Isabel Mayer Moreira, deputada do Partido Socialista, é a primeira parlamentar do grupo a assumir o voto noutro candidato que não António José Seguro. A decisão “ponderada e sem falar com Catarina Martins” é um “ato político”, descreve ao DN. “Quero fazer uma forte oposição a esta lógica crescente de diluição dos partidos, como se fosse de purificação os candidatos dizerem que não tiveram vida partidária. É preciso afirmar sem rodeios a esquerda e as nossas grandes causas como a defesa do SNS, os direitos elementares dos trabalhadores e a habitação ou os serviços públicos robustos, que agora parecem ser tidos como algo radical. É um ato político. Optei votar na única mulher candidata a Belém, feminista, que não tem rodeios, como Jorge Sampaio, e que toma partido por causas elementares e pela esquerda”, justifica ao DN a deputada que, noutra eleição presidencial, apoiara outro candidato fora da esfera do PS, no caso João Ferreira, do PCP.Isabel Mayer Moreira recusa “fazer ataques” a António José Seguro, louva-lhe “a coragem de avançar e estar sozinho durante muito tempo”, reconhecendo que, no discurso, Catarina Martins é que tem “demonstrado preocupações viscerais” nomeadamente quanto ao “ódio por comunidades, misoginia e políticas feitas de forma imoral.”Por dizer que Seguro tomou uma “decisão individual”, “que não foi por sugestão do PS”, reforça que não houve celeumas internas com a sua declaração. “Somos um partido plural, já muitos outros filiados concordaram com a minha decisão, mas também anteriormente expressaram intenção de votar noutro candidato. A indicação do PS é de apoio, mas vota-se numa pessoa. Estou confortável, generalizadamente, com as indicações gerais, e sigo as indicações do meu partido a maioria das vezes. É normal acontecer isto. É o partido de Mário Soares”, realça.Isabel Moreira, sabe-se, contribuiu também na aliança para a coligação Viver Lisboa. Existe uma proximidade natural e respeito institucional e ideológico por muitas figuras do Bloco de Esquerda. A luta feminista, por exemplo, tem unido Moreira e Livre e Bloco de Esquerda, até porque alguns dos comportamentos de desrespeito apontados ao Chega generalizaram-se às mulheres do Parlamento, trespassando a defesa individual de cada bancada.O PS, apurou o DN, não espera movimentações semelhantes nos próximos tempos, mas respeita a decisão. Isabel Moreira descarta desunião na bancada. Embora diga que compreende a abstenção no Orçamento do Estado, “para não dar desculpas ao Governo”, vinca que “teria votado contra” o documento. “Ainda assim, percebo a decisão do secretário-geral. A questão está ultrapassada”, termina, sem criticar José Luís Carneiro..“Teria votado contra o Orçamento do Estado”, alega Isabel Moreira, ainda que diga compreender a decisão de José Luís Carneiro.Divergências internas.Presidenciais. Deputada socialista Isabel Moreira anuncia que está com Catarina Martins.Isabel Moreira (PS) queixa-se que Filipe Melo (Chega) lhe "enviou beijos" em debate parlamentar