Costa justifica multidão de adeptos sem 'bolha' com abertura de fronteiras
António Costa admite que "não correu tudo bem" na final da Liga dos Campeões, com milhares de adeptos nas ruas do Porto sem máscara nem distanciamento, mas atribui o sucedido ao facto de as fronteiras estarem agora abertas aos turistas.
Segundo o primeiro-ministro, que falou esta tarde no Parlamento, o que estava acertado é que 12 mil adeptos dos dois clubes viriam em bolha e "9800 vieram" nessa situação, 80% do total - "não foi 100%, é verdade, foi 80%". Já os restantes ter-se-ão deslocado a Portugal enquanto turistas, ficando assim à margem das regras fixadas, uma situação que António Costa atribui à abertura de fronteiras, que ocorreu já depois do "momento em que o acordo [com a UEFA] foi feito".
"A partir do momento em que as fronteiras estão abertas é natural que algumas pessoas tenham decidido vir como turistas normais", afirmou o primeiro-ministro, referindo que também viu adeptos ingleses a celebrar na praia da Oura, no Algarve - "também não gostei".
Admitindo que "houve claro e manifesto incumprimento das regras", António Costa diz que "este fim de semana não pode servir de exemplo, deve servir de lição", e que não é por haver situações de incumprimento que as regras deixam de ser legítimas.
Já sobre as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa, que já veio sublinhar publicamente que "não é possível dizer que [os adeptos] vêm em bolha para assistir a um espetáculo desportivo e depois não vêm em bolha, não é possível", Costa escusou-se a comentar - "Obviamente não compete ao Governo avaliar a avaliação que o Presidente da República faz de cada uma das circunstâncias".
"Temos que dar melhor informação aos turistas sobre quais são as regras em Portugal", disse ainda Costa, acrescentando que já foi identificado que os folhetos informativos distribuídos pelas companhias aéreas só fazem referência ao uso de máscara em espaços fechados e não nos espaços ao ar livre, o que deverá ser corrigido. "Temos de dar melhor informação", defendeu Costa, argumentando que o "nível elevado de disciplina" dos portugueses no cumprimento das regras de proteção contra a covid-19 não é comum noutros países.
Em resposta a perguntas dos jornalistas, e questionado sobre a razão porque não foi acautelada a vinda de turistas, António Costa referiu que "não podemos dizer que queremos turistas e depois dizer que não gostamos de turistas". Já quanto a eventuais consequências políticas dos acontecimentos do último fim de semana, o líder do Executivo deixou a pergunta sem resposta.