Fazendo a devida aproximação à gíria futebolística, Hugo Alexandre Trindade, líder da distrital do Porto do PAN desvaloriza saídas recentes no partido. “É como se costuma dizer: estamos em pleno mercado de transferências”, principia em conversação com o DN, quando confrontado com as desvinculações de Anabela Castro e Nuno Pires, que apontaram, em maio, a “visão demasiado autocentrada e autocrática, de quem não se responsabiliza pelos resultados, saídas e descontentamentos”, numa evidente crítica à liderança de Inês Sousa Real. “O impacto dessas pessoas no partido era muito reduzido”, atira Trindade. “É preciso aceitar as decisões da maioria. Portanto, também é democrático afastarmo-nos, sairmos de determinado partido. Faz parte da orgânica. É perfeitamente normal que as pessoas que não se identificam acabem por sair. Temos tido, por outro lado, muitas entradas no partido”, declara, assertivo, o número dois de Inês Sousa Real e muitas vezes porta-voz do partido, explícito, inclusivamente, a na defesa aberta à deputada única: “Como se sabe, a Inês herda muitos problemas. Há coisas que vêm de outros tempos.”Em Cascais, o PAN associou-se a Livre e Bloco para apoiar Alexandre Abreu, bloquista. No Algarve, a associação com PSD, CDS-PP e IL gerou críticas e a saída de Carlos Macedo, a quinta entre órgãos dirigentes. “O PAN repete o desastre ao integrar a coligação para as eleições autárquicas em Faro com PSD, IL e CDS. Sim, o CDS, que dá tudo por uma tourada. Mas, se em Faro a coligação é com o PSD, o CDS e a IL, no concelho ao lado é com o Livre e o BE. Que falta de coerência”, criticou Macedo nas redes sociais há cinco dias.Hugo Alexandre Trindade responde à polémica. “É uma realidade local. A pessoa que lidera em Faro é reconhecida pela causa animal. Tem votado sempre ao lado do PAN e é preciso negociar com partidos que têm mais possibilidade de fazer aprovar medidas. O deputado Cristóvão Norte, reafirmo, é reconhecido na causa animal e a intenção é evitar o flagelo que se vive no Sul, dado o abandono de animais e falta de veterinários municipais. Tudo isto foi alvo de discussão interna, depois vence a maioria”, enfatizou o líder da comissão política distrital desde 2024. Asseverou mesmo que não existem dogmas. “O PAN quer fazer avançar as suas causas. Não é preciso sermos de esquerda ou direita para querermos os doentes oncológicos a ter uma baixa médica a 100% ou que os pais tenham licença de paternidade paga a 100% durante seis meses. O PAN procura negociar com partidos que acompanhem a resolução das causas. É natural haver coligações com PS e PSD”, assevera. Em Lisboa, o acordo com PS, Livre e Bloco está próximo, na Trofa e na Póvoa de Varzim há entendimento com candidatos do PS e Livre, por exemplo.