Marcelo: "Temos de, até à Páscoa, descer os infetados para menos de dois mil"
A necessidade de continuar o percurso descendente da pandemia com a Páscoa como meta foi o grande sinal do discurso desta noite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, na renovação do 11.º Estado de Emergência motivado pela covid-19.
"Temos de sair da primavera sem mais um verão e outono e ameaçados", afirmou Marcelo. "Temos de, até à Páscoa, descer os infetados para menos de dois mil", para que as hospitalizações e os internamentos em cuidados intensivos "desçam dos mais de 5 mil e os mais de 800 agora para perto de um quarto desses valores".
O Presidente da República pediu uma estabilização dos números "duradoura, sustentada, sem altos e baixos".
"E descer também a propagação do vírus para números europeus", acrescentou Marcelo durante a sua comunicação ao país no Palácio de Belém.
O desafio, declarou o Presidente, em tom de alerta, é "assegurar que a Páscoa não será a causa de mais uns meses de regresso ao que vivemos nestas semanas".
"Temos de manter o estado de emergência e o confinamento, como os atuais, por mais quinze dias, e, apontar para prosseguir março fora no mesmo caminho, para não dar sinais errados para a Páscoa", defendeu o chefe de Estado.
Para Marcelo "temos de, durante essas semanas, ir estudando como, depois da Páscoa, evitar que qualquer abertura seja um novo intervalo entre duas vagas".
Elogiou os portugueses, dizendo que estes "compreenderam" que quando "o número de infetados por dia descia de mais de 15 ou 16 mil para entre 2 e 7 mil e o de mortes descia também. "E isso a manter-se podia dentro de semanas, um mês, um mês e meio, a reduzir a enorme pressão" sobre as estruturas da saúde.
Falou também na necessidade "de melhorar o rastreio de contaminados, com mais testes e, sobretudo, com mais operacionais".
Sublinhou ainda "o desafio constante da vacinação possível", considerando que "sem essas peças-chave não haverá um desconfinamento bem sucedido".
Mas antes lembrou que as últimas semanas "foram dias dramáticos para alguns, pesados" para todos. "Foram duas semanas difíceis", referiu.
Quanto à vacinação, o Presidente apelou a que se consiga "vacinar mais e mais depressa para cumprirmos a meta avançada para setembro". E que os portugueses compreenderam que "os responsáveis pelos favoritismos nos desvios das vacinas iam ser exemplarmente punidos".
O Presidente da República afirma que "o correr dos dias permitiu esclarecer o que parecia impercetível", mas os portugueses compreenderam que "os apoios europeus eram simbólicos" e que "há atrasos na vacinação, no fornecimento de vacinas, em Portugal e na Europa".
Relativamente à situação política em Portugal, Marcelo fez questão de dizer: "Que não se conte comigo para dar o mínimo eco a cenários de crises políticas"
Que tudo seja feito "sem cenários de governos de unidade ou de salvação nacional. Já nos basta a crise da saúde e a crise económica e social".
Marcelo agradeceu, no fim, aos portugueses por mais este confinamento, apelando "a mais resistência num futuro próximo".
E terminou com uma mensagem de esperança. "Quero dar-vos esperança, porque sem esperança o dia a dia de sacrifício perde todo o sentido".
"Vós, portugueses, sois na verdade a única grande razão de ser de nós termos orgulho em Portugal", rematou.