Costa garante que esta não foi "seguramente" a sua última campanha eleitoral

O primeiro-ministro votou numa escola de Benfica e referiu que as eleições autárquicas são a "grande festa da democracia".
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O primeiro-ministro António Costa apelou este domingo a que "haja uma ampla participação" nas eleições autárquicas que decorrem, qualificando-as como a "grande festa da democracia", e reiterou que esta não foi "seguramente" a sua "última campanha eleitoral".

As declarações de António Costa foram feitas pouco depois de ter votado, às 11.24 horas, no Jardim da Infância n.º2 da escola Parque Silva Porto, na freguesia de Benfica.

Juntando-se ao apelo feito pelo Presidente da República no sábado - que salientou que votar nas eleições autárquicas é mais importante do que nunca para o país recomeçar a viver -, António Costa pediu que haja "uma ampla participação eleitoral nestas eleições".

"É um momento particularmente significativo da vida do país e, portanto, como o senhor Presidente da República disse, há um dever acrescido de todos nós participarmos neste momento da vida do país e, portanto, apelo a todos os cidadãos para que o façam", referiu António Costa.

O primeiro-ministro frisou que as eleições autárquicas são "mesmo a grande festa da democracia", por não existirem "nenhumas eleições onde tantas e tantos cidadãos tenham que intervir ativamente, candidatando-se, participando, disputando as eleições".

"Independentemente dos resultados, acho que é uma atitude cívica muito relevante e queria saudar as praticamente 180 mil pessoas que, no conjunto das listas das assembleias de freguesia, assembleias municipais, câmaras municipais, estão a dar o melhor de si pelo seu país, e acho que isto é muito significativo", referiu.

António Costa salientou ainda que, durante a pandemia de covid-19, ficou provado, "mais uma vez", que "o papel dos autarcas é absolutamente indispensável na vida do país".

"É-o num momento de crise, como é também num momento de reconstrução do país e de superação da crise. Esse é um papel central de todos os autarcas, por isso [é que] estas eleições são tão, tão importantes", destacou.

Questionado quanto às pessoas que não se puderam deslocar hoje às urnas por estarem em confinamento devido à pandemia de covid-19, António Costa recusou-se a comentar, salientando que a "administração eleitoral organizou da melhor forma possível" as eleições, "procurando assegurar as formas de voto antecipado de forma a que todos pudessem participar no voto".

No que se refere às declarações feitas pelo próprio durante a arruada do Chiado, na sexta-feira - onde tinha afirmado que ainda tinha "muitas campanhas pela frente" - António Costa voltou a reiterar que esta não foi "seguramente" a sua "última campanha eleitoral", salientando que acabou de ser "eleito líder do PS".

"Estou 200% empenhado naquilo que me compete fazer, que é governar o país, e é esse mandato que me atribuíram os portugueses, e é nisso que estou 200% concentrado em fazer. Quanto ao PS, acabei de ser eleito para um novo mandato, vou cumpri-lo obviamente", referiu.

António Costa abordou também as eleições legislativas que decorrem na Alemanha, onde os eleitores irão escolher o sucessor da chanceler Angela Merkel.

O primeiro-ministro reconheceu ainda que "nunca é fácil a sucessão" a uma pessoa "tão carismática" como Angela Merkel, mas salientou que os alemães encontrarão "seguramente" um bom chanceler para "dar continuidade" ao "contributo indispensável" do país para a Europa.

Reconhecendo que "são eleições muito disputadas", o primeiro-ministro frisou que "nunca é fácil a sucessão a uma pessoa tão carismática e com uma tal longevidade no exercício de funções como foi a chanceler Merkel". "Mas, seguramente, os alemães encontrarão uma boa chanceler, ou um bom chanceler, para dar continuidade àquilo que é um contributo indispensável que a Alemanha dá sempre à Europa, qualquer que seja o resultado", frisou.

Apesar de considerar que "não é o dia ideal" para se pronunciar sobre as suas escolhas para futuro líder alemão, António Costa destacou que "toda a gente sabe" qual é o seu "preferido", em referência ao candidato do SPD, Olaf Scholtz, que, além de ser o atual vice-chanceler e ministro das Finanças alemão, pertence também à mesma família política europeia que o PS: a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D, na sigla em inglês).

Segundo António Costa, Scholtz teve um "papel absolutamente essencial" e foi "uma das pessoas mais importantes em todo o processo negocial" que conduziu ao NextGenerationEU, o programa de recuperação da União Europeia (UE) composto por 750 mil milhões de euros, e no qual se "desdobram" os Planos de Recuperação e Resiliência (PRR) nacionais.

Fazendo um balanço dos 16 anos no poder de Angela Merkel, o primeiro-ministro referiu ter tido o "privilégio" - nomeadamente devido à disposição dos assentos nas cimeiras do Conselho Europeu, onde os líderes portugueses e alemães se sentam lado a lado - de ter privado, "durante seis anos", com a chanceler alemã.

"É uma pessoa que, de facto, tem um espírito europeu notável, que procura sempre ouvir os outros, procura encontrar soluções comuns entre os 27 Estados-membros e cuja visão para Europa ficou bem demonstrada quando, em 2015, teve uma posição inequívoca sobre o dever que todos nós temos de corresponder ao drama humanitário dos refugiados".

António Costa salientou ainda que Merkel "deu provas de ter aprendido bem com os erros do passado", salientando que "a forma como a União Europeia (UE) respondeu à atual crise" e a "construção dos PRR" foram "possíveis seguramente pela vontade da chanceler Merkel e pelo que aprendeu com a crise anterior".

Os 60,4 milhões de eleitores alemães estão hoje a votar para escolher os deputados do Bundestag, a câmara baixa do parlamento federal, em eleições legislativas que porão fim aos 16 anos de liderança de Merkel.

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