Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS.
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS.PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

Pedro Nuno Santos. A segunda oportunidade de quem nega ser radical

Perfil. Nascido e criado em São João da Madeira, é filho de Américo dos Santos, um dos donos do grupo Tecmacal. Licenciou-se em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa.
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Os quatro anos em que Pedro Nuno Santos foi o principal articulador da Geringonça, na qualidade de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, assegurando a gestão do apoio dos deputados do Bloco de Esquerda, PCP e PEV à governação minoritária de António Costa, mantêm-se bem presentes na segunda oportunidade para vencer as eleições que o secretário-geral do PS terá, após a derrota tangencial do ano passado.

Numa campanha eleitoral que muitas vezes tentou afunilar no caso da Spinumviva, Pedro Nuno Santos tem negado ser um radical, devolvendo a acusação aos presumíveis futuros aliados liberais de Luís Montenegro. Não foi uma novidade, pois o posicionamento ao centro é uma constante desde que se lançou na corrida à sucessão de António Costa na liderança do PS. O “neto de sapateiro e filho de empresário” rodeou-se de figuras da ala direita do partido, como Francisco Assis, e tentou disputar eleitorado de centro com a Aliança Democrática. Elegeu apenas menos dois deputados do que a coligação, mas a viragem à direita nas legislativas foi muito pronunciada.

Pedro Nuno Santos acabaria por negociar com a coligação de centro-direita a conturbada eleição do presidente da Assembleia da República, tal como a viabilização do Orçamento do Estado para 2025, mas a moção de confiança apresentada pelo Governo de Luís Montenegro levou-o a juntar os votos dos deputados socialistas aos dos outros grupos parlamentares da esquerda e ao Chega. Seguiu-se a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas, nas quais espera iniciar um novo círculo de governação socialista.

Já sem o argumento da inexperiência governativa do principal adversário, Pedro Nuno Santos tem apelado à concentração de votos à esquerda, mesmo sem ter a vitória do PS como condição sine qua non para se tornar primeiro-ministro, ainda que a esquerda continue minoritária. Para tal, aposta no IVA Zero nos produtos alimentares, medida que alega mostrar que governaria “para todos e não só para alguns”, acusando o rival de assim ter feito nos últimos 11 meses, e querer continuar a fazer, com novos cortes no IRS e no IRC.

Já a direita aponta a Pedro Nuno Santos um traço marcante dos anos em que esteve à frente do Ministério das Infraestruturas e Habitação, nos governos de António Costa. Enquanto o atual secretário-geral do PS vê nessa experiência a prova de que é um “fazedor”, os críticos hesitam entre chamar-lhe impulsivo ou leviano. E repetem episódios como a indemnização à ex-administradora da TAP (efémera secretária de Estado do Tesouro) Alexandra Reis, que aprovou por mensagem de WhatsApp, ou o despacho do seu secretário de Estado Hugo Mendes que, à revelia do então primeiro-ministro, foi publicado em Diário da República, para ser revogado no dia seguinte, prevendo um aeroporto complementar no Montijo antes de outro ser construído em Alcochete. Pedro Nuno Santos sobreviveu à desautorização de Costa, mas demitiu-se meio ano mais tarde, em dezembro de 2022.

Envolvido na política desde a adolescência, é acompanhado pelos “jovens turcos” que conheceu na Juventude Socialista, incluindo o amigo Duarte Cordeiro. Não falta quem o acuse de não ter experiência profissional fora do Estado, além da curta passagem pela Tecmacal, empresa do pai, Américo Augusto dos Santos, na qual ele próprio chegou a ter uma quota de 0,5%. Também já teve um Porsche, mas vendeu-o por não ser “coerente com a forma como quer estar na política”.

Vida política

Foi secretário-geral da JS de 2004 a 2008, conquistando a presidência da Federação de Aveiro do PS. Derrotado nas autárquicas de 2009, foi deputado até António Costa o fazer secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e ministro das Infraestruturas e Habitação, demitindo-se no final de 2022. Desde 2024 que lidera o PS.

Vida empresarial

Trabalhou alguns meses na empresa paterna, chegando a ter uma quota de 0,5% no capital social da Tecmacal.

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