Eutanásia e Ucrânia separaram, greve aproximou, mas António Filipe e Jorge Pinto quiseram marcar diferenças
FOTO: Francisco Romão Pereira - RTP

Eutanásia e Ucrânia separaram, greve aproximou, mas António Filipe e Jorge Pinto quiseram marcar diferenças

Num debate à esquerda, ambos os candidatos tentaram mostrar o que há de diferente entre si. A discórdia foi clara, com a greve geral a ser o tema mais próximo, mas ainda assim com diferenças.
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Da Eutanásia à guerra na Ucrânia e ao papel da UE na política externa e terminando na greve geral desta quinta-feira, o debate entre António Filipe e Jorge Pinto levou os dois candidatos apoiados por partidos à esquerda (CDU e Livre, respetivamente), a querer marcar diferenças.

O frente a frente desta segunda-feira, 8 de dezembro, começou por um tema onde já era sabido que ambos os candidatos tinham posicionamentos diferentes: a eutanásia. Coube a António Filipe abrir as hostilidades, com o ex-deputado comunista a defender que a lei (que ainda aguarda regulamentação por parte do Governo) "não deve" regressar ao Parlamento, onde já foi aprovada. Apesar de ter reservas e de preferir o "outro ângulo" (de ter uma sociedade onde há cuidados paliativos para quem mais precisa), não haveria dúvidas de que promulgaria a lei. No entanto, iria questionar "quando e se o Governo" regulamentaria o diploma. Jorge Pinto, por seu lado, defendeu ser a favor de dar "dignidade" a quem optar pela eutanásia e criticou o facto de a lei "estar na gaveta" após ter sido aprovada pelo Parlamento e promulgada pelo Presidente da República.

Passando depois para o que levou ambos os candidatos a decidirem entrar na corrida a Belém, o deputado do Livre justificou o anúncio "à 25.ª hora" da sua candidatura: havia a esperança de uma candidatura abrangente à esquerda. Não existindo essa hipótese, decidiu chegar-se à frente para poder dar "diversidade" à esquerda, algo que considerou não ser "mau". Já António Filipe autointitulou-se como o candidato defensor dos valores do 25 de Abril e contra o que diz ser o "consenso neoliberal" reinante no país há várias décadas.

Mas foi o tópico seguinte (a política externa e o posicionamento da UE perante o conflito na Ucrânia) que fez ambos os candidatos tentarem marcar mais diferenças. António Filipe intitulou-se como "patriótico" e disse não ser um candidato "eurodependente", tentando demarcar-se de Vladimir Putin, Ursula von der Leyen ou Donald Trump, com os quais disse não ter "nada a ver". Antes, Jorge Pinto já dissera que "em 2025, ser patriota é ter uma voz no projeto europeu". A discussão esteve largos minutos focada neste tema e, a certa altura, o candidato apoiado pelo Livre perguntou mesmo a António Filipe se é "tão crítico" de Zelensky como de Putin. O candidato apoiado pela CDU respondeu de forma perentória: "Claro que sim." E reiterou (como já fizera noutros debates) que não há ninguém em Portugal "mais distante de Putin" do que o PCP. Tal como fizera no frente a frente com Gouveia e Melo, reiterou ainda que o caminho do conflito na Ucrânia deve ser o da paz, mas que devem ser as partes a chegar a um acordo. Isto levou Jorge Pinto a constatar que existe "uma clivagem" considerável entre ambos os candidatos, e defendeu-se dizendo ser um "pacifista".

A aproximação entre ambos - mas ainda algo distantes - surgiria já no final da discussão, com o tema da greve geral. Aqui, ambos os candidatos criticaram o Governo e a forma como quer mexer no Código do Trabalho. Jorge Pinto disse que o Executivo está a atacar os direitos de quem trabalha e António Filipe mostrou-se esperançoso numa derrota do pacote laboral "ainda antes das eleições presidenciais". O comunista acusou ainda, pelo meio, o seu oponente de não se distanciar do tal "consenso neoliberal" neste aspeto - algo que Jorge Pinto assumiu "estranhar".

O próximo debate presidencial acontece esta terça-feira, 9 de dezembro, será transmitido na SIC (21h00), e vai colocar frente a frente Henrique Gouveia e Melo e António José Seguro.

Leia em baixo o 'filme' do debate entre António Filipe e Jorge Pinto:

Greve geral. Jorge Pinto acusa Governo de querer "enfraquecer" direitos e António Filipe garante que vetaria lei

Já na reta final do debate, a discussão muda de tema e foca-se na lei laboral e na greve geral desta quinta-feira, dia 11 de dezembro.

