião que o próprio secretário-geral, José Luís Carneiro, de lá eleito para a Assembleia da República, diz ser objetivo primordial. António Braga, antigo secretário de estado das Comunidades do governo de Sócrates, com anos de Parlamento e relações diplomáticas, tem quase o dobro da idade (72 anos) de Rodrigues e quer uma Área Metropolitana com parcerias com Viana do Castelo. Negociou com o Livre, mas irá coligado com o PAN.É provável uma maioria relativa e trabalho diplomático pela frente. O vencedor, tendo quatro mandatos, pode ver o rival ter outros quatro. E à direita as perspetivas são de maior afluência: pode dar-se o caso de o PS vencer, com quatro ou cinco mandatos e ser bloqueado por seis ou sete vereadores da direita. Daí que o discurso a relevar a importância de maiorias absolutas ganhe força. O PSD, em cenário de cinco deputados, teria de negociar com Ricardo Silva ou Rui Rocha, possivelmente.Filipe Aguiar, líder da concelhia de Braga, é o candidato do Chega, que obteve menos de 5% nas últimas autárquicas, mas 21,02% nas Legislativas. Em Vieira do Minho, em 2021, Aguiar obteve 1%. Quer garantir condições à natalidade dos nativos em Braga. Ricardo Silva deverá ter direito a assento municipal: encabeça o movimento independente “Amar e Servir Braga”, fez três mandatos a comandar a freguesia de São Victor, das mais importantes eleitoralmente, o último já a solo, dissidente do PSD.A CDU tem um vereador desde 2013, mas a tarefa de João Baptista estará mais dificultada. Sem união à esquerda, o Bloco apresenta António Lima, o Livre Carlos Fragoso. Nenhum dos partidos conseguiu eleição de deputados na sua história em Braga.O ADN avança com Francisco Pimentel Torres, ex-número 2 da IL em 2021. Hugo Varanda representa o MPT, saído do PPM. .É provável uma maioria relativa e trabalho diplomático pela frente. O vencedor, tendo quatro mandatos, pode ver o rival ter outros quatro. Pode dar-se o caso de o PS vencer, com quatro ou cinco mandatos, e ser bloqueado por seis ou sete vereadores da direita.Cenário eleitoral.António Braga: “Somos a única proposta alternativa a uma coligação esgotada” .Braga. Entrevista João Rodrigues: "Há 1000 hectares para construção".Entrevista a Rui Rocha: "Braga esteve subserviente e aceitou uma esmola do poder central"