Marcelo estava "muito bem disposto", diz Aguiar-Branco. Montenegro levou "um abraço do povo português"
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Marcelo estava "muito bem disposto", diz Aguiar-Branco. Montenegro levou "um abraço do povo português"

Marcelo foi operado a uma hérnia encarcerada e se tudo correr como previsto poderá ter alta amanhã, durante a manhã, afirmou a presidente do conselho de administração do Hospital de São João.
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"O Presidente da República estava muito bem disposto, otimista, diria que o Presidente que todos conhecemos, já com a dinâmica daquilo que será o trabalho das próximas semanas, muito bem tratado, com boa cara", disse esta terça-feira, 2 de dezembro, José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República, depois de visitar Marcelo Rebelo de Sousa que foi operado na segunda-feira (1) a uma “hérnia encarcerada”. "Só podemos esta satisfeitos porque sabemos que vamos ter o Presidente, seguramente, a trabalhar até ao final do seu mandato", sublinhou.

Aguiar-Branco disse que "podemos estar todos muito tranquilos, tanto quanto é possível estar tranquilo nestas circunstâncias", desejando "uma boa recuperação", estando sempre à disposição para ajudar no que for necessário.

"Seguramente, até ao final do seu mandato, ainda vai ter muito para trabalhar, muito para promulgar. Podem ficar descansados que não vão ter o Presidente da Assembleia da República como Presidente", disse Aguiar-Branco, entre risos.

Ao seu lado estava o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que também afirmou ter visto um Presidente da República "bem disposto", que "está num processo de recuperação".

O chefe do Governo disse ainda ter constatado que o SNS "fez a sua parte, com competência e com o espírito de serviço e de missão, que é o apanágio diário de muitos milhares de profissionais que servem o nosso sistema de saúde e o SNS também".

"Sabemos que, às vezes, há coisas que correm menos bem, mas na grandíssima maioria não é assim. Costumo dizer que em muito mais do que 99% dos casos das pessoas que são assistidas no SNS as coisas correm bem, as pessoas são bem atendidas", realçou Montenegro, depois de visitar Marcelo Rebelo de Sousa, de 76 anos.

À chegada ao Hospital de São João, Montenegro disse aos jornalistas que a visita ao Presidente da República era uma "oportunidade de transmitir que o país está, naturalmente, com ele e que deseja um rápido restabelecimento e recuperação".

"Levo um abraço do povo português", disse o chefe do Governo, admitindo não ter dúvidas que "vai ser difícil conter o ímpeto que, seguramente", Marcelo "está a sentir de regressar à azáfama do dia a dia".

Num nova atualização sobre a situação clínica do chefe de Estado, a presidente do conselho de administração do Hospital de São João, no Porto, Maria João Baptista, repetiu que Marcelo Rebelo de Sousa estava "bem disposto".

"Numa linguagem mais técnica, posso dizer que já se alimentou, tolerou a alimentação, já fez o levante, que é habitual nestas situações, está sentado e está bem", detalhou a responsável da unidade hospitalar.

"É expectável que seja possível amanhã ter alta", diz hospital

Maria João Baptista voltou a dizer, tal como já o tinha feito durante a manhã, que o Presidente da República poderá ter alta amanhã (quarta-feira, 3 de dezembro). "Estamos a ter um pós-operatório a evoluir favoravelmente como era esperado. É expectável que seja possível amanhã ter alta", disse. Prevê-se que a alta deverá ser "durante a manhã", acrescentou.

Referindo-se às análises, a responsável disse que o que foi feito até ao momento "está bem". "É preciso perceber se o intestino funciona normalmente, se se alimenta bem. Já teve uma refeição leve", explicou.

De acordo com Maria João Baptista, a "cirurgia foi feita de uma forma muito atempada". "Houve a sensatez de vir procurar cuidados de saúde de uma forma muito oportuna e, portanto, correu bem. Se tivessem decorrido algumas horas, podia não ser assim", afirmou. Adiantou ainda que, neste momento, o risco de infeção "é baixo" e que o Presidente tem sido "extremamente colaborante e tem respeitado de forma muito rigorosa" tudo o que tem sido dito pelos médicos.

Visitas ao Vaticano e a Espanha vão ser avaliadas

O presidente da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, disse que foram cancelados todos os pontos da agenda previstos para esta semana, estando a ser avaliada a próxima semana. As viagens ao Vaticano e a Espanha, agendadas para a próxima semana, irão ser avaliadas, acrescentou. "Se tudo correr como está previsto, voltaremos à normalidade rapidamente", afirmou.

Frutuoso de Melo falou num "repouso ativo" do Presidente da República, detalhando que já hoje "esteve a despachar, promulgou um diploma", ficou muito "chocado" com a morte da jornalista Constança Cunha e Sá, tendo publicado uma nota de pesar.

Disse que deverá regressar a Lisboa de automóvel e deverá ficar no Palácio de Belém para repousar, uma vez que há "cuidados médicos e de enfermagem, de apoio imediato".

No ponto da situação desta manhã, a diretora do hospital disse que Marcelo tinha passado a noite "muito bem" e que estava "a decorrer um pós-operatório de uma forma tranquila, adequada".

