José Luís Carneiro deu liberdade às federações e concelhias para a discussão dos orçamentos municipais pós-autárquicas. O secretário-geral do PS respeitou os debates locais das concelhias, que, em alguns casos, se aconselharam com as distritais, de modo a ultimarem estratégias para abordarem o primeiro momento de confrontação com executivos do PSD. As comissões políticas foram reunidas e nas capitais de distrito o ónus de responsabilidade é totalmente local, sabe o DN, sem que tenha sido seguida uma política definida pelo secretário-geral. Em julho, aquando da entrada para o posto de líder do PS, Carneiro estabeleceu que não quereria interferir nas listas escolhidas para a corrida autárquica, sendo que as seleções dos principais candidatos já derivavam das estruturas transitadas do tempo de Pedro Nuno Santos. Agora, os socialistas rejeitam qualquer comparação que possa ser feita em relação ao que o partido fez na votação do Orçamento do Estado – viabilizado no parlamento com a abstenção do PS, em nome da “estabilidade” das contas nacionais, como anunciou José Luís Carneiro – e o voto nos orçamentos locais.Em casos onde o PS possa, efetivamente, fazer a diferença, dado os números de mandatos que tem na oposição, a viabilização ou inviabilização do orçamento pode ter custos claros para a vida dos distritos e, nesse sentido, Carneiro considera ser de extrema importância a avaliação de caso a caso. Paradigmático pode ser considerado o caso de Lisboa. Alexandra Leitão, desde que tomou posse como vereadora, declarou intenção de votar contra o orçamento de Carlos Moedas. A comissão política validou os argumentos e o PS rompeu com o passado na Câmara Municipal de Lisboa, onde, por abstenção, deixara passar as contas de 2021 a 2025, até por muitas das obras terem sido lançadas nos tempos de Fernando Medina. Como se sabe, o Chega viabilizou o orçamento para 2026 e o voto contra dos socialistas não teve impacto, apesar de marcar, claramente, a nota do que pode ser o mandato até 2029.A postura de respeito pela autodeterminação das várias concelhias do partido foi assinalada durante a campanha autárquica e seguiu caminho no pós-eleições, o que, conforme foi relatado ao DN por vários responsáveis dessas mesmas distritais, agrada e justifica uma defesa do próprio secretário-geral, até em termos de resultados eleitorais. Coimbra mantém orçamentoUm dos melhores resultados do PS nas autárquicas foi a conquista de Coimbra, em associação com Livre, PAN e Cidadãos por Coimbra. Ana Abrunhosa, no entanto, para preservar intactas as possíveis gestões orçamentais da Câmara e evitar forças de bloqueio da coligação de direita encabeçada pelo PSD e José Manuel Silva, presidente derrotado em outubro, manterá os números do orçamento de 2025 delineados pelo incumbente anterior.Em Beja, o PSD foi eleito vencedor, mas tem tantos mandatos como PS e PCP, logo a abstenção socialista pode ser determinante para o Executivo social-democrata. Em Braga, como se sabe, o PS não garantiu a viabilização do documento que só vai a votos em janeiro. Em Santarém, a abstenção da vereação do Chega viabiliza o orçamento, apesar do empate de mandatos entre PSD e PS..José Luís Carneiro apela à mobilização do PS em torno da candidatura presidencial de Seguro.Câmara de Lisboa aprova orçamento municipal de 1345 milhões de euros para 2026