Montenegro acusa oposição de provocar "instabilidade" e diz que líderes de PS e Chega estão "despeitados e desorientados"
NUNO VEIGA/LUSA

Montenegro acusa oposição de provocar "instabilidade" e diz que líderes de PS e Chega estão "despeitados e desorientados"

O presidente do PSD garante que o seu Governo "não precisa de eleições para governar ou se relegitimar", pois diz ter "o suficiente para cumprir o programa", desde que não haja "um bloqueio governativo".
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Luís Montenegro, o presidente do PSD, defendeu este domingo que a "verdadeira instabilidade política" no país é na oposição e acusou os líderes do PS e do Chega de estarem "despeitados e desorientados" quanto às negociações do próximo Orçamento do Estado.

No encerramento da Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação de jovens que termina este domingo em Castelo de Vide (Portalegre), Montenegro deixou ainda um aviso, baseado na sua convicção: "Este governo não precisa de eleições para governar ou se relegitimar. Temos o suficiente para cumprir o nosso programa, assim haja responsabilidade política em Portugal para não haver um bloqueio governativo".

"A minha convicção é que, neste momento, o país está com o Governo, aquilo que nós não sabemos é se a oposição vai estar com o país", disse.

Numa intervenção de cerca de 40 minutos, o primeiro-ministro defendeu que, "ao contrário do que muitos vaticinaram, Portugal não tem nenhuma instabilidade no Governo, em Portugal não há nenhuma instabilidade política tirando a da oposição".

"A verdadeira instabilidade política que há em Portugal é da oposição, que passa a vida a dizer uma coisa e o seu contrário, falam antes do tempo e são impulsivos", disse.

O primeiro-ministro disse, por várias vezes, que as eleições só estão marcadas para daqui a quatro anos e devolveu as acusações de eleitoralismo à oposição: "Quem fala em eleitoralismo é alguém que está a contar ter eleições mais cedo, mas não somos nós", disse.

Em concreto sobre as negociações do Orçamento do Estado, Montenegro salientou que sempre esteve previsto que as negociações fossem retomadas em setembro, acusando PS e Chega de criarem "fantasmas" e manobras de distração, à volta deste tema.

"O líder do Chega sente-se despeitado porque viu uma notícia -- que por acaso não é verdade - e concluiu que durante agosto tinha havido negociações entre PS e PSD e, vai daí de uma forma imatura e precipitada, diz 'não quero ter nada a ver com o orçamento'", criticou.

Por outro lado, continuou, o líder do PS "sente-se despeitado porque durante o mês de agosto ninguém lhe disse nada", referindo-se à carta enviada pelo secretário-geral Pedro Nuno Santos a pedir mais informação sobre o quadro orçamental e cujas respostas os socialistas não consideraram satisfatórias.

"Pois não, não era isso que estava combinado. Estamos a 01 de setembro, estamos a tempo, em tempo e no tempo para falar com os partidos políticos e concluir a proposta de Orçamento do Estado. De onde vêm estes fantasmas, de onde vem tanta desorientação?", questionou.

O primeiro-ministro reiterou quais são as duas condições que o Governo coloca na negociação do documento.

"Não vou simular vontade de negociar, vou sentar-me e de uma forma responsável e leal colocar as questões em cima da mesa. Em segundo lugar, não nos vamos desviar da essência do nosso programa", frisou.

Montenegro acusou até PS e Chega de já terem introduzido as principais condicionantes no documento que o Governo terá de entregar no parlamento até 10 de outubro, e de que "agora aparentemente se querem desvincular".

"O Orçamento já está muito condicionado pelo conluio entre o PS e o Chega: vamos ter uma descida do IRS diferente do que o Governo queria e mais cara, abolição de portagens de uma forma que é injusta em si mesmo e descida do IVA da eletricidade", elencou.

"Em Portugal os troikistas são os socialistas", acusa

O primeiro-ministro defendeu a escolha de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia e afirmou que, em Portugal, "os pais e as mães" das políticas de austeridade impostas externamente foram sempre governos do PS.

"Se há coisa que os portugueses sabem é que, em Portugal, os troikistas são os socialistas. A história está mais do que ilustrada, sempre que houve troika em Portugal os pais e as mães das políticas de austeridade que as troikas trouxeram foram os governos do PS. É factual, não é sequer suscetível de oposição", disse Luís Montenegro, no encerramento da Universidade de Verão do PSD, iniciativa de formação de jovens.

O presidente do PSD e primeiro-ministro respondia às críticas da esquerda pela escolha da ex-ministra das Finanças do Governo de Passos Coelho para comissária europeia, considerando que é um exemplo da "desorientação" da oposição, que também acusa o Governo PSD/CDS-PP de ser eleitoralista.

"Então se fosse eleitoralista ia buscar um rosto da 'troika'? Isso seria contraditório entre si", disse, considerando que ambas as acusações "são mentira".

Montenegro estendeu a crítica de desorientação da oposição ao tema das presidenciais, que incluiu na moção de estratégia global com que se recandidata à liderança do PSD.

"Vieram dizer que o presidente PSD teve outra manobra, de desviar as atenções para as eleições presidenciais", afirmou, considerando que só por "desonestidade, distração ou imaturidade" se critica a inclusão deste tema numa moção que tem por horizonte os próximos dois anos, já incluindo as presidenciais de janeiro de 2026.

Montenegro ironizou que estranho seria se se apresentasse às eleições internas no PSD marcadas para sexta-feira sem dizer qual a sua estratégia para os próximos atos eleitorais.

"Haja bom senso, encarem-se as coisas com a naturalidade que têm. Está lá escrito que as candidaturas que nós podemos vir a apoiar não vão nascer no PSD, está lá dito vamos olhar para a disponibilidade de pessoas nossa área política, preferencialmente nossos companheiros, porque temos quadros no nosso partido para exercer condignamente esta função", afirmou.

A este propósito, o líder do PSD aproveitou para destacar a isenção e imparcialidade do atual e anterior Presidente da República, antigos líderes do partido, Marcelo Rebelo de Sousa e Cavaco Silva.

"Podem acusá-los de muita coisa mas há uma que não podem é pôr em causa a sua isenção e a sua imparcialidade e a forma como nunca, nunca, nunca favoreceram o partido de onde vinham", afirmou.

Na moção de estratégia global de Luís Montenegro, refere-se que o PSD irá aguardar pela disponibilidade de "militantes do partido com apetência e qualificação pessoal e política para o cargo".

A moção defende que há nos quadros do PSD "militantes com notoriedade e conhecimento profundo e transversal do país, das políticas públicas, das instituições democráticas e cívicas, da realidade geopolítica internacional, da participação na Organização das Nações Unidas, na União Europeia, na Nato, na CPLP".

Ainda assim, ressalva-se que a opção apoiada pelo PSD será "necessariamente abrangente e merecedora da confiança de eleitores de outras áreas políticas ou sem vinculo de identidade política pré-definida".

"Uma candidatura dirigida a todos os portugueses sem exceção ou discriminação", refere o texto.

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