Neste primeiro dia de pós-operatório, "temos de perceber que nesta fase é importante o Presidente da República levantar-se, alimentar-se e percebermos como está", explicou Maria João Baptista. "Estando tudo bem, fará alguns exames que sejam necessários, nomeadamente algumas análises, que são as habituais, e não há, em principio, estando tudo bem, grande exames a serem efetuados", disse.

"É expectável que o senhor Presidente fique cá hoje e acreditamos que possa ter alta a curto prazo. Hoje ficará cá. Se estiver a correr tudo como tem estado a correr e se estiver tudo bem, acreditamos que poderá ter alta amanhã", afirmou esta manhã. Disse ainda que Marcelo Rebelo de Sousa estava "perfeitamente tranquilo".

De acordo com Maria João Baptista, o que é habitual neste tipo de cirurgia "é que haja um período de repouso que seja de duas, três ou quatro semanas, é variável de acordo com aquilo que são as características da pessoa". O repouso pode ser mais ou menos rigoroso, tendo em conta a evolução clínica, referiu.

Durante a manhã, Montenegro disse que acompanhou a situação clínica de Marcelo Rebelo de Sousa "desde o primeiro momento". "Tive ocasião de ligar ao Presidente da República quando tive a notícia de que ele estava indisposto, ainda antes de ele se dirigir ao hospital, trocamos algumas palavras, explicou-me o que estava a sentir", disse, sem acrescentar o teor da conversa, que aconteceu numa altura em que o chefe de Estado não sabia que tinha de se submeter a uma intervenção cirúrgica.

Montenegro realçou que, "felizmente, tudo correu bem". "Sei que a recuperação também está a decorrer com toda a normalidade", disse em Santa Maria da Feira.

Questionado sobre se receia que algum dossiê fique pendente, Montenegro esclareceu que estava "tudo em dia". "O senhor Presidente da República pode e deve estar nestes dias absolutamente focado e concentrado na sua recuperação física. É isso que também desejamos", afirmou.

Ainda assim, o primeiro-ministro disse não estranhar que Marcelo Rebelo de Sousa "queira regressar muito rapidamente à vida ativa, em pleno à sua agenda e ao preenchimento das suas responsabilidades enquanto Presidente da República". "Sinceramente aquilo que desejo é que possa estar focado na recuperação da intervenção cirúrgica a que foi submetido, que tudo possa correr com toda a tranquilidade e toda a normalidade e é assim que vai acontecer", concluiu.

Na noite de segunda-feira, o chefe de Estado foi operado a uma “hérnia encarcerada”. A cirurgia "correu bem, não houve complicações" segundo disse a presidente do conselho de administração do Hospital de São João no Porto, após a cirurgia, que demorou cerca de uma hora. "Foi uma cirurgia atempada e foi importante ter sido agora", detalhou.

Elisabete Barbosa, diretora clínica e a cirurgiã que acompanhou a intervenção disse que, agora, Marcelo Rebelo de Sousa "vai ter de repousar". "Vai ter de "reduzir um pouco a sua atividade" mesmo depois da recuperação.

O chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, afirmou que o Presidente da República mantém-se em funções, não havendo necessidade de ser substituído nos seus deveres constitucionais pelo presidente da Assembleia da República.

Marcelo Rebelo de Sousa sentiu-se mal quando regressava de Amarante, onde se deslocou para as cerimónias fúnebres do empresário António Mota, antigo presidente da Mota-Engil, que morreu neste domingo.

Segundo uma nota publicada no site da Presidencia da República, os médicos do Chefe de Estado entenderam que, antes da viagem de regresso a Lisboa, seria melhor fazer exames médicos.

Na declaração à imprensa, na noite de segunda-feira, Maria João Baptista explicou que a decisão de se proceder a uma cirurgia teve em conta o historial clínico de Marcelo Rebelo de Sousa, uma vez que tinha sido "submetido a uma cirurgia prévia por uma hérnia semelhante a este quadro que tem neste momento".

Explicou que uma hérnia "corresponde a uma área da parede abdominal que é mais frágil e que permite que uma parte do intestino passe através dos tecidos", comprometendo "a capacidade de irrigar os tecidos".

Em 2021, recorde-se, Marcelo Rebelo de Sousa, foi operado a duas hérnias inguinais, no hospital das Forças Armadas, em Lisboa. Antes, em dezembro de 2028, foi operado de urgência a uma hérnia umbilical, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. 

Marques Mendes lembra que Presidente "não está incapacitado" e pode tomar decisões

O candidato presidencial Luís Marques Mendes assumiu que não se justifica a substituição de Marcelo Rebelo de Sousa por que “não está incapacitado” e, como tal, pode tomar decisões.

“Ele não está incapacitado. Não pode fazer certas coisas, certos exercícios, mas, por exemplo, tudo o que são decisões que tem que tomar, pode tomar. Decidir o que vai fazer na lei da nacionalidade, não está impedido, decidir a promulgação do Orçamento do Estado, não está impedido”, reforçou, lembrando que a “substituição do Presidente da República que está prevista na Constituição e nas leis é quando ele está incapacitado”, o que “não se aplica ao caso concreto”.

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Marcelo "acordado e bem disposto" após cirurgia que "correu bem"
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