Luís Montenegro confirmou nesta segunda-feira algo que era dado como certo ao longo dos últimos meses: é o primeiro líder do PSD a ser candidato único à reeleição desde Passos coelho, após Rui Rio ter forte concorrência (incluindo uma segunda volta, com o próprio Montenegro, em 2020). Terminado o prazo, é o único nome submetido aos militantes do partido nas eleições diretas de 6 de setembro..Na moção de estratégia da sua (re)candidatura, “Acreditar em Portugal”, Montenegro estabelece como primeiro grande desafio as eleições autárquicas do próximo ano, elevando a fasquia até à recuperação das presidências da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias Portuguesas (Anafre). É um objetivo ambicioso, pois o PS é hegemónico no poder local desde 2013, quando o PSD perdeu Porto, Sintra ou Vila Nova de Gaia, mas o social-democrata defende que os resultados de um “ciclo eleitoral particularmente intenso”, com vitórias nas legislativas, regionais dos Açores e regionais da Madeira, ficando “muito perto disso” nas europeias, indicam que o PSD “reergueu-se como o maior partido português”..Com o 41.º Congresso do PSD, no qual serão eleitos os novos órgãos dirigentes, marcado para 21 e 22 de setembro, em Braga, a cerca de um ano das eleições autárquicas, a moção de Montenegro deixa claro que a próxima Comissão Política Nacional deve começar a tomar decisões. Algo que passa pela escolha de candidatos para municípios em que se perspetivam possibilidades de conquista, como justamente Porto, Sintra ou Vila Nova de Gaia..Por outro lado, recordando que a Presidência da República tem sido desempenhada nas últimas duas décadas por seus antecessores na liderança do partido, Montenegro inclui na moção a preferência por alguém que seja social-democrata. “Há seguramente, nos nossos quadros partidários, militantes com notoriedade e conhecimento profundo e transversal do país, das políticas públicas, das instituições democráticas e cívicas, da realidade geopolítica internacional”, defende, ficando implícito que Marques Mendes, Leonor Beleza, Passos Coelho ou Durão Barroso terão vantagem sobre Paulo Portas ou Gouveia e Melo enquanto “personalidades que dão garantias de isenção e competência para cumprir as responsabilidades que a Constituição da República atribui ao mais alto magistrado da Nação”..A moção do líder social-democrata fala de “um país mais eficiente, que cobra uma menor carga fiscal”, mas que também “combate as desigualdades sociais e territoriais” e que “protege os mais vulneráveis”. Na transformação de Portugal “num lugar em que a educação, a ciência, a tecnologia e a cultura não são apenas prioridades, mas sim os pilares sobre os quais construímos uma sociedade mais próspera, dinâmica, solidária e sustentável”, Montenegro salienta a rejeição de “toda a espécie de populismos”. E, referindo-se à importância de reforçar o peso do PSD, sustenta que “a força e a afirmação dos partidos moderados é a melhor garantia contra o radicalismo de esquerda e de direita”.