Na opinião de Jorge Pinto, o primeiro-ministo tentou demovar os trabalhadores da greve ao anunciar um aumento de salários. Com estas mexidas, diz o candidato presidencial, o que o Governo está a fazer é "enfraquecer" direitos dos trabalhadores.

António Filipe defende depois que o Presidente tem abertura e margem nesta área, mas assume que espera que os trabalhadores "derrotem" o pacote laboral "antes". Se fosse chefe de Estado, diz que "usaria o peso político" para veter a lei, que considera "lesiva" para quem trabalha, e pelo meio acusa ainda Jorge Pinto de não se demarcar o suficiente do tal "consenso neoliberal".

O candidato apoiado pelo Livre diz estranhar o posicionamento do seu oponente e diz que foi "das primeiras pessoas" a denunciar este pacote laboral.

António Filipe autointitula-se como um candidato "patriótico" e que não tem "nada a ver" com Putin

Recordando que Jorge Pinto é um candidato "progressista, ecologista e europeísta", Carlos Daniel pergunta se António Filipe se revê nesta última parte. O candidato apoiado pela CDU responde dizendo que não é "eurodependente" e que é um candidato "patriótico".

Jorge Pinto responde que, "em 2025, ser patriota é ter uma voz no projeto europeu" e questiona "como" se é "patriota" com Trump nos EUA e Putin na Rússia.

António Filipe frisa não ser "eurodependente" e demarca-se de Putin, Von der Leyen ou Trump. "Não tenho nada a ver". Acusa ainda o Livre de ter "dois pesos e duas medidas" nos conflitos, nomeadamente da Ucrânia e na Palestina.

O debate estende-se sobre este tema, com ambos os candidatos a trocarem argumentos. Jorge Pinto pergunta a António Filipe se é "tão crítico" de Zelensky como é de Putin. O candidato apoiado pela CDU responde de forma perentória: "Claro que sim." Volta a dizer que não há ninguém em Portugal "mais distante de Putin" do que o PCP. Já sobre a utilização de ativos russos congelados, António Filipe afirma não ser "banqueiro" e acusa a UE de "não se entender". Sobra a Ucrânia, volta a frisar que o caminho deve ser o da paz e que são os dois países que têm de o alcançar.

Jorge Pinto constata que há "uma clivagem" considerável entre ambos os candidatos. Argumenta ser um "pacifista", a favor da autodeterminação dos povos e diz não ter "dois pesos e duas medidas", como acusou António Filipe.

Diversidade à esquerda "não é mau", considera Jorge Pinto

Carlos Daniel pergunta agora a ambos os candidatos o que os fez avançar sendo do mesmo espaço ideológico. Jorge Pinto é o primeiro a responder e considera que a diversidade de candidaturas à esquerda "não é mau" e que a sua candidatura traz coisas novas.

O deputado do Livre diz no entanto que "o barco" da convergência de candidaturas à esquerda "já zarpou", e diz que só à "25.ª hora" avançou por ser favorável a uma candidatura única que acabou por não surgir

"Estou a fazer um favorr à esquerda ou não ia votar ou ia para Henrique Gouveia e Melo", diz.

António Filipe defende que a sua candidatura é uma pedrada no charco, que "segue os valores do 25 de Abril" e contra o que chama "o consenso neoliberal".

Eutanásia abre o debate. António Filipe promulgaria a lei, que não quer que volte ao Parlamento

Será António Filipe o primeiro candidato a intervir, com Jorge Pinto a fechar.

O debate iniciará pela eutanásia, um tema que divide os candidatos e cuja regulamentação pelo Governo ainda não aconteceu.

António Filipe defende que o tema "não deve" voltar ao Parlamento. Começa por dizer que "se fosse Presidente", teria promulgado a lei, apesar das reservas. "A questão não deve voltar. O que o Presidente agora pode fazer é perguntar quando e se o Governo a vai regulamentar", diz. Explica que apesar de respeitar quem é a favor, foca-se "no outro ângulo", o de ter uma sociedade que dê cuidados a quem mais precisa.

Jorge Pinto defende que tem de haver "o direito a morrer com dignidade".

Boa noite.

O debate presidencial desta segunda-feira, 8 de dezembro, coloca frente a frente dois candidatos, António Filipe e Jorge Pinto, apoiados respetivamente por CDU e Livre.

Será moderado por Carlos Daniel e terá transmissão na RTP. Acompanhe aqui ao minuto.

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