AR aprova audição de ministra e chefe do Exército sobre alegadas práticas violentas a recruta

Está em causa a notícia do DN sobre uma recruta do Regimento de Apoio Militar de Emergência, localizado em Abrantes, que terá sido alvo de práticas violentas.
Publicado a
Atualizado a

O parlamento aprovou esta terça-feira a audição à porta fechada da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) sobre alegadas práticas violentas cometidas sobre uma recruta em instalações deste ramo, noticiadas pelo Diário de Notícias.

O requerimento, da autoria da Iniciativa Liberal (IL), foi aprovado na comissão parlamentar de Defesa Nacional com votos a favor de PS, PSD e IL e abstenção do Chega, não estando presentes no momento da votação BE e PCP.

Inicialmente o pedido tinha caráter de urgência mas durante o debate foi argumentado, nomeadamente pelo presidente da comissão, o socialista Marcos Perestrello, após intervenções dos deputados, que estando a decorrer um processo de averiguações urgente e outros processos disciplinares no Exército, não faria sentido que a audição decorresse antes de serem conhecidos mais pormenores deste caso.

Marcos Perestrello sugeriu que a comissão votasse, ao invés do requerimento, um pedido para que fossem enviadas aos deputados "as conclusões dos processos de averiguação e do processo disciplinar, com a proteção dos dados pessoais envolvidos" e, só depois da análise desses processos, a comissão avaliaria da necessidade da audição da ministra e do CEME.

A IL aceitou retirar o critério de urgência do seu requerimento e concordou com a solicitação de dados sobre os processos, mas não abdicou destas audições, mesmo que decorressem "mais à frente no processo".

Patrícia Gilvaz (IL) alertou que "poderá ser extemporâneo" ouvir estas entidades "daqui a meio ano", caso as averiguações demorem algum tempo, mas concordou que a audição tenha lugar quando existirem mais "factos cabais e suficientes" sobre a matéria em causa.

Antes da votação e destas alterações ao requerimento da IL, a deputada liberal defendeu que é importante que a tutela "dê explicações diretas sobre os desenvolvimentos" e salientou que o comunicado emitido na semana passada pelo ministério da Defesa de que está a ser levado a cabo um processo de averiguações urgente "é indicador que existem dúvidas" sobre os acontecimentos.

O socialista Diogo Leão, que sugeriu momentos antes do presidente da comissão a retirada do caráter de urgência desta audição, disse acompanhar a matéria "com preocupação", classificando-a como "sensível" e "com gravidade" e salientou que o Ministério da Defesa "reagiu prontamente" às notícias que vieram a público.

Diogo Leão considerou que deveria ser ouvido primeiro o chefe do Estado-Maior do Exército, general Nunes da Fonseca, e só depois a ministra, "para respeito da hierarquia militar e depois a política".

Pelo PSD, o deputado Jorge Paulo Oliveira propôs que a audição decorra à porta fechada por se tratar de uma matéria sensível e argumentou que "a preocupação manifestada pela senhora ministra" é "motivo mais do que suficiente para que esta audição tenha lugar".

O deputado Pedro Pessanha (Chega) desvalorizou o possível debate deste caso na comissão, uma vez que estão a decorrer processos internos e que o assunto "está a ser tratado em sede própria".

Após críticas da deputada liberal, Pedro Pessanha esclareceu que não estava contra ouvir entidades sobre o assunto, mas considerou prematuro ouvi-las antes de terminarem os processos internos.

No passado dia 6 de janeiro o Governo anunciou que o Exército abriu um "novo processo urgente de averiguações" sobre as alegadas práticas violentas exercidas sobre uma recruta em Abrantes, que será acompanhado pela ministra da Defesa Nacional.

Estas práticas, lê-se no texto, terão sido "aparentemente muito mais graves do que as que constavam do processo de averiguações e processos disciplinares já em curso pelo Exército naquela unidade militar".

A recruta em causa relatou ao jornal um "intenso esforço físico exigido pelo RAME, que a terá levado à exaustão e à ansiedade, acabando por ir parar ao hospital com uma crise de taquicardia", escreve o DN, entre outros episódios.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt