PS e PSD sob pressão para arranjar candidatos nas maiores câmaras
Carlos Moedas é o único presidente das cinco maiores câmaras municipais de Portugal que poderá recandidatar-se em 2025, numas Autárquicas que já estão a provocar muitas movimentações nos principais partidos, não obstante faltar mais de um ano para as eleições.
Com Basílio Horta (Sintra), Eduardo Vítor Rodrigues (Vila Nova de Gaia), Rui Moreira (Porto) e Carlos Carreiras (Cascais) impedidos de irem a votos, por limitação de mandatos, tal como Ricardo Rio em Braga, o PS já começou a movimentar-se para encontrar candidatos vencedores que mantenham os seus bastiões e conquistem as principais cidades do país ao centro-direita.
Em Lisboa, onde Carlos Moedas procura um segundo mandato, podendo alargar a coligação de 2021 à Iniciativa Liberal, é voz corrente no PS que há tempo para definir o melhor candidato e a política de alianças, que pode implicar o regresso às frentes de esquerda. A ex-ministra da Saúde Marta Temido era a presumível escolhida, mas a ida para o Parlamento Europeu baralhou contas que podem envolver a ex-ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, ou o ex-ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, que tem no currículo a vice-presidência da Câmara de Lisboa.
Mas sucede que Duarte Cordeiro se tem excluído de cargos políticos, pois teme ser constituído arguido na Operação Tutti-Frutti, que incide sobre autarcas socialistas e sociais-democratas lisboetas.
Um impedimento também válido para a Câmara de Sintra, embora seja o preferido de Basílio Horta, o fundador do CDS que, sem nunca se ter filiado no PS, termina 12 anos de mandatos com o estatuto de principal autarca socialista. As atenções dividem-se entre o vice-presidente da autarquia (e líder concelhio) Bruno Parreira, e a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, que está a ser testada em sondagens internas.
Na direita, com o ex-candidato Ricardo Baptista Leite dedicado à promoção da Inteligência Artificial na Saúde, há movimentações para a terceira candidatura de Marco Almeida, que avançou uma vez como independente e outra com apoio do PSD. Mas na direção nacional social-democrata mantém-se a crença de que é possível convencer o apresentador televisivo Manuel Luís Goucha a devolver Sintra ao centro-direita.
Menores são as hipóteses de viragem em Cascais, apesar de o incumbente Carlos Carreiras ter ficado sem o sucessor que todos esperavam, com a ida de Miguel Pinto Luz para o Governo. Deverá caber ao novo vice-presidente da autarquia gerida pelo PSD e pelo CDS, Piteira Lopes, enfrentar uma figura nacional do PS, que poderá ser o atual vice-presidente da Assembleia da República, Marcos Perestrello, com o Chega e a Iniciativa Liberal a poderem complicar a provável vitória do centro-direita.
PS aponta ao Porto
Na Câmara do Porto, governada há três mandatos por Rui Moreira, uma das incógnitas é o destino do movimento que criou para se eleger. Esperando-se que o número 2 e vice-presidente da autarquia, Filipe Araújo, possa anunciar a candidatura no final do verão, condicionando a corrida Autárquica, o PS tem boas hipóteses de presidir ao município pela primeira vez desde 2001, quando Nuno Cardoso terminou o mandato de Fernando Gomes. Os ex-ministros socialistas Manuel Pizarro e José Luís Carneiro são vistos como potenciais vencedores, sobretudo se Araújo for mesmo a votos (eventualmente com apoio da Iniciativa Liberal), dividindo o eleitorado, mas a Aliança Democrática terá um trunfo forte se os apelos dos órgãos locais do PSD convencerem Pedro Duarte a sair do Governo.
Em Vila Nova de Gaia, autarquia dominada pelo PS nos últimos 12 anos, o favorito para a sucessão de Eduardo Vítor Rodrigues é o deputado socialista João Paulo Correia, recém-eleito presidente da concelhia. À direita, apenas se ouve alguns apelos à recandidatura do ex-líder do PSD Luís Filipe Menezes, que presidiu a câmara entre 1997 e 2013.