A proposta do Chega para priorizar o acesso à rede de creches gratuitas a crianças com pais que estejam a trabalhar foi votada no início desta semana na Assembleia Legislativa da Madeira, mas acabou por ser retirada da discussão em torno do orçamento regional. Antes de ter caído, a proposta contou com os votos favoráveis do JPP, as abstenções de PSD e CDS e votos contra do PS. A medida só travada porque na primeira contagem não foram tidos em conta todos os votos socialistas. Mais tarde apurou-se que houve empate entre as forças políticas que acabou dar origem a uma errata do parecer inicial: “Não deverá ser considerada aprovada.”.Uma proposta semelhante, há cerca de duas semanas, acabou por ter uma votação favorável no parlamento açoriano, o que gerou críticas do PS, que classificou a medida como discriminatória. Por seu turno, o executivo dirigido por José Manuel Bolieiro (PSD) garantiu apenas que a iria encarar como um projeto-piloto..Também no início desta semana, o Chega apresentou um projeto de resolução na Assembleia da República com a mesma intenção, mas só será discutida quando os trabalhos parlamentares forem retomados, em setembro..Para já, há duas certezas: o Governo não pretende alterar o programa Creche Feliz - que é a rede pública de creches gratuitas -, tal como o DN noticiou ontem, e o PS opõe-se completamente à proposta, tal como vincou o deputado socialista Miguel Costa Matos, que a considerou uma “vergonha abjeta”..Voltando à aprovação da proposta do Chega nos Açores, esta passou com a abstenção da IL..Contactada pelo DN, fonte da IL a nível nacional não adiantou qual será a intenção dos liberais face ào diploma, sublinhando apenas os problemas no programa Creche Feliz e a solução já apresentada pelo partido: “Um cheque-creche com valor mensal correspondente a 90% do Indexante dos Apoios Sociais em vigor em cada ano” e nunca “inferior a 480 euros.” Quanto aos problemas identificados pelos liberais, assentam na premissa justificada pelo Chega para apresentar a proposta..“Há falta de vagas em creches em Portugal e os critérios de acesso às mesmas são discutíveis”, explicou a fonte liberal..Também com as creches no centro das preocupações, o PCP avançou esta quarta-feira com um conjunto de perguntas para a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Ramalho, que incidiam nos dados que não são conhecidos pelo Instituto da Segurança Social, nomeadamente quantas crianças estão abrangidas pelo programa Creche Feliz e quantas crianças estão em lista de espera. Sobre a aplicabilidade do programa, o documento assinado pelo deputado comunista Alfredo Maia ainda questionou “qual o custo atual por criança pago às instituições abrangidas”..Ao DN, Alfredo Maia, questionado sobre a proposta do Chega, sublinhou que “o direito à creche é um direito das crianças, independentemente das condições dos pais”, pelo que considera a medida como “profundamente persecutória para os pais e absolutamente injusta para as crianças”.