Ministra da Defesa "repudia" práticas violentas a que foi sujeita mulher na recruta

Helena Carreiras diz que as práticas são "aparentemente muito mais graves do que as que constavam do processo de averiguações e processos disciplinares já em curso pelo Exército naquela unidade militar".

A ministra da Defesa afirmou esta sexta-feira que "repudia veementemente" as práticas violentas em atividades de formação de Praças do Exército no Regimento de Apoio Militar de Emergência, em alusão à notícia publicada pelo DN sobre as circunstâncias vivenciadas por uma mulher durante a recruta, nomeadamente ter sido obrigada a rastejar pelo chão de terra à noite por vários metros quando estava ao abrigo de uma baixa médica e ter sido atingida na cara por uma pedra vinda da direção onde estava o sargento instrutor.

De acordo com Helena Carreiras, num comunicado enviado às redações, as práticas são "aparentemente muito mais graves do que as que constavam do processo de averiguações e processos disciplinares já em curso pelo Exército naquela unidade militar".

A governante diz que estes "comportamentos atentatórios da dignidade das pessoas" são "totalmente inaceitáveis e incompatíveis com os valores e princípios fundamentais que norteiam as Forças Armadas e o trabalho quotidiano dos militares que nelas servem" e revelou que foi já desencadeado um novo processo urgente de averiguações.

IL e BE questionam governo

Esta reação de Helena Carreiras surge depois de o grupo parlamentar da Iniciativa Liberal (IL) ter pedido ao presidente da Assembleia da República uma audição urgente da ministra e do chefe do Estado-Maior do Exército, general Nunes da Fonseca.

De acordo com os liberais, o que foi relatado "ultrapassa os limites daquilo que é expectável numa recruta militar, a criação de resistência e de sentido de disciplina, com a aplicação de castigos que extravasam claramente a fronteira da dignidade e do respeito", e pode ter impacto "na promoção da igualdade de género e na implementação da agenda Mulheres, Paz e Segurança, uma das principais prioridades deste governo na área da defesa".

Paralelamente, o Bloco de Esquerda questionou Helena Carreiras sobre se o Ministério da Defesa tem conhecimento do caso, se "as entidades competentes estão a averiguar o sucedido" e "quais as conclusões". "É prática admissível nas Forças Armadas castigos físicos que podem colocar em causa a sua integridade física?", questionam, querendo também saber se é igualmente admissível "sujeitar recrutas a exercícios físicos incompatíveis com os diagnósticos médicos e as baixas médicas decretadas pelo Hospital das Forças Armadas".

O BE quer também saber se é prática "obrigar as recrutas do género feminino a limpar as casernas dos recrutas do género masculino", como é descrito na notícia publicada ontem no DN.

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